A disputa pela audiência entra s emissoras Globo e Record não contribuiu para a melhoria da TV aberta no Brasil. Foram os mesmos formatos de programas que estamos acostumados a ver. Os altos investimentos da Record de nada adiantaram para nós, telespectadores. Ainda não foi desta vez que tivemos o prazer de assistir a algum programa cultural no horário nobre das emissoras nacionais.
Tudo continua como sempre – a Rede Globo com seu conservadorismo de horários e programas carimbados que, por incrível que pareça, não cansam a paciência dos telespectadores, que insistem em manter a emissora dos Marinhos na liderança. Por outro lado, a emissora dos bispos da Universal fez pouca diferença – aos poucos foi se transformando numa cópia da Globo, com conteúdo excessivamente comercial, ficando claro que o interesse da Record era apenas tentar chagar ao primeiro lugar e estando descartadas quaisquer expectativas de crescimento cultural por parte da emissora.
A ‘normalidade’ do crime
O jornalismo da Globo continua o mesmo, sempre mecânico e objetivo, nos apresentando a notícia nua e crua. Na emissora não há espaço para emoção ou opinião de seus jornalistas; são como robôs, estão programados para informar, nada mais.
A Record inventou um tal de ‘jornalismo verdade’, que muito difere do jornalismo Global, pois neste há espaço para emoção, às vezes até demais, um sensacionalismo jamais visto, os jornalistas dão suas opiniões e com tanto exagero nos tentam enfiar garganta abaixo a informação exagerada. Na Record, assassinatos brutais se transformam em novela – até parece que crimes brutais neste país não acontecem todo dia.
Na Globo, tudo parece normal. Crime é crime, não importa a procedência, crime é tão natural que, em sua retrospectiva de final de ano, o grande número de crimes envolvendo pai, mãe, padrasto ou madrasta não mereceu atenção espacial. Até o caso dos dois garotos que foram esquartejados e queimados pelo pai e madrasta passou despercebido.
Somando à baixa qualidade
Se não fosse o sucesso de A Favorita na reta final, as novelas produzidas pela Globo este ano seriam um fracasso. Talvez os telespectadores estejam cansados; o excesso de casais gays e as histórias mal construídas favoreceram para que a emissora carioca se desse mal em teledramaturgia em 2008.
Os programas são os mesmos. Afinal, as mudanças sempre são mínimas, há pouco espaço para cultura e educação, exceto aos sábados e domingos antes das 7 da manhã; neste horário, é possível encontrar algo cultural na Globo.
A Record até que começou bem, emplacou uma ou outra trama de sucesso, mas exagerou, perdeu a noção e perdeu audiência. Os Mutantes parte dois deve ter sido o maior fracasso em 2008, uma novela ridícula, recheada de diálogos que poderiam ser escritos por crianças da terceira série do ensino fundamental.
Programas de namoro na TV também tiveram seu espaço na Record neste ano, quadros como A outra e Ricardão marcaram presença em atração apresentada por Eliana. Uma emissora que pregava mudanças veio para somar à baixa qualidade da TV aberta no Brasil.
******
Jornalista, Santo Antonio do Aracanguá, SP