“Não é permitido fazer ameaças de violência contra um indivíduo ou um grupo de pessoas”, dizem as atuais regras do Twitter sobre violência, assédio e outros tipos de comportamentos abusivos na plataforma.
Mas, segundo seis jornalistas mulheres vítimas de ataques entrevistadas pela Agência Pública, as regras não foram aplicadas efetivamente em seus casos.
Mesmo em situações de ameaças explícitas ou ofensas misóginas, as entrevistadas relataram que os conteúdos não são retirados do ar – situações que contrariam as políticas específicas contra “comportamento abusivo” [tentativas de assediar, intimidar ou silenciar a voz de outra pessoa] e contra “propagação de ódio” [ataques contra outras pessoas com base em raça, etnia, nacionalidade, orientação sexual, sexo, identidade de gênero, religião, idade, deficiência ou doença grave].
Dois casos recentes ilustram a situação. No dia 11 de fevereiro, Patricia Campos Mello, repórter da Folha de S.Paulo, foi difamada durante sessão da CPMI das Fake News. Os xingamentos logo foram para o ambiente online, endossados por deputados e autoridades. Milhares de perfis acusavam a jornalista de ter se insinuado sexualmente para conseguir informações, usando o trocadilho “dar o furo”. Informações pessoais da jornalista foram divulgadas e ataques de todos os tipos foram direcionados a ela na plataforma.
Também em fevereiro, a repórter Vera Magalhães foi alvo de ataques nas redes sociais depois de ter publicado uma reportagem na qual mostra que o presidente Jair Bolsonaro divulgou vídeo em seu WhatsApp chamando para manifestação contra o Congresso Nacional. A jornalista de O Estado de S.Paulo recebeu inúmeros xingamentos e teve seus dados pessoais e de sua família expostos.
Grande parte dessas ofensas e exposições contra jornalistas mulheres aconteceu no Twitter e ainda estão disponíveis na plataforma. A rede social tem sido usada por perfis falsos e automatizados para a manipulação do debate público e realização dos chamados linchamentos virtuais.
“Não encontramos violação das regras”
Na grande maioria das denúncias, o Twitter enviou a mesma resposta por e-mail às jornalistas. “Estamos entrando em contato para informar que, após examinarmos as informações disponíveis, não encontramos uma violação das nossas regras no conteúdo que você denunciou.”
A repórter Amanda Audi, do The Intercept Brasil, por exemplo, virou vítima de ataques constantes em seu perfil depois de ter publicado as denúncias da Vaza Jato. Além de xingamentos e difamações, a jornalista foi ameaçada em 21 de julho do ano passado: “Chora vadia, sua hora está chegando”. E recebeu como resposta que não havia violação. “Algumas vezes, um comentário isolado em uma conversa mais abrangente, ou uma opinião que é extremamente divergente da sua, pode não ser uma violação”, dizia o e-mail da plataforma.
Amanda denunciou ao Twitter não só essa, como as outras ameaças que recebeu, mas as denúncias, como ela mesmo descreve, “não deram em nada”, como mostram as imagens abaixo.
“Você vai morrer”
Após ter publicado matéria em abril de 2019 sobre filme da produtora Brasil Paralelo que relativiza a ditadura militar, Juliana Dal Piva, repórter da revista Época e do jornal O Globo, recebeu mensagem privada que diz: “Você vai morrer”.
“Eu denunciei imediatamente para a plataforma e o Twitter foi bastante negligente. Depois de vários dias, eu recebi uma mensagem de que o perfil não tinha violado as regras e ele foi mantido. O perfil está lá até hoje. Basicamente, nada foi feito pela plataforma”, relata Juliana.
A jornalista é vítima de ataques desde 2018, quando fazia parte da Agência Lupa, de fact-checking. “Nunca consegui derrubar postagem alguma”, afirma.
Ataques têm caráter misógino
“Pra mim, tem sempre essa coisa de chamar de vadia, vagabunda ou feia”, relata Amanda ao comparar com os ataques que sofrem jornalistas homens. “Com alguma frequência, os xingamentos vêm com palavrões chamando de ‘puta’, ‘vagabunda’”, concorda Juliana.
“Esse tipo de ataque [de cunho machista] acontece mais do que os outros tipos”, conta a jornalista Vera Magalhães, que está no Twitter desde 2009.
Além disso, os ataques sofridos por mulheres costumam ter maior frequência e repercussão, segundo a ONG Artigo 19, organização internacional de proteção à liberdade de expressão e de acesso à informação. “É claro que homens comunicadores também sofrem ataques digitais, só que a dimensão e o teor desses ataques é claramente diferente. Mesmo offline, quando mulheres sofrem ataques ou ameaças sempre tem uma articulação na dimensão da vida privada, familiar e sexual que tem uma perversidade na maneira que isso é feito. Então é um ataque mais intenso”, diz Thiago Firbida, coordenador do programa de proteção e segurança da ONG.
Segundo a política contra propagação de ódio do Twitter, publicações e contas misóginas deveriam ser excluídas da plataforma, mas não é o que ocorre. Marie Declercq, ex-repórter da revista Vice e atualmente no UOL, conta que frequentemente é vítima de ataques misóginos.
Tudo começou depois que Declercq fez uma reportagem sobre os chamados “incels”, abreviação para celibatários involuntários em inglês. O grupo se autodeclara misógino e seus membros usam o termo “cvlher” para se referir pejorativamente a mulheres. Marie já foi chamada dessa maneira no Twitter em algumas ocasiões. Das denúncias que fez, nenhuma foi acatada. “Nunca foi além da resposta automática do Twitter”, diz.
Sem resposta: “A frustração é gigantesca”
As denúncias de conteúdos no Twitter são feitas por meio de um sistema automatizado do site da plataforma. O sistema fornece uma série de categorias para o usuário definir em qual conteúdo se enquadra. “É abusivo ou nocivo” é uma das opções, que se segue a outras seis categorias de definição com a possibilidade de envio de uma breve contextualização escrita sobre a denúncia. “Se desejar, conte-nos mais sobre o que aconteceu”, sugere o Twitter.
Segundo a plataforma, após a finalização da denúncia o usuário será notificado em até 24 horas, mas nem sempre a resposta é fornecida.
É o caso de Cristina Tardáguila, fundadora da Agência Lupa, que relata raramente ter recebido protocolos de registro das centenas de denúncias que fez em 2018. Durante o período eleitoral, ela e outros membros da agência de checagem foram vítimas de ataques massivos e sistemáticos nas redes sociais – em especial no Twitter. A equipe recebeu mais de 45 mil tuítes com ataques entre 10 de maio e 17 de maio de 2018, segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas.
Das centenas de contas por trás dos ataques, apenas duas foram suspensas. “A frustração é gigantesca, desde nem sempre ter o número da denúncia até não ter resposta”, reclama.
Janaina Garcia, representante do coletivo Jornalistas contra o Assédio, confirma: “Nem toda denúncia gera um protocolo”. Ela e o grupo reportam diversas publicações ofensivas contra mulheres jornalistas no Twitter. “Na maior parte dos casos, você sequer tem resposta. O máximo que eles fazem é dizer que receberam sua denúncia.”
Além da falta de resposta, “a própria lógica de categorizar as denúncias é ineficiente”, avalia Firbida. “Não levar em conta as dimensões específicas de gênero e liberdade de expressão na coleta das denúncias pode afetar o resultado.”
Além da ausência de resposta, “falta de opções adequadas, desumanização e o baixíssimo índice de resolução” são os fatores que Cristina elenca como prejudiciais no processo de denúncia. “Eu acho que precisa ser menos automatizado e permitir que você marque o seu caso de uma maneira mais personalizada”, endossa Vera Magalhães.
O tempo de resposta é ineficiente, avaliam os entrevistados. “O Twitter tem uma resposta demasiadamente lenta para essas denúncias, quando não ineficaz, na medida em que eles respondem que não viola as regras ou na medida em que demoram dias para retirar esse conteúdo. A resposta é muito lenta para o dano gerado”, explica Janaina.
Falta de transparência
Uma das principais demandas que vítimas e organizações de apoio fazem ao Twitter é por maior transparência no processo de recebimento de denúncia. “Eu acho que o Twitter, em linhas gerais, precisa explicar, afinal, o que é assédio e o que é discurso de ódio”, exige Janaina.
O Twitter disponibiliza em seu site suas diretrizes sobre medidas corretivas. No documento, prometem ser justos, informativos, compreensíveis e responsáveis e listam uma série de fatores que levam em conta na hora de aplicar uma punição a uma publicação ou conta denunciadas. Entre eles estão o histórico anterior de infrações do usuário e fatores vagos como o interesse público e a “gravidade da violação”.
“Qual é, concretamente, o documento que organiza a exclusão de conteúdo do Twitter ou de outras plataformas? Qual é o acesso que temos a isso? A gente não tem isso de maneira completa”, questiona Firbida.
Os especialistas ainda lembram que o discurso de ódio, como visto em muitos ataques, precisa ser combatido conforme a lei. “As plataformas são empresas privadas que têm algum nível de autonomia nas suas regras de comunidade, mas elas devem respeitar padrões de direitos humanos e liberdade de expressão nas regras que constroem. Quando há um ataque como esses, existe um grande limitador de liberdade de expressão que é o discurso de ódio. Discurso de ódio não é protegido pela liberdade de expressão”, diz Firbida.
“Infelizmente não consegui derrubar esse”, diz funcionário
Sabendo que o sistema automático de denúncias é demorado e ineficaz, muitas jornalistas buscam entrar em contato com funcionários da plataforma para derrubar conteúdos. A plataforma não fornece oficialmente informações de contato de seus funcionários, mas as jornalistas, muitas vezes, têm acesso por canais de assessoria de imprensa ou de fontes privadas.
Foi assim que Vera Magalhães conseguiu que, em meio a uma onda de ataques pessoais, fosse retirada do ar a exposição do colégio de seu filho. “Verificando meu CPF na Justiça, encontraram uma cobrança de 2015, e que já tinha quitação junto, mas aí fizeram um tweet maldoso: ‘para dar o furo ela tem tempo, mas para pagar a escola do filho não’”. Assim que a jornalista entrou em contato com um funcionário do Twitter, a publicação foi removida.
Atualmente, o perfil de Vera Magalhães está sob “monitoramento ativo” dos funcionários do Twitter. Ela acredita que está recebendo um atendimento mais rápido a suas denúncias. “Eu acho que quando eu reclamo uma coisa a resposta é mais rápida e é menos automatizada. Mas será que isso é só comigo? E as outras pessoas que não têm esse canal? Como é que elas fazem?”, questiona.
O Twitter afirmou à Pública que acompanha de perto casos de denúncias contra jornalistas, “para dar ainda mais celeridade aos processos de análise e tomada de medidas”.
Vera Magalhães tem mais de 300 mil seguidores no Twitter. “Eu não tenho certeza se outros usuários com menos alcance recebem a mesma resposta.”
Madeleine Lacsko, repórter da Gazeta do Povo, que sofre ataques no Twitter desde 2015, também conseguiu contato com funcionários da plataforma diretamente. Quando divulgaram seu endereço na rede social, com comentários maldosos e ameaças – o chamado doxxing [quando informações pessoais são expostas na internet com intuito de intimidar] -, enviou mensagem para a equipe de segurança da plataforma e o conteúdo foi removido imediatamente. Em outra ocasião, no entanto, não foi atendida.
“Aprendam com Madeleine, para ter emprego bom, não basta ter competência, tem que fazer caridade do fiofó”, dizia um tuíte de @teff_ferrari. Madeleine denunciou ao Twitter e se dirigiu a um funcionário, por meio das mensagens privadas da plataforma, pedindo que a postagem fosse excluída. Mais de 24 horas depois, a publicação continuava online. “Pois é, infelizmente não consegui derrubar esse. Desculpa”, foi a resposta que recebeu.
Cristina também relata frustração com denúncias de dezenas de tuítes ofensivos a ela. “Meu grau de frustração é enorme com o sistema de denúncias. Escrevo para compartilhar isso com vocês e pedir ajuda”, registrou em e-mail à equipe do Twitter, e não obteve resposta.
Estratégia coletiva
Além de falar diretamente com funcionários do Twitter, outra estratégia para derrubar postagens ignoradas com assédio ou ataques é chamar mais pessoas para denunciar. O coletivo Jornalistas contra o Assédio costuma acionar rede de pessoas para isso. “A impressão que dá é que, se você tiver uma denúncia muito massiva, você consegue derrubar o conteúdo”, conta Janaina.
Para Madeleine, no entanto, isso é uma estratégia do Twitter para “fazer do mecanismo de reclamação uma forma de ter mais acessos na plataforma”. “É indecente que você tenha que chamar todo mundo quando te chamaram de puta para poder tirar o xingamento do ar”, diz.
Constatando a ineficiência do processo de denúncia, jornalistas acabam desistindo da plataforma. Muitas fecham suas redes sociais. Cristina ficou com sua conta fechada por meses. “Eu agora me restrinjo a falar sobre trabalho. Interajo pouco, partilho pouco.”
Firbida explica que a autocensura é muito comum com vítimas de ataques. “Esses ataques massivos fazem com que as vítimas se autocensurem. Têm um efeito inibidor sobre a liberdade de expressão de mulheres no ambiente online.”
Também por desacreditarem do sistema de denúncias, muitas jornalistas deixam de reportar os ataques sofridos. “No começo eu denunciava, até ver que isso não funciona”, conta Amanda.
As respostas negativas e a gravidade dos ataques também fazem com que jornalistas desacreditem da importância de denunciar. Marie foi xingada por meses por um perfil, mas não reportou por não acreditar que era tão importante. “Acho que existem exemplos tão extremos de ataques contra jornalistas influentes nas redes sociais que, quando acontece em menor escala, a gente acaba achando que não se enquadra como misoginia.”
Apesar da ineficiência, Firbida explica que é importante fazer o caminho da denúncia. “A gente tenta acionar esses atores, mesmo sabendo da pouca efetividade, na tentativa de provocá-los a uma resposta. Por que a gente tem que garantir que esses mecanismos de denúncia públicos e formais sejam efetivos e funcionem.”
Essa também é a orientação de Janaina, representante do coletivo Jornalistas contra o Assédio. “Eu vejo um post ofensivo, eu faço o caminho de denúncia. Por que facilitar para o criminoso é tudo que ele quer. E para a plataforma também. Já que ela está demorando para dar resposta, talvez para desincentivar, eu quero fazer o contrário, quero dar trabalho.”
Madeleine conta que denuncia sempre. “Eu comecei a denunciar sistematicamente, sabendo que eles não iam tirar, porque eu acho importante a gente documentar para quando eles sejam trazidos à responsabilidade. Eu estou guardando isso para a posteridade, porque sei que eles não vão se mexer.”
Twitter tarda, justiça falha
Em seu site, o Twitter recomenda que vítimas de ameaças online entrem em contato com autoridades policiais locais. “Leve as ameaças a sério”, dizem as diretrizes sobre assédio online da plataforma.
No entanto, as denúncias criminais não são eficientes nesses casos de ataques contra jornalistas nas redes sociais. Nenhum dos casos de ataques cibernéticos acompanhados pela Artigo 19 teve sucesso no sistema de Justiça. “As delegacias de crimes cibernéticos são muitas vezes inefetivas para esses tipos de casos, porque elas são muito especializadas em crimes financeiros e não têm uma expertise ou mesmo uma vontade política de investigar casos referentes a direitos humanos”, explica Firbida.
A ineficiência faz com que muitas mulheres nem tentem apelar ao sistema de Justiça. Cristina conta que foi desaconselhada a fazer isso quando consultou sua rede de contatos. “A primeira reação foi dizer que isso ia acabar se voltando contra mim se eu efetivamente conseguisse entrar com processo.”
Enquanto não há resposta satisfatória do Twitter ou do sistema de Justiça, vítimas de ataques adotam estratégias individuais. “O que eu uso mais é bloquear a pessoa simplesmente. E já bloqueei milhares de contas”, conta Amanda. A atitude também é incentivada pelo Twitter em suas diretrizes sobre assédio online.
O Twitter permite que palavras e contas sejam silenciadas. É o que fez Vera: “Eu ativei todos os filtros do Twitter para que eu não tenha que ler esses ataques”, diz.
Outra alternativa é criar redes de apoio com mulheres jornalistas. “A gente tem que encontrar soluções construídas por nós na sociedade civil e essas soluções envolvem estratégias de segurança digital e segurança da informação”, orienta o coordenador da Artigo 19.
O coletivo Jornalistas contra o Assédio ainda chama atenção para a necessidade de os veículos de jornalismo ajudarem a proteger seus funcionários. “O que as empresas de fato estão fazendo para proteger juridicamente suas funcionárias desses ataques?”, questiona Janaina.
Cobranças formais
Equipes do Twitter já participaram de encontros formais com jornalistas vítimas de ataques para ouvir suas demandas sobre a plataforma.
“Ainda que o Twitter se mostre aberto ao diálogo, ações concretas para lidar com esse tipo de coisa não têm sido tomadas”, disse Firbida, que participou de um desses encontros.
O coletivo Jornalistas contra o Assédio já se encontrou com representantes do Twitter. “O Twitter já foi cobrado pelo nosso coletivo e por outros grupos de mulheres na América Latina por uma política de combate a discursos de ódio e de assédio direcionado mais efetiva”, afirma Janaina, representante do grupo.
Depois dos ataques sofridos por Patricia Campos Mello e Vera Magalhães, o coletivo abriu um abaixo-assinado pedindo que o Twitter “pare de consentir com a disseminação de discursos de ódio e assédio”. Mais de 11 mil pessoas já assinaram o documento que pede a retirada da plataforma de todo conteúdo que desrespeita a classe jornalística e mulheres. “É imprescindível que a rede social assuma a sua responsabilidade”, diz o abaixo-assinado.
O que diz o Twitter
A plataforma disse à Pública que pretende dar continuidade ao relacionamento com organizações ligadas ao jornalismo. “O Twitter condena comportamentos que intimidem ou tentem silenciar vozes, e nosso trabalho para evitar que isso aconteça está em constante aprimoramento.”
O Twitter afirmou ainda que tem tomado medidas proativas para exclusão de conteúdos na plataforma, além do recebimento de denúncias. Nos últimos doze meses, mais de um em cada dois dos tuítes em que foram tomadas medidas por abuso foram identificados de maneira proativa pela empresa. “Temos avançado em algumas frentes, mas sabemos que os esforços são contínuos e ainda há muito a ser feito”, afirmaram.
Publicado originalmente no site da Agência Pública.
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Ethel Rudnitzki é formada em jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Na Pública, fez parte do Truco – projeto de fact-checking – durante as eleições de 2018 e produz reportagens sobre redes sociais e desinformação.