A Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiou ontem [sexta, 30/7] as ameaças feitas pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) ao jornalista Hugo Marques, da revista IstoÉ. Segundo o site da revista, em ligação telefônica ao repórter, na quinta-feira (29/7), o senador afirmou: ‘Quando eu lhe encontrar, vai ser para enfiar a mão na sua cara.’ Logo depois, Collor proferiu alguns palavrões.
Para ANJ, a postura do senador revela ‘destempero e truculência’. ‘É inadmissível que qualquer candidato a cargo público manifeste tamanho desconhecimento do papel da imprensa nas sociedades democráticas a ponto de reagir a notícias – no caso, factuais e baseadas em informações da Justiça Eleitoral’, diz a associação em nota assinada pelo seu vice-presidente, Júlio César Mesquita, responsável pelo Comitê de Liberdade de Expressão. ‘Atitude tanto mais condenável por se tratar de cidadão que já exerceu os mais altos postos da República’, ressalta a entidade.
Collor é candidato a governador em Alagoas. A ANJ destaca a importância do comportamento dos candidatos. ‘No momento em que se inicia mais uma campanha eleitoral, a ANJ espera que, a exemplo da imensa maioria do eleitorado, que tem se comportado com civilidade eleição após eleição, também os candidatos ajam com espírito democrático, decoro e respeito às instituições e às liberdades.’
Apuração dos abusos
A ameaça de Collor ao jornalista foi divulgada na quinta-feira. Ontem, o diretor de Núcleo da revista, Mário Simas Filho, afirmou que a IstoÉ endossa a nota da ANJ. ‘Damos todo o apoio ao repórter. A revista entende que é um absurdo o que aconteceu e defende a postura do jornalista’, disse.
Na nota, a ANJ pede apuração sobre a postura do senador alagoano. ‘A ANJ insiste junto às autoridades competentes para que assegurem a plena vigência dos princípios constitucionais de liberdade de expressão e promovam a imediata apuração dos eventuais abusos, assim como o devido processo legal nos casos comprovados de atropelos aos referidos princípios.’ O Estado tentou falar com Collor ontem (30/7), procurando-o no gabinete em Brasília, na sede da Gazeta de Alagoas, da qual é sócio, e por meio de assessores. Mas o senador não respondeu.
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ANJ repudia ameaça de Collor a jornalista
Roberto Maltchik
Reproduzido de O Globo, 31/7/2010
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiou ontem [sexta, 30/7], por meio de uma nota, a ameaça de agressão feita pelo senador e candidato a governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello (PTB), contra o jornalista Hugo Marques, da revista IstoÉ. A ameaça foi feita ao repórter na tarde de quinta-feira, quando o ex-presidente da República telefonou para a redação da revista com a finalidade de insultar o jornalista.
Em nota, a ANJ afirmou que ‘é inadmissível que qualquer candidato a cargo público manifeste tamanho desconhecimento do papel da imprensa nas sociedades democráticas a ponto de reagir a notícias com destempero e truculência’.
Além de ameaçar, o senador também xingou repórter. O vice-presidente da ANJ, Júlio César Mesquita, lembra que a atitude se torna mais condenável pelo fato de o senador Fernando Collor se tratar de ‘cidadão que já exerceu os mais alto posto da República’.
No telefonema, gravado pelo repórter, Collor afirma: ‘Se eu lhe encontrar, será para encher a mão na sua cara.’ Em seguida, complementa com insultos e palavrão. De acordo com Hugo Marques, Collor teria ficado irritado com uma série de reportagens publicadas nos últimos anos. O estopim teria sido uma nota sobre o grande volume de candidatos impugnados pelo Ministério Público Eleitoral em Alagoas, onde Collor disputa o governo.
A ANJ pede que candidatos tenham decoro e respeito A ANJ adverte que o episódio serve de alerta para o comportamento dos políticos que participam da campanha eleitoral.
‘No momento em que se inicia mais uma campanha eleitoral, a ANJ espera que, a exemplo da imensa maioria do eleitorado, que tem se comportado com civilidade eleição após eleição, também os candidatos ajam com espírito democrático, decoro e respeito às instituições e às liberdades’, ressalta o texto.
A instituição pede às autoridades que assegurem a ‘plena vigência dos princípios constitucionais de liberdade de expressão’ e ‘promovam imediata apuração de eventuais abusos, assim como o devido processo legal nos casos comprovados de atropelos aos referidos princípios’, complementa.
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Jornalista