Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Brigar com fatos é má política

Trecho da reportagem da Folha de S. Paulo “Supremo ordena devassa no Esporte e complica ministro” (26/10), sobre as agruras do "indestrutível" Orlando Silva, conduz a uma percepção interessantíssima da centralidade da mídia no processo político brasileiro.

Nela se atribui a “um interlocutor da presidente” o raciocínio de que Silva tinha conseguido sobreviver à denúncia do policial militar João Dias, mas estava sendo “derrotado pela política”.

A análise levaria em conta que: “1) o ministro não estaria conseguindo reverter a crise; 2) a imprensa continua a noticiar problemas em convênios; 3) sua equipe decidiu partir para cima dos jornais no lugar de admitir erros e adotar providências”.

É o terceiro item que chama a atenção. Um dos fatores da “derrota pela política” teria sido a tentativa de brigar com os fatos, tal como noticiados pela revista Veja e por jornais, e repercutidos por outras mídias.

Nem Lula, do alto de seu carisma, fez isso nos casos do mensalão, de Palocci-Francenildo e dos “aloprados”. Diante da força das denúncias, recuava, dizia que tinha sido traído etc. Depois, geralmente em palanques, desancava genericamente a imprensa.

Dilma Rousseff vinha sendo ainda mais realista. Levou xeque-mate, sai do ministério. Agora, seu timing foi alterado devido à pressão do PC do B, que sabe mais sobre o PT do que os partidos atingidos pelas purgas anteriores, PR e PMDB.

Mas a presidente evitou até aqui apelar para rebotes retóricos contra a mídia.