Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ataque a emissora de TV deixa 11 mortos

A emissora de TV iraquiana Shaabiya foi atacada na quinta-feira (12/10) por homens armados que deixaram 11 funcionários mortos, no pior atentado a uma empresa de mídia no país. Ainda em fase de testes, a emissora havia transmitido apenas músicas nacionalistas, incluindo uma contra a presença de militares americanos no Iraque – o que, especula-se, pode ter levado milícias xiitas a suspeitar que se tratava de uma defesa de ideologia sunita.


O ataque ocorreu pela manhã e, segundo nota de Lee Keath [AP, 12/10/06], revela o perigo que corre a imprensa em um país onde ofender qualquer lado pode significar sua sentença de morte. Segundo testemunhas, os agressores eram mais de 20, alguns vestidos com uniforme policial. Eles chegaram à emissora por volta das sete horas da manhã, em carros civis, invadiram o prédio e mataram quem encontraram pela frente, afirmou o diretor-executivo da Shaabiya, Hassan Kamil, que não estava no local na hora do ataque.


Queima-roupa


Muitos funcionários trabalhavam fora do expediente para conseguir estrear a programação no fim do mês sagrado do Ramadã, no meio de outubro. Como resultado, havia muitas pessoas nos escritórios, algumas delas dormindo. Os homens atiraram aproximadamente 100 vezes, disse Kamil. Os sobreviventes, entretanto, afirmaram não ter ouvido o barulho de tiros, o que pode indicar que os assassinos usaram silenciadores de pistolas. Nenhuma janela foi danificada, o que sugere que os tiros foram disparados à curta distância das vítimas.


Entre os mortos estão o presidente do conselho da emissora, Abdul-Raheem Nasrallah, os produtores Dhakir Hussein e Ahmed Shaaban e cinco seguranças. Os jornalistas Mishtak Al Maamuri e Mohammed Kazem Al Finiyin ficaram seriamente feridos, e alguns funcionários conseguiram fugir.


Boas relações


Não se sabe quem está por trás do ataque, já que a emissora não teria recebido nenhuma ameaça. Segundo Kamil, a Shaabiya não tinha inclinação sectária, empregando funcionários xiitas, sunitas e curdos. ‘Nós temos boas relações com todos os partidos políticos e grupos religiosos, com os sunitas e os xiitas’, afirmou.


Em outro atentado à mídia, foi encontrado esta semana o corpo do repórter de rádio curdo Azad Mohammed Hussein, de 29 anos, que havia sido seqüestrado em Bagdá em 3/10 quando se dirigia para a estação Dar al-Salam. Pelo menos 51 jornalistas foram seqüestrados no Iraque nos últimos três anos, segundo dados da organização Repórteres Sem Fronteiras, e mais de 80 foram mortos ao reportar o conflito.