Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A festa da literatura

Começou na quarta-feira (2/7) à noite a Festa Literária Internacional de Paraty, com a boa notícia de que a cidade fluminense pode ganhar o status de patrimônio da humanidade da Unesco.


A imprensa está presente em peso. Pelo menos 400 jornalistas de várias partes do Brasil e de países latino-americanos se credenciaram.


Por todo canto se respira literatura e, pelas ruas calçadas com a pedra pé-de-moleque, pode-se cruzar com escritores e editores, que distribuem autógrafos como celebridades do mundo do entretenimento.


Os críticos literários têm a oportunidade de tomar uma cerveja com seus objetos de estudo, professores e estudantes de literatura sentam-se ao lado de figuras míticas dos livros nos bares da cidade.


Trata-se de um momento de glória para o jornalismo cultural. Mas será que a imprensa está atenta aos riscos da festa?


Por todo lado se pode observar o cuidadoso trabalho das assessorias de marketing das grandes editoras. E nem tudo é boa literatura. Assim como existem os jornalistas especializados em ganhar prêmios, também pululam no mercado os escritores especializados em… mercado.


Bom sinal


Alguns detalhes, como a presença de milhares de alunos das escolas da região nas sessões da chamada Flipinha, mostram o propósito dos organizadores de cuidar dos futuros leitores de livros.


Mas será preciso observar o que sairá na imprensa nos próximos dias para se avaliar se o jornalismo está sabendo destacar as melhores expressões da literatura daquilo que é empurrado para o público pelas editoras.


Que literatos se tornem celebridades é bom sinal. Mas cabe aos especialistas da imprensa separar a boa literatura daquilo que é apenas produto.