O livro do Chris Anderson é um exemplo perfeito do que seu título apregoa: pode ser lido gratuitamente – como fiz, sentado numa confortável poltrona, dessas que as boas livrarias oferecem aos seus freqüentadores. (Leia de graça sentado aqui, em, digamos, uma ou duas horas; se gostar, pague 50 reais e leve para o filho que estuda Administração ou como tema de conversa com os amigos no fim de semana.)
Levei uma hora e meia: Free (Grátis) é bem-humorado, informativo e explora um conceito inusitado – embora nem um pouco novo, como o próprio autor faz questão de acentuar:
Dois terços da obra já são de conhecimento geral, tantas foram as entrevistas e reportagens feitas com o autor, mas também porque está disponível na web – amostras grátis, digamos assim – desde que o artigo que deu origem ao livro foi publicado na Wired em 2008 pelo próprio Anderson, editor da revista.
O último capítulo – ‘A economia do grátis e o mundo grátis’ – é uma excelente introdução à Teoria Geral dos Preços. Para o bem (porque é, de fato, uma boa antologia) ou para o mal (porque há quem diga que Anderson usou ali um copy and paste não -assumido), aprendemos economia: a chamada ‘não monetária’, as questões da abundância e do desperdício; e ficamos sabendo até mesmo que a China e o Brasil ‘são as fronteiras do Grátis. O que podemos aprender com eles?’
Novas maneiras de publicidade
Free vem com dois adendos, no melhor estilo ‘pague um livro e leve dois capítulos de bonificação’. São 12 páginas com Os 10 princípios da mentalidade da abundância (‘não há como impedir o Grátis’; ‘adote o desperdício’; e ‘redefina o seu mercado’ estão entre eles). E ainda: gostou do livro? Quer seguir o modelo e fazer uma experiência? O último capítulo reúne, em três páginas e meia, dezenas de modelos de negócios possíveis: ‘Dê o show, venda as bebidas’, caso dos clubes de strip-tease; ou ‘dê as bebidas, venda o show’, em que se enquadram os cassinos.
No que diz respeito especificamente ao jornalismo e à publicidade, Chris Anderson levanta questões incômodas aos profissionais dessas áreas: a) minhas fontes de informação preferidas são os blogs de pessoas (jornalistas ou não) em quem confio – não existe mais ‘a mídia tal como a conhecemos’; b) por que eu deveria pagar para ler, amanhã de manhã, um conteúdo que li/vi/ouvi/hoje à noite? c) na economia do Grátis, preço deixa de ser diferencial: o que importa é atenção e credibilidade. d) caros anunciantes: eu me interesso menos por você e por seus produtos, e não mais, quando estou lendo um site e um pop-up com a sua marca interrompe a minha leitura.
Em outras palavras: criem novas maneiras de fazer mídia publicitária em veículos digitais. Ainda não descobriram a fórmula? Para isso vocês são pagos. Esta é a era do conhecimento e criatividade não é grátis!
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Jornalista