** Os jornais brasileiros são os únicos do mundo a aceitar anúncios, peças promocionais e adulterações de toda espécie em suas capas. Enquanto o vale-tudo se limitava a supermercados e redes de eletrodomésticos era possível distinguir o anúncio da informação jornalística. Dois meses depois de apresentar ao país suas novas diretrizes editoriais, O Globo publicou na edição do domingo (2/10) uma capa ocupada inteiramente com propaganda política paga pela Prefeitura do Rio de Janeiro. A Cidade Maravilhosa precisa de uma imprensa independente capaz de fiscalizar as obras e os gastos para a Olimpíada de 2016, mas o que se viu foi um enorme atestado público de cumplicidade entre governantes e a imprensa.
** Gisele Bundchen não tem culpa, ela é paga para dizer todas as bobagens que os geniais publicitários inventam para vender seus produtos. No caso, uma marca de lingerie. Se há culpados nessa história eles estão na Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal, que solicitou ao Conar a suspensão de uma série de comerciais que consideraram politicamente incorretos. Estão equivocados: os comerciais não são machistas, são consumistas. Estourar o limite do cartão de crédito ainda não é crime, mas a inflação agradece.
** A BBC, considerada a empresa jornalística mais qualificada em todo o mundo, igualou-se ao seu arqui-adversário, o magnata Rupert Murdoch, e está sendo gozada por ter levado ao ar durante três minutos e meio os comentários estapafúrdios de um suposto especialista em mercados financeiros que, na verdade, era um pobre diabo cheio de dívidas. Na competição para chamar a atenção, a BBC ficou em primeiro lugar.