Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Clérigo paquistanês pede cabeça de desenhista

O clérigo paquistanês Mohammed Yousaf Qureshi ofereceu US$ 17 mil e um carro como recompensa para quem matar o cartunista responsável pelos desenhos do profeta Maomé. O líder religioso da cidade de Peshawar fez o anúncio para uma multidão de cerca de mil pessoas do lado de fora da mesquita de Mohabat Khan ao fim das orações desta sexta-feira, informa Jeremy Lennard [The Guardian, 17/2/06].


‘É uma decisão unânime dos imames: quem insulta o profeta merece ser morto, e quem levar este homem ofensivo a seu fim ganhará este prêmio’, afirmou Qureshi, sem citar nomes ou especificar a qual dos cartunistas que contribuíram com o jornal dinamarquês Jyllands-Posten se referia. A multidão presente queimou uma bandeira da Dinamarca e uma imagem do primeiro-ministro dinamarquês, Anders Fogh Rasmussen.


Outros clérigos também voltaram a condenar os desenhos de Maomé em outras cidades paquistanesas e outros países muçulmanos, e as orações de sexta-feira acabaram servindo como pano de fundo para reacender os protestos de ódio. ‘Oh, Deus, por favor puna aqueles que ousaram publicar aqueles cartuns sacrílegos… dê poder para as nações muçulmanas e permita que elas se vinguem’, pediu o líder religioso Qari Saeed Ullah, em Islamabad.


Forças de segurança do Paquistão se desdobraram para conter as manifestações esta semana, depois que cinco pessoas morreram e lojas ocidentais foram atacadas. Em Karachi, a polícia usou gás lacrimogêneo e bastões para dispersar cerca de 2.000 pessoas que bloqueavam a principal rodovia de entrada da cidade. Em Multan, na província de Punjab, policiais prenderam 125 manifestantes por violar a proibição dos protestos imposta no leste do país. O clérigo muçulmano Hafiz Mohammed Saeed, líder do grupo radical Jamaat al-Dawat, foi colocado sob prisão domiciliar. Ele é o primeiro líder religioso detido desde o início dos protestos violentos. O chefe de polícia de Lahore afirmou que cerca de 12 mil policiais e tropas paramilitares montaram guarda diante de edifícios governamentais, lojas de redes multinacionais, mesquitas, shopping centers, restaurantes, cinemas e pontos de ônibus.