A Penguin Random House, a maior editora do mundo, anunciou a compra de todos os selos de interesse geral do grupo espanhol Santillana em 22 países, como Espanha, América de língua espanhola e Brasil. O negócio, de € 72 milhões (R$ 234 milhões), inclui a brasileira Objetiva.
A Penguin já tem hoje 45% da Companhia das Letras. Luiz Schwarcz, diretor-geral da Companhia, será o principal executivo da Penguin Random House Brasil, que englobará a Objetiva. Ele manterá seu cargo na editora que fundou.
Roberto Feith, diretor da Objetiva, vendeu suas ações, mas continuará a administrá-la. Em 2005, a Santillana (do grupo Prisa, dono do jornal “El País”) adquirira 76% da Objetiva. Agora, a Penguin Random House assume todo o controle da editora.
Segundo projeções do meio editorial, as duas somadas devem se aproximar das líderes do mercado de livros de interesse geral, Record e Sextante.
O acordo foi divulgado ontem em Madri. A Santillana permanecerá com livros da área de educação.
Independência
No casarão no Cosme Velho (zona sul do Rio), onde fica a Objetiva, os dois cordiais ex-concorrentes falaram animados sobre o negócio. Segundo Schwarcz, as editoras manterão sua independência editorial. “A união não modifica o DNA das empresas. Nenhuma marca vai desaparecer. Haverá união em certos aspectos, com mais massa crítica e maiores possibilidades.”
Feith passa a viver uma situação nova. “Não sabia em que medida seria estimulante continuar como gestor e não sócio”, afirma. Conta que, quando estava terminando a venda das ações, “o Luiz ligou para dizer que iria conduzir a fusão e queria que eu continuasse à frente da Objetiva. A conversa foi me animando, me dando conforto e me fez abraçar com entusiasmo esse novo momento.”
A Objetiva engloba os selos Alfaguara, Suma, Fontanar, Ponto de Leitura e Foglio. Lança em média 150 livros por ano e edita autores como o Nobel peruano Mario Vargas Llosa, o português António Lobo Antunes, o suíço Alain de Botton e os brasileiros Luis Fernando Verissimo e Ana Maria Machado. A companhia publica nomes como Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Chico Buarque e Fernando Henrique Cardoso.
Com um volume de negócios anual de € 3 bilhões (R$ 9,7 bilhões) e alguns dos maiores best-sellers do mundo, como Dan Brown e John Grisham, a Penguin Random House nasceu em julho de 2013, com a união das empresas de origem britânica Pearson e Bertelsmann, e controla quase um quarto da distribuição de livros no mundo.
O novo conglomerado literário terá 250 selos em todo o mundo, com previsão de lançar 1.500 títulos por ano.
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Paula Cesarino Costa e Marco Rodrigo Almeida, da Folha de S.Paulo