Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A questão do livro e leitura

Duas grandes bibliotecas nacionais arrumam a casa, e enfrentam polêmicas. A de Nova York, fundada em 1895, anunciou um plano de renovação no valor de US$ 300 milhões que prevê a venda de filiais e a mudança de formato: quer deixar de ser apenas uma biblioteca de referência e abrir para o público, fazendo empréstimos e convidando as pessoas para usar as instalações. Para tal, terá de levar parte do seu acervo para lugares mais distantes. Estão previstos também um café e área para computadores, e o fechamento durante dois anos para as obras. Mais de 200 bibliotecários tradicionalistas, pesquisadores e escritores – Mario Vargas Llosa é um deles – assinaram uma carta de repúdio.

O Brasil ainda não chegou ao ponto de querer mexer no bicentenário prédio da Biblioteca Nacional, no centro do Rio de Janeiro. Mas a instituição não deixa de estar no palco de outro debate: a centralização de toda a política pública do livro e leitura na Fundação Biblioteca Nacional.

Já está na Casa Civil para aprovação a futura estrutura da fundação. "O que está acontecendo agora é que estamos, na prática, colocando o F da sigla FBN para atuar. A Biblioteca Nacional tem 201 anos, mas a Fundação tem 21 anos e nesses últimos tempos as coisas foram se misturando. Tinha muito sombreamento. O ministério fazia ações, a FBN fazia ações, e dentro do próprio ministério tinha mais de uma secretaria desenvolvendo essas ações na área do livro e da leitura", explica Galeno Amorim, presidente da Fundação Biblioteca Nacional.

Pontos de leitura

Para os que receiam uma menor atenção à Biblioteca Nacional propriamente dita, Amorim garante que isso não acontecerá e conta que haverá três grandes áreas nesse novo organograma, com boa parte do orçamento voltado especificamente para ações na área de bibliotecas, incluindo a BN. São elas: o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, dirigido por Elisa Machado, Leitura, comandado por Cleide Soares, e Economia do Livro, que ficará a cargo de Jorge Teles. Maria Antonieta Cunha estará acima deles na Diretoria do Livro, Leitura e Literatura. A única área que permanecerá em Brasília será o Plano Nacional do Livro e Leitura, que deve ganhar um B, de biblioteca, no nome. Lucília Garcez é a secretária executiva.

Enquanto o decreto não é assinado e a estrutura não é oficializada, MinC e FBN preparam a casa e organizam os investimentos de 2012, que serão anunciados amanhã em Brasília pela ministra Ana de Hollanda.

A FBN terá R$ 330 milhões para investir. Esse valor engloba tudo o que era destinado por todos os órgãos do governo federal para programas do livro, direcionados agora à instituição. Desses, R$ 218 milhões serão usados nas ações do Sistema Nacional de Bibliotecas, que preveem a instalação de 359 bibliotecas nas Praças de Esporte e Cultura, 30 pontos de leitura da Ancestralidade Africana e distribuição de 3,7 milhões de livros, entre outras. Nas demais áreas, destaque para a contratação de 4 mil agentes de leitura, realização de mais de 500 encontros com autores no projeto Caravana de Leitura, apoio a 200 pequenas e médias feiras.

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[Maria Fernanda Rodrigues, do Estado de S.Paulo]