Manchete do caderno Cotidiano da Folha de S. Paulo de sábado (10/12): "Denúncia sobre corrupção policial é grave, diz Alckmin". Trata-se de investigação da Polícia Federal sobre policiais paulistas que supostamente cobraram altas somas para não manter presos chefões traficantes de drogas.
Tópico relevante, mas manchete descabida. O que seria manchete, nesse caso, é exatamente o contrário: "Denúncia sobre corrupção policial não é grave, diz Alckmin".
Ensinamento contido no velho e repisadíssimo, nem por isso menos ilustrativo, exemplo do que não é notícia – "Cachorro morde homem" – e do que é notícia – "Homem morde cachorro".
Frase de Geraldo Alckmin: "A denúncia é muito grave e caso comprovada os policiais serão demitidos, presos e responderão a processos civil e criminal."
Isso é simplesmente uma maneira de não falar nada sobre a questão de fundo: que fatores tornam tão frequentes os casos de corrupção policial? Como enfrentá-los?
É pedir muito de um governador de estado (que exerce o cargo pela terceira vez), ex-candidato a presidente da República e a prefeito da maior cidade do país, ex-deputado federal e ex-deputado estadual?