Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Detenções e fechamentos: o preço das charges

A organização Repórteres Sem Fronteiras [17/2/06] iniciou nesta sexta-feira uma campanha pela libertação de sete jornalistas presos no Iêmen, Síria e Argélia por republicarem os polêmicos desenhos do profeta Maomé. Pelo menos 12 jornalistas estão sendo processados em cinco países pelo mesmo motivo. Treze publicações foram fechadas temporariamente ou permanentemente na Argélia, Marrocos, Jordânia, Iêmen, Malásia e Indonésia pela decisão de estampar as charges em suas páginas com o objetivo de informar os leitores sobre a controvérsia.


Segundo a organização, as prisões, acusações criminais e proibições de funcionamento não são justificáveis, ‘independente do que as pessoas pensem dos cartuns e se eles deveriam ou não ser publicados’. A RSF e a Comissão Árabe para os Direitos Humanos reuniram jornalistas, intelectuais e autoridades religiosas de países Ocidentais e do Mundo Árabe em 9/2, em Paris, para debater a crise das charges. Um novo encontro será realizado em 25/2, no Cairo.


Para assinar a petição em apoio aos jornalistas presos, basta enviar uma mensagem para o endereço moyen-orient2@rsf.org.


Iranianos presos sem acusações ou direitos


A situação de sete jornalistas iranianos presos no fim de janeiro sem acusações formais preocupa o Comitê para a Proteção de Jornalistas. Os profissionais do jornal semanal Tammadon-e Hormozgan foram detidos na cidade de Bandar Abbas por terem publicado um artigo que satirizava líderes iranianos, entre eles o aiatolá Ruhollah Khomeini, fundador da República Islâmica.


Desde a prisão, os jornalistas estão incomunicáveis e inacessíveis para suas famílias, advogados ou cuidados médicos. Segundo um porta-voz do Comitê Iraniano para Defesa da Liberdade de Imprensa, há informações não-confirmadas oficialmente de que um dos profissionais teria morrido. O CPJ informou que iria investigar a suspeita.


Após a publicação do artigo, Bandar Abbas foi tomada por protestos violentos. Manifestantes atearam fogo aos escritórios do jornal – fechado por autoridades sob justificativa de ter violado as leis de imprensa do Irã. Na ocasião, a procuradoria-geral de Teerã interrogou Ali Dirbaz, editor do Tammadon-e Hormozgan e membro da câmara legislativa da cidade, e o liberou sob fiança. Um dia depois, o editor negou publicamente ter tido conhecimento prévio da publicação do polêmico artigo e pediu pela execução do jornalista responsável pelo texto, segundo reportou a estação de rádio em língua farsi Farda, com sede em Praga. Informações do CPJ [16/2/06].