O livro 1984 tem como cenário uma sociedade governada por um Estado supremo (onisciente, onipresente e onipotente), que consegue oprimir aqueles que divergem de suas ordens e penetrar em suas mentes. Esse Estado se expressa por meio do Partido, que trabalha incessantemente para conseguir controlar os cidadãos, o que faz privando-os de sua liberdade. A todo o momento, pessoas são expostas ao controle do Estado, o detentor absoluto dos meios de comunicação. Com isso, os cidadãos são forçados a viver cercados de todos os tipos de propaganda com informações manipuladas. As cidades são cheias de cartazes impressos com o Grande Irmão, o líder do partido, e sua frase: “Big Brother is watching you”, lembrando à população que o Partido estava sempre vigiando suas vidas.
Os próprios membros do Partido, diariamente, são obrigados a se reunir no local de trabalho para assistir às propagandas televisivas, exaltando as conquistas da Oceania (país fictício criado por George Orwell, autor do livro) nas guerras. A manipulação da informação se dá também em outros meios de comunicação. Nos jornais, por exemplo. Winston Smith, personagem principal do livro, trabalha no Ministério da Verdade (cuja função é encobrir a verdade) e seu principal trabalho é falsificar informações para divulgar as notícias que importam ao Partido e apagar aquelas que o prejudicam.
O Ministério da Verdade também cria a chamada novilíngua, uma língua própria, cujo objetivo principal é fazer com que as pessoas não consigam se expressar contrárias ao Partido. A história é refeita e palavras são criadas.
Meios de comunicação e opressão
O meio talvez mais importante para o controle absoluto do Estado é a teletela. Elas estão presentes em todas as casas e estabelecimentos e além de mostrarem as propagandas do Partido, também atuam como câmeras, capazes de filmar o que se passa na casa de cada morador. Com isso, quando alguém faz algo que o Partido não permite, tão logo esta pessoa é identificada e sofre as consequências.
George Orwell, pseudônimo criado pelo jornalista inglês Eric Blair, escreveu o livro em 1948, em meio a períodos de guerra e regimes totalitários exercendo o poder em alguns países da Europa. Como em seu livro anterior, Revolução dos bichos,o autor retoma a discussão, por meio da obra de ficção, sobre o poder do Estado exercido em uma sociedade. Para esta finalidade, Orwell utiliza os meios de comunicação como mecanismos que auxiliam o Estado a controlar a população. As propagandas são utilizadas de forma massiva, com o objetivo de penetrar de forma intensa na mente das pessoas. Em todos estes meios, as informações são alteradas de alguma forma e a população é levada e pensar como o Estado planejou.
Os meios de comunicação devem ser utilizados de forma responsável por pessoas que se importem com o interesse da sociedade como um todo. Deve-se levar ao debate assuntos de interesse público e de relevância para uma sociedade mais justa e democrática. É preciso que nos questionemos sempre sobre o que é veiculado na mídia.
“Se as mensagens da propaganda conseguem atingir os indivíduos da massa, a persuasão é facilmente ‘inoculada’: ou seja, se o ‘alvo’ é alcançado, a propaganda obtém o êxito que se propõe” (Wolf, 1994, p.24).
Referências bibliográficas:
ORWELL, George. 1984. 29ª ed. São Paulo: Ed. Companhia Editora Nacional, 2005.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação de Massa. 8ª ed. São Paulo. Ed. Presença. 2003.
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[Amanda de Oliveira Silva é estudante, Castanhal, PA]