As vendas de livros deverão ter baixa performance em 2013, repetindo o desempenho do ano passado, segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Sônia Machado Jardim. O número de livros vendidos caiu 7,36% em 2012, em relação a 2011, mas o preço do livro subiu e o faturamento cresceu 3,04%, totalizando R$ 4,9 bilhões, segundo a pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”, divulgados ontem (30/7) pelo Snel.
Apesar da expectativa do sindicato, sete importantes redes de livrarias do país – Cultura, Curitiba, Fnac, Leitura, Saraiva, Travessa e Vila – relataram ao Valor, recentemente, um primeiro semestre positivo. Cultura, Fnac e Travessa estimam aumento de vendas de 8% a 10% neste ano. A mineira Leitura e a Livraria da Vila, de São Paulo, esperam que a expansão fique na casa dos 12,5%. A Curitiba projeta aumento de 15%. A Saraiva, que é companhia aberta e não divulga projeções, fechou o primeiro trimestre com um aumento de 16% na venda de livros. No ano passado o número de exemplares vendidos pelo setor editorial caiu 7,36%, para 434,9 milhões de unidades, segundo os dados do Snel. A produção de livros recuou 2,91 %, para 485,2 milhões de unidades. Mas o preço médio dos livros subiu 12,46% no mesmo período. E o faturamento cresceu 3,04%, totalizando R$ 4,9 bilhões.
O estudo, feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP), mostra que a venda de livros para o mercado – que exclui as compras do governo – caiu 5,43% em 2012, para 268,5 milhões. Na mesma base de comparação, as compras de exemplares pelo governo recuaram 10,31%, para 166,3 milhões de unidades. Leonardo Müller, coordenador do levantamento Fipe, lembra que o governo não compra livros todos os anos. Com isso, as vendas de didáticos recuaram 10,1% no ano passado, para 204,026 milhões de livros.
Repasse de custos
Apesar do preço do livro ter subido em 2012, se considerado um prazo mais longo houve queda – de 41% entre 2004 e 2012. “Isso significa que as livrarias estão disponibilizando livros mais baratos. Talvez, os livros tenham materiais mais baratos ou menor número de páginas, diminuindo o preço final do livro”, diz Müller.
Embora as vendas e a produção de livros estejam em queda, os custos das editoras crescem, afirma a presidente do Snel. “Os dissídios ocorrem todos os anos e o setor vem absorvendo essa pressão de custos. Agora, além da pressão salarial, há também o câmbio desfavorável. Para equilibrar as contas, os editores precisarão fazer ginástica. Isso deve ser repassado ao consumidor”, afirma ela.
“Sem ganhos de escala, não há outra opção que não o repasse dos custos para o consumidor”, disse a presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Karine Pansa.
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Diogo Martins, do Valor Econômico