‘14/2/08
19 dias
Insisto no assunto em virtude da sua relevância jornalística, do interesse dos leitores e da indicação, no Erramos de terça-feira e hoje, de que a Folha se dispõe a se corrigir com mais determinação.
Somando a edição Nacional e a São Paulo, saíram hoje sete notas de Erramos.
Cinco notas corrigiram um só erro. Uma corrigiu dois (em primeira página da edição Nacional). Uma corrigiu três (a distância de três cidades em relação à capital São Paulo).
Contei os dias entre a publicação do erro e a da correção. Erro veiculado dia 12 de fevereiro e corrigido hoje conta dois dias. Publicado em 16 de janeiro e corrigido hoje, 29 dias. (Há pelo menos um bom site que calcula o tempo entre uma data e outra; hoje faz 25.663 dias que Getúlio Vargas deu o golpe que introduziu o Estado Novo.)
O tempo total para a correção dos erros foi de 190 dias. Como houve dez erros, o tempo médio para correção de cada um deles foi de 19 dias –mais que os sete de média em 2007.
As correções podem ser muito mais céleres. Na crítica diária de 24 de janeiro, apontei erros de simples checagem que só foram corrigidos hoje (dois, somando 42 dias, 21 dias cada um).
Manual não é Bíblia
A correção dos erros de 16 de janeiro sobre a distância entre cidades demonstra certo tipo de reação avessa ao apontamento de tropeços pelos leitores (e pelo ombudsman).
Uma leitora apontou o engano.
Encaminhei sua mensagem à Redação.
Pouquíssimo tempo depois, veio a resposta: o jornal estava certo, era o Manual da Redação que determinava as distâncias.
Insisti com a Redação, antes de enviar a resposta à leitora: ela não indagava sobre o Manual, mas sobre as distâncias.
Só agora, depois de verificação rigorosa, constataram-se os equívocos. Descobriu-se que é preciso corrigir (ou atualizar) também o Manual.
Eu já estava convencido do erro, como registrei na minha contestação à Redação. Como? Olhei o mapa que fica na parede diante do meu computador. Ele mostra que a leitora tem razão, ao dizer que a cidade A era mais próxima da capital do que a cidade B.
Nem isso, olhar o mapa, havia sido feito pela Redação, que se apoiou em um erro do Manual para dizer que errada estava a leitora.
Erramos do Erramos
Aparentemente, não teve fim a novela da correção de uma série de erros em reportagem sobre evento de moda publicada há quase um mês.
Hoje o jornal retifica: de fato, como apontado por leitores e por esta crítica, advogado não ´move` liminar; advogado pede liminar (ou ´requer´, como prefere o Erramos).
Só que o Erramos sustenta que é o juiz quem ´move` a liminar.
Errado: juiz concede liminar, é ele quem decide sobre ela.
O bom menino
Escreve hoje Clóvis Rossi, com razão: ´Político em campanha faz o diabo para parecer ´gente como a gente´, em qualquer país do mundo´.
É o que fez ontem o prefeito Gilberto Kassab, posando com pirulito ao ´brincar` com crianças em inauguração de escola da zona leste.
A Folha deu a fotografia em quatro colunas, no alto da primeira página!
A imagem apropriada, sobre a vida na cidade, é a que saiu na pág. C4, flagrando o consumo de drogas à luz do dia pertinho da Cracolândia. (O melhor seria esconder com tarja os olhos das pessoas retratadas.)
Painel do Leitor
Do leitor?
Aluguel salgado
O que mais impressiona, na boa reportagem ´TCU diz que há notas frias em viagem do presidente` (pág. A4), é o valor de R$ 206 mil pelo aluguel de veículos.
Quantos automóveis foram alugados? Por quanto tempo? É possível comparar o preço que a Casa Civil da Presidência diz que pagou com o cobrado por outras empresas?
Que não se subestime: eis um grande caso jornalístico.
Na cara dura
As inacreditáveis respostas à revelação feita pela Folha sobre o pagamento de ´ajuda de custo` para mudança de cidade, a ministros que não mudaram de cidade, enriquecem ainda mais o belo furo de ontem.
Os ´outros lados` estão em ´´Auxílio` é legal, dizem ministro e secretário` (pág. A6).
Memória curtíssima
Tudo bem que a memória do jornalismo brasileiro é curta.
Mesmo assim, é impressionante o sumiço, na edição de hoje, do escandaloso episódio dos gastos com o apartamento do reitor da UNB.
A Folha trata como ´mais um caso` um caso que não é ´mais um´.
Derrota ocultada
Título do alto da pág. A8: ´Vitória de Aníbal fortalece Alckmin´.
Título do ´Estado´: ´Candidato de Alckmin bate o de Serra na Câmara´.
Do ´Globo´: ´Aníbal vence no PSDB e derrota grupo de Serra´.
José Serra é o governador de São Paulo.
O grande defensor, no PSDB, do apoio à candidatura de Kassab (DEM) a prefeito de São Paulo.
É presidenciável.
Mais que a vitória de Alckmin, o que ocorreu ontem foi uma derrota de Serra.
Mesmo que se divirja dessa avaliação, o título deveria incorporar a constatação inescapável: Serra perdeu.
A propósito, a reportagem informa até o placar da votação na bancada tucana de Minas. Mas não na de São Paulo.
Folha: é de São Paulo.
Duplo sentido
Certamente que a informação mais relevante de Dinheiro foi a que rendeu a manchete ´Ministro diz que Brasil vendeu carne sem controle´.
Um vexame.
Registro um problema em texto secundário, ´Preços de commodities podem segurar inflação de alimentos` (pág. B4).
O título permite entender que os preços impedem a inflação de subir mais, seguram-na baixa.
Como se lê em seguida, a notícia é que os preços impedem a inflação de cair, seguram-na alta.
Leitor ignorado
Curioso: é do ´Agora` a reportagem ´Carnê do IPTU chega com reajuste errado´.
Faz algum tempo que um leitor alertou a Folha sobre o problema, mas o jornal não produziu reportagem.
História desperdiçada
Não precisa ser Mario Vargas Llosa para contar uma tremenda história com a sintetizada no texto ´Moradores denunciam matança de jumentos` (pág. C5).
Mas é preciso ir até Peritoró (MA).
A Folha apurou e redigiu a notícia de longe, de São Paulo.
Ainda é tempo de viajar.
Furos
É ótima a fotografia de primeira página do Estado mostrando madeira apreendida no Pará.
O ´Estado` revela problemas no Hospital das Clínicas decorrentes do incêndio do fim do ano. O concorrente mostrou-se mais alerta do que a Folha na cobertura do maior hospital da América Latina.
Quem bate à porta? A história…
O ´Estado` publica reportagem sobre a prisão de um oficial da Marinha argentina acusado de comandar o massacre de Trelew, anos antes do golpe militar de 1976.
O ´Clarín` informa: um antigo membro dos serviços de segurança do país assegura que o goleiro Andrada foi agente de inteligência da ditadura.
O argentino Andrada foi o goleiro que, defendendo o Vasco da Gama, sofreu o gol mil oficial de Pelé.
13/2/08
Anatomia do atraso
Um pedido de correção em curso mostra como a Folha demora a veicular os Erramos –média de sete dias em 2007, entre a publicação do erro e sua retificação na pág. A3.
Há uma semana, na quarta-feira 6 de fevereiro, a pág. B3 imprimiu dois valores diferentes para o alegado valor do prejuízo causado por um corretor francês ao banco em que trabalhava. O mesmo número aparecia em dólar e euro. Logo, um estava errado.
O jornal não identificou o erro nem no dia da publicação nem na quinta-feira.
Na sexta, um leitor apontou-o em correspondência ao ombudsman, que de imediato retransmitiu a mensagem à Redação.
Não houve, contudo, correção no sábado.
Nem no domingo.
Nem na segunda.
Nem ontem, terça, quando, na crítica diária, mencionei o episódio para mostrar como as retificações demoram.
Nem assim hoje saiu correção.
E olha que erros apontados em críticas diárias são, em média, corrigidos mais rapidamente (5,55 dias) que os outros.
Se o Erramos sair amanhã, terão se passado oito dias entre a publicação do erro e a sua correção. Portanto, uma contribuição para o tempo médio de retificação aumentar em 2008.
Folha versus Folha
A Folha acredita no que publica?
Acredita no que edita em manchete?
A de ontem: ´Governo e oposição fazem acordo para esfriar a CPI´.
Hoje, o jornal afirma, banca, afiança que ´deputados e senadores oposicionistas lavaram a roupa suja e desfizeram a imagem de que houve um acordo com o Planalto para blindar as famílias do ex-presidente Fernando Henrique e do presidente Lula´.
É o que se lê no texto ´Em almoço, oposição critica acordo em CPI` (pág. A5).
Nele, há referência ao ´suposto acordo` que na edição de ontem não era ´suposto´, mas fato.
Se o jornal errou, deve se corrigir em espaço equivalente ao ocupado pela informação improcedente.
A comparação dos relatos de ontem e hoje deixa o leitor mal informado e confuso.
Notícia escondida
Uma coisa é o declaratório vazio das intrigas, da politicalha, da hipocrisia e da plantação de versões.
Outra, declarações relevantes, como a do ministro José Múcio. Enquanto colegas seus desqualificavam as informações sobre gastos abusivos com cartões corporativos do governo federal, Múcio foi na contramão: ´Mea culpa: Erramos ao fiscalizar gastos, diz Múcio´.
Esse foi o titulo da notinha que saiu na pág. A5.
A informação merecia mais destaque.
Lei de Gérson
É muito boa a reportagem que rendeu a manchete de hoje, ´Ministros embolsam verba de mudança sem precisar´.
O apê do reitor
A Folha segue mal na cobertura de um dos maiores escândalos da história do ensino superior no Brasil, a gastança do reitor da UNB em seu apartamento funcional.
O jornal se mantém nos limites das fontes oficiais. Por que não vai, como fez a TV Globo, à UNB apurar como estão as instalações da universidade, como vivem os estudantes?
Por que não exibe, um a um, os produtos comprados pelo reitor? As imagens que a Globo mostrou no sábado, da lixeira e do saca-rolhas caríssimos, são jornalisticamente importantes.
Qual é a história de Timothy Mulholland?
Quem aprovou os gastos?
Qual o perfil da fundação que bancou a conta?
Quem (não) fiscalizou os desembolsos, antes que o escândalo estourasse?
O que dizem os pares do professor e as entidades representativas dos docentes? E dos funcionários e estudantes?
Por que se mantém, diante da proporção do caso, um silêncio quase cúmplice de setores da intelectualidade que em outras épocas poriam a boca no trombone? (Há exceções como Zuenir Ventura, no ´Globo` de hoje.)
Como o reitor se mantém no cargo?
Ele ainda acha, como disse no sábado à ´Glob´o, que a ´estética` exige as centenas de milhares de reais perdidas na reforma do apartamento funcional?
Além de informações, falta indignação à Folha, em seus espaços de opinião.
Trata-se de um escândalo que, em si e pela reação murcha a ele, ensina muito sobre o Brasil contemporâneo.
Ufa
Embora o Painel do Leitor hoje também esteja contaminado por ´outro lado´, Dinheiro preservou os interesses dos leitores ao publicar em suas páginas as cartas de contestação a uma reportagem (pág. B3).
Escória
Trecho da reportagem ´´Tropa` gera mais ódios que amores em Berlim` (pág. E3): ´Leitores brasileiros da versão on line da revista [Variety] escreveram no site mensagens de protesto e atacaram o autor da crítica´.
Na verdade, houve mais: uma bateria de ataques de cunho anti-semita, fascistóide e criminoso contra o crítico da revista.
A Folha deveria informar o que houve (quase todos os comentários foram retirados da internet, mas talvez seja possível recuperá-los).
E a Polícia Federal, investigar.
A Lusitana roda
Esqueci de mencionar ontem, mas ainda há tempo.
Eis a manchete do Globo em 12 de fevereiro de 1958, reproduzida na seção ´Há 50 anos´: ´Forte reação na UDN contra os entendimentos do partido com João Goulart e Ademar de Barros´.
12/2/08
O leitor perde sempre
Com nove Erramos na edição São Paulo/DF e 11 na edição Nacional, a Folha corrigiu hoje 11 erros.
Ganharam os leitores, com a disposição do jornal em corrigir parte dos seus enganos.
Em compensação, o Painel do Leitor diminuiu sensivelmente de tamanho. Para piorar, mais uma vez serviu de espaço para ´outro lado´. Perderam, pois, os leitores.
Essa é uma lógica perversa com o leitor da Folha: no flanco direito da pág. A3, ele perde sempre.
Perde se o jornal corrige poucos erros. E perde se o espaço para sua manifestação, o PL, é encurtado pelo Erramos esticado.
O Erramos e o Painel do Leitor não devem concorrer um contra o outro.
Há mil possibilidades de resolver o problema. Basta haver vontade editorial.
Dois critérios
A edição Nacional corrigiu em Erramos o sobrenome do músico Ron Wood, tema da crítica de ontem.
Na edição final, a correção sumiu.
Em todas as edições da sexta-feira a que tive acesso, inclusive a São Paulo, o erro se mantinha.
Por que corrigir apenas em parte dos exemplares?
Correção demorada
A primeira página reúne as informações mais relevantes ou interessantes do jornal, certo?
Na quinta-feira passada, a primeira página da edição Nacional afirmou que a seleção brasileira jogou na véspera com três atletas em ´idade olímpica´.
Na edição São Paulo, o número foi mudado para quatro.
Chamei a atenção na crítica daquele dia.
Até agora, não li correção nem na edição Nacional nem na São Paulo.
Pelo menos uma delas publicou informação errada na página mais nobre.
Mais demora
Anatomia da demora para corrigir.
Na sexta-feira, às 14h38, um dos mais atentos leitores da Folha, provavelmente o que mais se correspondente com o ombudsman, enviou e-mail apontando erro em edição da quarta-feira anterior, dia 6.
Às 15h50, sua mensagem foi encaminhada à Redação.
O erro: a reportagem ´Corretor diz que não quer ser ´bode expiatório´` (pág. B3 da quarta) afirma que um corretor francês provocou perdas alegadas de US$ 7,1 bilhões ao banco em que trabalhava.
No olho, o valor pulou para 7 bilhões de euros (não dólares).
Qual a moeda correta?
Até agora, não saiu correção.
Erramos?
A reportagem ´Governo quer criar 2 fábricas de adubo em Minas e Paraná` (pág. B3) afirma que um dos ´fertilizantes mais consumidos no Brasil` é o cloreto de potássio, com ´6,14 toneladas anuais´.
Só seis toneladas?
Prioridades
Mesmo com informação do Financial Times, me parece mais importante saber que a Xstrata recusou proposta de US$ 76 bilhões da empresa brasileira Vale do que ´Yahoo recusa proposta de US$ 44,6 bi da Microsoft´.
A primeira página da Folha deu mais atenção à segunda informação.
Valor e Estado destacaram na capa o malogro, pelo menos por enquanto, da negociação entre as mineradoras.
Na mosca
Dos jornais que eu vi, a Folha tem o melhor título sobre a CPI dos cartões, em manchete: ´Governo e oposição fazem acordo para esfriar a CPI´.
Folha versus Folha
Na nota ´Pelo telefone` (pág. A3), a Folha afirma que o deputado tucano Carlos Sampaio conversou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a CPI dos cartões.
Reportagem na mesma página, ´Acordo evita ´devassa` em contas de Lula e FHC na CPI´, diz que o deputado ´não se preocupou em consultar FHC´.
Repito: é comum apurações sobre o mesmo fato chegarem a conclusões distintas. Mas cabe ao jornal checar, descobrir qual versão corresponde aos fatos e padronizar os seus relatos.
Eufemismo
É claro que, no fundo, não está em jogo ´preservar familiares` de Lula e FHC, e sim preservar os dois, o centro do poder atual e passado.
A propósito, a palavra parente é mais precisa.
Há pessoas que são familiares dos presidentes, mas não são seus parentes.
Assim como há parente que não é familiar, no sentido de proximidade, convivência.
O apê do reitor
O reitor da UNB, que teria gasto centenas de milhares de reais turbinando seu apartamento funcional, merece ser ouvido pela Folha.
Ele já falou à TV.
O jornal deveria tentar (ou insistir).
Até porque, se confirmadas as suspeitas, seria um senhor escândalo de apropriação privada de recursos públicos.
Tradução
A reportagem ´Em crise, Hillary foca Texas, Ohio e recurso` (pág. A11) se refere a um ´estrategista político` da senadora.
O que é essa figura? A denominação não é usual em campanha eleitoral no Brasil.
A lista de tradução recém-divulgada recomenda traduzir ´strategist` como ´marqueteiro´.
Conta outra
A Folha não avança em um dos episódios mais mal contados dos últimos tempos: o linchamento de um policial militar em Guarulhos na madrugada de sábado.
O jornal vai depender dos relatos oficiais?
De antologia
Título: ´´Tropa de Elite` enfrenta imprevisto em Berlim´.
Imprevisto?
Foi um vexame, seja de quem for a culpa (é provável que da própria organização do festival).
Será que, se não fosse um filme brasileiro, a Folha trataria o episódio como ´imprevisto´?
O que ocorreu? Está na pág. E8.
Retrato do Brasil
Muito boa reportagem de ontem no Diário de S. Paulo, suitada hoje pelo ´Estado´, não pela Folha: ´Catador bebe cachaça de R$ 1,50 em mercado e paga com cadeia` – ´Flagrado tomando pinga na garrafa, homem já está há 7 meses em CDP superlotado. Defensoria quer anular processo´.
Sugestão de leitura
É brilhante a reportagem ´Suicídio.com´, publicada em 11 páginas na ´Época` desta semana.
Aula de jornalismo.
11/2/08
O desafio do Erramos
Como comentei na coluna de ontem, a Folha demora demais para corrigir os seus erros.
Abaixo, enumero vários deles, das últimas edições, a maioria apontada por leitores.
Os leitores ganhariam se o jornal se dispusesse a um tour de force para diminuir o tempo de espera das correções.
Erramos 1
Ou a abertura da chamada da manchete de hoje (´Obama leva prévias e se aproxima de Hillary´) está errada ou o jornal precisa fazer um amplo Erramos para as edições das semanas passadas.
O lide da chamada: ´Pela primeira vez, Barack Obama passou Hillary Clinton em número de delegados assegurados na disputa do Partido Democrata para a sucessão dos EUA´.
Está errado, pelo menos segundo a própria Folha: na verdade, só na Superterça Hillary passou Obama em número de delegados ´eleitos` (sem contar os cartolas, ´superdelegados´).
Ou seja, não é a primeira vez que Obama toma a ponta.
Rápida checagem confirma: na edição de 5 de fevereiro, a Superterça, quadro informou o placar de delegados democratas ´definidos até agora´: Obama 63, Hillary 48.
É curioso que a informação errada de hoje não conste da reportagem. O erro saiu na primeira página com a assinatura do repórter que, aparentemente, não é seu autor.
Erramos 2
A nota ´Não se esqueça de desligar` (pág. A4 de hoje) afirma que o Internacional foi campeão mundial no ´ano passado´.
O colorado conquistou o Mundial Interclubes em 2006, e não em 2007.
Erramos 3
Título na cobertura sobre o clube mais popular do Estado onde a Folha é editada, reafirmando a abertura do texto: ´Mano tem a 1ª expulsão da carreira` (pág. D4 de hoje).
Uma breve pesquisa no Google mostraria que o treinador já havia sido expulso algumas vezes, quando dirigia o Grêmio.
Erramos 4
A boa reportagem ´Marco da descoberta de petróleo vira favela` (pág. B10 do domingo) afirma que o campo de Lobato, na Bahia, foi ´batizado` com o sobrenome do escritor que o antecipou, Monteiro Lobato.
Que eu saiba, o local já se chamava Lobato.
Ou seja, houve uma coincidência.
Erramos 5
O texto ´Procuradoria vê plano para matar 2 autoridades` (pág. A8 do sábado) trata um procurador da República como ´chefe da Procuradoria Federal´.
Procurador federal é uma carreira do Executivo.
Procurador da República, não.
São funções diferentes.
Erramos 6
O texto ´Ministro do STJ diz que existem ´políticos blindados` no Brasil` (pág. A8 do domingo) afirma que ´outro writ´, expressão citada pelo ministro Napoleão Maia Filho, quer dizer ´instância, no caso, o TRF´.
Writ, como informa o Aurélio, é mandado de segurança.
Pode ser também habeas corpus.
Nada a ver com instância do Judiciário.
Erramos 7
A notícia sobre a nova publisher do ´Washington Post` informa que Katharine Weymouth, 41, trabalha no grupo ´desde 1966` (pág. A14 do sábado).
Então, saiu da maternidade e foi direto para a sede do jornal.
Erramos 8
Em linha-fina e reportagem, a pág. E4 da sexta-feira trata como Ronnie Woods o guitarrista Ron (Ronnie) Wood.
Como o texto repete várias vezes o erro (Woods), creio ser recomendável correção.
Mais Erramos
Há outros erros (ou supostos erros) apontados pelos leitores, em manifestações que agora à tarde estou enviando à Redação.
Sem narrativas
Abertura da reportagem que rendeu a manchete dominical (´Terra atinge preço recorde no país´): ´Produção em alta e intenção de plantio recorde para a safra 2007/2008 fizeram com que o preço da terra alcançasse valor recorde nominal em termos médios no país´.
É claro que a informação é relevante, mas pelo menos a edição de domingo deveria dar gosto, prazer de ler.
História desperdiçada
Texto de pé de página par, em duas colunas: ´Menino inicia 6ª geração de descendentes japoneses` (pág. C10).
Quantas histórias não há sobre a família de Enzo, 3, o menino que teve três antepassados no Kasato Maru…
Em vez de histórias, um registro meramente burocrático.
Que desperdício.
Caras
A edição de domingo, a mais nobre da semana, deve ser a mais caprichada.
É incrível que o jornal não tenha formulado um título mais criativo e menos ´Caras` no alto da primeira página de ontem: ´Fernanda Machado, de ´Tropa de Elite´, faz papel sexy em nova minissérie da Globo´.
Dois pesos, duas medidas
Não é obrigação do jornal citar sempre o nome dos governantes e seus partidos.
O que se espera da Folha é o emprego de critérios iguais ou semelhantes.
Na reportagem dominical ´Presos de MG convivem com ratos e sarna´, informou-se que as carceragens visitadas são ´administradas pelo governo Aécio Neves (PSDB-MG)´. (Bem, só podia ser MG…).
Já outra ampla reportagem, ´Recém-inaugurados, parques lineares já têm problemas´, do mesmo dia, não diz quem é o prefeito de São Paulo nem qual é a sua agremiação partidária.
Dois pesos, duas medidas.
Cartões
São muitas as frentes de investigação sobre o sistema de pagamentos com cartões na administração pública.
Seria importante o jornal não perder de vista que o foco é apurar os gastos dos centros do poder: Palácio do Planalto e Palácio dos Bandeirantes.
Furos
Manchete dominical do ´Estado´: ´Governo vai anistiar desmatador e reduzir áreas de preservação´.
Não vi a Folha recuperar hoje a notícia.
Ontem, o jornal recuperou furo do sábado, sobre a arma que matou coronel da PM.
´O Globo` informa hoje que o diretório dos estudantes da UNB pede o afastamento do reitor que gastou centenas de milhares de reais com cartão corporativo. Diante da anemia e da cooptação de entidades estudantis pelo governo, a novidade ganha ainda mais importância.
Fotojornalismo
´Globo` e ´Estado` publicam hoje uma excelente fotografia de Custódio Coimbra, com um raio caindo ´sobre` o Cristo Redentor.
Folha de Nova York
Título da primeira página de hoje do ´New York Times´: ´Maine to Obama; Clinton replaces campaign leader´.
Saiu em uma coluna e três linhas no lado esquerdo, que tem menos destaque que o direito, na capa.
Manchete da Folha, em quatro linhas e duas colunas, no lado direito: ´Obama leva prévias e se aproxima de Hillary´.
Ou seja: a Folha deu mais destaque que o ´New York Times´…
Jogando a toalha
Mais da metade do Painel do Leitor de hoje é de ´outros lados´.
Perdem os leitores, quase sem espaço para se manifestar.
O espectro da Escola Base
É ótima a reportagem de ontem ´Jovem diz que mentiu ao acusar de pedofilia casal de americanos` (pág. C7). Sóbria, não condena nem absolve os acusados, já que jornal não é (ou não deveria ser) tribunal.
A Folha não se contentou com os relatos da polícia e a denúncia do Ministério Público. Seguiu apurando. Deveria investigar ainda mais.
Parabéns à repórter Simone Iglesias.’