[do release da editora]
E Benício criou a mulher… é uma obra que esmiúça a carreira do maior artista brasileiro que soube como ninguém transpor para o papel imagens de belíssimas e sedutoras mulheres, e centenas de capas de pocket book e cartazes de cinema.
A nova obra trata de sua vida, desde a infância, quando chega a Porto Alegre, passando pela adolescência como músico, seu início como desenhista nas publicações da Rio Gráfica e da Monterrey, ao estrelato criando pôsteres para o cinema e artes para a publicidade.
E Benício criou a mulher… é essencialmente uma obra sobre sua vida. Ele que é um dos maiores do mundo em seu estilo. Que sempre foi imitado e nunca superado.
O livro traz dezenas de fotografias de sua vida pessoal, em diferentes épocas. Apresenta mais de 100 imagens coloridas de suas magníficas criações, e centenas de imagens em preto e branco. Muitas delas raras.
Gonçalo Junior elaborou E Benício criou a mulher… após muitas horas de entrevistas e anos trocando correspondências com o ilustrador. Compondo assim um volume imperdível, que emociona por revelar o alto grau de cavalheirismo deste artista oriundo da aristocracia originada nas estâncias do interior do Rio Grande do Sul.
Inquieto, incansável
Boa parte dos mais importantes filmes brasileiros realizados entre 1965 e 1985 – cerca de 300 – teve o cartaz criado num estúdio no Rio de Janeiro por um artista gaúcho, o discreto José Luiz Benicio da Fonseca, ou apenas Benício. Ele chegou a fazer mais de 30 cartazes por ano. A lista vai de A madona de cedro, Independência ou morte e O casamento, ao megassucesso Dona Flor e seus dois maridos, até o recente Pelé eterno.
O artista gráfico produziu também os pôsteres de todos os filmes de Os Trapalhões feitos de 1974 a 1991. Precisamente, 31. Mas foi no gênero pornochanchada que acabou por se tornar o ícone de uma época e de uma geração. Não é possível relembrar as décadas de 1970 e 1980 sem vir à mente atrizes voluptuosas, de olhos grandes, lábios carnudos, curvas de violão e decotes generosos dessas comédias que ele soube representar com seu talento único. Mais de duas centenas de cartazes dessas produções saíram de sua prancheta.
O cinema, no entanto, não foi a única faceta desse versátil mestre das artes gráficas que alguns consideram o maior ilustrador brasileiro de todos os tempos e aquele que desenhou mulheres sensuais e elegantes como nenhum outro. Seu nome faz parte da história da publicidade brasileira com um destaque ainda não mensurado. Ele passou pelas mais importantes agências do país – McCanErickson, Denison e Artplan, entre outras. E ilustrou marcas fortes como Coca-Cola, Esso, Banco do Brasil e Rock in Rio.
Coube a Benicio dar cara também a outro formato de comunicação popular, os livros de bolso, descartáveis e vendidos em bancas de jornal. Para a mítica editora carioca Monterrey, onde estreou em 1963. Ele fez mais de cinco mil capas. Boa parte com a heroína Brigitte Montfort, a espiã americana que teve cerca de 500 volumes publicados em quatro décadas, e centenas de reedições. Fenômeno único no mercado editorial brasileiro.
Neste perfil biográfico lançado originalmente em 2006, e agora revisto, ampliado e reescrito, Benicio é revelado como pessoa e como artista. Quem poderia imaginar, por exemplo, que ele foi um genial pianista cuja promissora carreira acabou abortada na década de 1950 para que pudesse se dedicar ao desenho? O livro conta ainda como, após a infância difícil em Porto Alegre, ele começou na editora carioca RGE, de Roberto Marinho, onde se destacou como capista das revistas femininas Cinderela e Contos de Amor, de Filmelandia e Radiolandia. Até entrar no mundo do publicidade, da literatura e do cinema.
Agora, ao completar 76 anos, Benício continua inquieto, perfeccionista e incansável. Prossegue em seus experimentos de traço e, o melhor de tudo, realizando obras de muita sensualidade. Sem abrir mão das curvas das mulheres que criou como se fosse Deus.
O autor
Gonçalo Junior é jornalista, escritor e pesquisador, é autor de 22 livros. Nasceu na Bahia e está em São Paulo faz 15 anos. Estudou Jornalismo e Direito. Trabalhou no Jornal da Bahia, Tribuna da Bahia, Bahia Hoje, Gazeta Mercantil e Diário de S. Paulo. Colaborador de Playboy, Folha de S. Paulo, Bravo!, Entrelivros, Almanaque Abril, Trip, Revista Gol, Mais! e MAG. Editou a revista de cultura Personnalité. Ganhou três vezes o Troféu HQ Mix.