[do release da editora]
Pioneira do jornalismo no Brasil, a professora, jornalista e pesquisadora Cremilda Medina reúne no livro Atravessagem – Reflexos e reflexões na memória de repórter (192 p., R$ 63,40), lançamento da Summus Editorial, análises sobre a profissão e grandes reportagens realizadas durante a sua carreira. Privilegiando o contato em detrimento da assepsia, o humano em lugar do técnico, ela refaz sua trajetória profissional e intelectual, mostrando sua inegável contribuição para o jornalismo brasileiro.
Ao longo da obra, Cremilda propõe o exercício jornalístico por meio das mídias tradicionais e das tecnologias digitais, em um ambiente democrático, o que denomina signo da relação – em que a mediação autoral do comunicador constrói uma interação social transformadora.
Formada em Jornalismo e em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul nos anos 1960, ela iniciou sua trajetória profissional em Porto Alegre. Mas foi em São Paulo, onde se radicou em 1971, que intensificou a pesquisa acadêmica na Universidade de São Paulo (USP) e exerceu o jornalismo em vários veículos de comunicação, como o Jornal da Tarde, O Estado de S. Paulo e as TVs Bandeirantes e Cultura, entre outros. “Decidi eleger uma antologia cronológica de reportagens articulada com ensaios decorrentes dos estudos universitários”, diz a autora. Na obra, ela integra teoria e prática, mostrando que não há descompasso entre o que pensa como educadora e pesquisadora e o que realiza como jornalista.
No seu 15º livro, Cremilda declara sua paixão pela rua – onde vida e morte estão latentes. Na obra, a autora apresenta a sua ampla experiência em debates interdisciplinares sobre temas contemporâneos e revela, na própria atuação, o comprometimento ético, técnico e estético com a linguagem dialógica. Dessa forma, ela reforça a importância do mediador autoral na comunicação social, capaz de criar elos de cidadania para os mais marginalizados da informação oficial e canais de expressão para os sujeitos anônimos da sociedade civil.
Em sua coletânea, a jornalista recupera reportagens que exploram assuntos atuais, como o histórico dos mutirões em São Paulo, a expansão dos shoppings centers, as campanhas preventivas da Aids e as recentes manifestações nacionais que levaram milhares de pessoas às ruas em junho de 2013. “Manifestantes jovens expressaram o novo grito de autonomia e afirmação da voz que ecoou profundamente na minha consciência”, afirma a autora. Na mesma época, diz ela, os repórteres também saíram do lugar de conforto, nas redações, servindo-se da internet, para se juntar às multidões e se expor aos riscos da violência incontrolável, inclusive dirigida aos jornalistas.
A proposta da autora é recuperar um processo de quatro décadas em São Paulo, pois foi no planalto paulista que a vocação de repórter amadureceu definitivamente. Ela deixou de lado os primeiros passos, em Porto Alegre, e escolheu os reflexos e as reflexões dos anos 1970 em diante. “Justamente a partir daí assumi a pesquisa, alicerce da cultura uspiana, em comunhão com crescentes oportunidades jornalísticas no mercado externo à universidade”, recorda-se Cremilda.
A autora
Cremilda Medina, jornalista e pesquisadora, e? professora aposentada sênior na Universidade de São Paulo, onde orienta mestres e doutores e atua nos programa de pós-graduação da Escola de Comunicação e Artes e no Programa Latino-Americano de Pós-graduação. Autora de 14 livros, já? organizou, com alunos de universidades brasileiras e da Universidade Fernando Pessoa da cidade do Porto, em Portugal, 52 coletâneas. O diálogo social e a autoria ética, técnica e estética nas mediações jornalísticas constituem os principais temas de sua obra. Entre seus livros lançados pela Summus estão Notícia, um produto à venda – Jornalismo na sociedade urbana e industrial, A arte de tecer o presente – Narrativa e cotidiano e Ciência e jornalismo – Da herança positivista ao diálogo dos afetos.