Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O contador de histórias

Houve um tempo em que os escritores brasileiros de ficção costumavam despertar paixão entre os leitores. Jorge Amado era um deles, possivelmente o que mais paixão provocava no grande público, num grupo que incluía Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Érico Veríssimo, entre outros. Esse tempo acabou. Hoje, a relação dos brasileiros com seus autores contemporâneos é de outra ordem. “Assistimos a um momento em que não há mais a mesma paixão”, reconhece o poeta Alberto da Costa e Silva, representante da Academia Brasileira de Letras (ABL) na comissão que organiza as atividades do centenário de Amado, que nasceu em 9 de agosto de 1912, em Ferradas, na região cacaueira do sul da Bahia.

Nessa comemoração, o Brasil vai reviver a antiga paixão por meio de uma série de atividades que lembrarão o escritor. A começar pelo Carnaval da Bahia e do Rio, nos quais personagens amadianos vão protagonizar eventos populares que trarão novamente à cena as tramas pitorescas que, quando lançadas, atraíam milhares de pessoas ávidas para lê-las. A Rede Globo prepara a readaptação de Gabriela, Cravo e Canela e o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, vai inaugurar neste primeiro semestre uma grande exposição sobre o autor. De vários países, chegam à família Amado propostas de homenagens que se pretende prestar a ele.

Um escritor de ficção só atinge seu grande momento junto ao público quando cria grandes personagens, observa Costa e Silva: “Jorge Amado foi mestre nisso, com personagens inesquecíveis”. E esta peculiaridade: além dos protagonistas, seus romances se apoiam “numa multidão de outros personagens, coadjuvantes do maior interesse”. A obra de Amado já foi traduzida para 48 idiomas, em 54 países, segundo dados da Fundação Casa de Jorge Amado. As reedições realizadas desde 2008 pela Companhia das Letras, que já publicou 37 títulos do autor, venderam 240 mil exemplares em livrarias, sem contar encomendas de governo. Para saber o total vendido até hoje, a pesquisadora Ilana Goldstein, autora de O Brasil Best Seller de Jorge Amado (Senac), realizou um levantamento junto às editoras antigas do escritor e estima que o montante se encontre na casa dos 30 milhões. “É um autor extraordinariamente importante para nossa história. Iniciou muita gente na leitura e ajudou um país inteiro a aprender a ler. Foi o escritor brasileiro mais popular do século XX, e com qualidade literária”, destaca João Ubaldo Ribeiro.

Vontade narrativa

Mesmo com a popularidade e elogios como esses, não se deve esperar unanimidade nas discussões em torno de seu legado. Os livros de Amado sempre foram alvo de fortes ressalvas. A severidade no julgamento – seus personagens seriam rasos, estereotipados, o português descuidado etc. – fez com que fosse menosprezado nas análises universitárias de letras, apesar de sempre apreciado por antropólogos e sociólogos. A postura dos críticos literários contribuiu para um certo descrédito de sua obra e possivelmente para o afastamento dos leitores, sobretudo os mais jovens, algo que as reedições iniciadas em 2008 pela Companhia das Letras têm buscado reverter. O centenário será um momento-chave nessa reconquista, com debates, filmes, show, peças teatrais, livros, além da novela. Toda essa movimentação será uma oportunidade para que se renove também o debate sobre a nova relação da literatura e da crítica com os leitores.

A escritora Myriam Fraga, diretora-executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, com sede no Pelourinho, em Salvador, recorda-se do furor que o surgimento de Gabriela, Cravo e Canela provocou, em 1958: “Eu era adolescente quando o livro foi publicado e o lançamento levou horas, com filas e mais filas”. Myriam, no cargo desde quando a Fundação foi criada, há 25 anos, convivia quase diariamente com Amado, que morreu em 2001. A “máquina” do Partido Comunista do Brasil, do qual o escritor foi dirigente, ajudava na sua projeção, mas não explicava o arrebatamento. “Muitos autores comunistas não chegaram a lugar nenhum”, constata Myriam. O mesmo tipo de fenômeno ocorria no exterior.

O húngaro Ferenc Pál, professor de literatura brasileira em Budapeste, reconhece que os livros de Amado circulavam nos países da Cortina de Ferro em virtude da filiação política do autor, mas não por esse motivo as pessoas os liam. “No ambiente sisudo em que vivíamos, gostava-se de Jorge Amado porque suas histórias são alegres”, disse Pál em debate realizado no Rio em 2009. O baiano foi o escritor estrangeiro mais popular da Hungria em meados do século passado.

Nos países lusófonos, Amado era igualmente muito estimado. Quando a reedição de sua obra foi anunciada, há três anos, escritores portugueses e africanos (de língua portuguesa) demonstraram grande entusiasmo – ainda mais que os brasileiros, conta o editor da Companhia das Letras Thyago Nogueira. “Eu me surpreendi, e ainda hoje me surpreendo, ao constatar a penetração que Jorge Amado teve no mundo todo. Sua obra circulou num grau do qual eu acho difícil termos a exata dimensão.” Em sua opinião, o escritor combinava boa literatura com apelo popular. “Atualmente, existe um certo pudor em relação a isso, como se tudo que fosse popular fosse menor. Mas, para Jorge Amado, o povo era a matéria-prima. Ele tinha ouvido grande para o que acontecia nas ruas e fazia uma transposição interessante do ponto de vista literário. Sua escrita é oral, engraçada, irônica e incorpora uma série de registros. Para editar seus livros, precisei ir milhões de vezes ao dicionário. Muitas vezes, ele usava palavras que tinha ouvido apenas na rua”, afirma Nogueira.

O mergulho no universo popular, como o do candomblé, foi motivo de crítica e preconceito, lembra Myriam. “Essa aproximação com a cultura afro-baiana, muito viva na Bahia, começou no romance Jubiabá [1935] e não foi bem aceita.” Pois é justamente a maneira como Amado lida com esses temas um dos motivos da admiração do escritor Alberto Mussa, que, em sua obra, transita entre o erudito e o popular: “Jorge Amado trata as pessoas do povo e do candomblé com respeito e consegue tirar desse ambiente uma matéria literária. Não se vê isso o tempo inteiro e é algo pouco valorizado. Ou existe um distanciamento ou uma representação muito estereotipada”.

Temas populares teriam saído de moda. A média dos autores contemporâneos, segundo Mussa, prefere personagens urbanos, confinados a apartamentos, que sofrem com angústias psicológicas e exercem a mesma profissão que eles, como a de escritores ou professores. “Mas uma literatura em que o personagem é a cópia do autor resulta empobrecedora. Jorge Amado tem a vantagem de se lançar em outros mundos. É difícil retratar bem um marujo, nunca tendo sido um”, elogia Mussa. O romance Terras do Sem-Fim (1943), sobre a disputa de coronéis pelo cacau, é considerado pelo escritor um dos melhores da literatura brasileira no século XX. Outros títulos de Amado que destaca são Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966) e Os Velhos Marinheiros (1961), composto da novela A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água e do romance O Capitão-de-Longo-Curso.

“Em termos de linguagem, prefiro algo mais trabalhado e clássico, mas suas histórias são muito boas. Retratam uma parte do Brasil pouco conhecida, como a região baiana do cacau, e trazem personagens exuberantes. Os livros são extremamente bem construídos em termos de fruição e prazer. Se sua valorização é sinal de que estamos recuperando a vontade narrativa, isto já será muito bom”, diz Mussa.

Os escritores, hoje, não dão prioridade à opção de contar histórias, analisa Musa. “É como se fosse algo inferior, que relacionam talvez ao modelo narrativo do cinema. A literatura verdadeira estaria, então, em outro lugar.”

Cabeça alta

Sem histórias interessantes, corre-se o risco de tornar os leitores arredios, comenta Costa e Silva. “Jorge Amado se propôs ser um contador de histórias, e logrou sua proposta. Ele escolheu por assunto a vida cotidiana, com seus dramas e alegrias, e não lida com grandes angústias.” Esse universo – aparentemente simples – dificultaria a tarefa dos críticos. “É mais fácil escrever teses sobre quem traz muita coisa nova na forma de escrever, como Rosa ou João Cabral de Melo Neto. Autores como Jorge Amado ou Manuel Bandeira são um bocado difíceis. Mas a crítica está mudando. Vamos assistir a um cansaço muito grande do formalismo pelo formalismo.”

O centenário, na opinião de Costa e Silva, será uma ótima oportunidade para o reexame, sobretudo estético, da obra amadiana. “É necessário recolocar seus livros no lugar em que merecem estar.” Se suas frases soam descuidadas, trata-se de efeito proposital, analisa Costa e Silva: “Ele era cônscio de suas responsabilidades artísticas e escrevia querendo escrever de determinada maneira. O estudo do Jorge criador de linguagem e artista poderá abrir novos caminhos para o entendimento de sua obra. Ficou uma ideia de que ele era um improvisador, mas não há nada de frouxo nele”. Seus personagens tampouco seriam rasos: “Não vejo nenhum deles que não seja repleto de contradições e de mudanças no desenrolar da história”.

No entanto, quem defende o autor de Mar Morto sabe que a controvérsia pode não tardar. “Jorge Amado sempre foi polêmico”, assinala Myriam. A crítica costuma se dividir entre os que o consideram um mestre do romance e os que o veem como um trivial contador de histórias, e ainda sobre outras questões, como o elogio que faz da mestiçagem. “Sua obra encerra uma utopia. E ele sentia muito orgulho em ser reconhecido como contador de histórias. Jorge queria fazer uma obra acessível, acreditava que a literatura poderia ser um meio de libertação”, diz Myriam.

Costa e Silva destaca outro aspecto positivo: “É algo curioso, uma de suas grandes qualidades, apreciada pelo leitor. Todo livro de Jorge Amado que se leia, seja Capitães da Areia [1937] ou Tocaia Grande [1984], apesar da violência e das indignidades que apresentam, sempre nos deixa de cabeça alta. Ninguém sai acabrunhado de um livro de Jorge. É um autor que destila esperança”. Mas a respeito da esperança, nestes tempos pós-ideológicos e conformistas, a dúvida se insinua: Jorge Amado estaria de fato fora de moda?

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O personagem mora ao lado

Os personagens de Jorge Amado moram conosco, estão ao nosso lado: basta percebê-los. “É um escritor que não tem nada de exótico. Só é exótico aquilo que não temos diante dos olhos, mas convivemos diariamente com essas personagens sem conseguir ver a sua parte especial, a sua originalidade”, afirma Alberto da Costa e Silva, integrante da comissão que organiza a comemoração do centenário do autor. “São personagens realistas, reais. Se não existiram, poderiam ter existido. Amado tem um entendimento pleno, mais do que pleno, lírico, da Bahia e da sua gente. Ele captou determinados momentos da vida brasileira como poucos entre nós.” Isso, inclusive no momento de retratar as mulheres.

“Nas personagens femininas, ele encontra seus grandes momentos. Amado é um escritor de mulheres fortes e, nesse sentido, um escritor brasileiro, porque o Brasil é um país de mulheres fortes, construído por mulheres fortes”, diz Costa e Silva. Neste Natal, a Companhia das Letras lançou a caixa “As Mulheres de Jorge Amado”, comemorativa do centenário, reunindo quatro romances: Gabriela, Cravo e Canela, Tereza Batista Cansada de Guerra, Tieta do Agreste e Dona Flor e Seus Dois Maridos.

Myriam Fraga, diretora-executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, diz acreditar que não se deve destacar os protagonistas sem observar o entorno, como em Gabriela: “Por trás da história da moça Gabriela, ele faz uma coisa importantíssima, que é o panorama da região do cacau, das lutas pela terra, dos modos de vida. Esse pano de fundo é impressionante”. Alguns personagens, apesar de secundários, são marcantes, como mestre Manuel, dono de um saveiro, e sua mulher Maria Clara, “presentes nos romances urbanos”. “É muito complexa a obra de Jorge Amado, com desdobramentos de livro em livro e diferentes vertentes”, observa Myriam.

As mulheres

Em 1958, Amado publicou Gabriela, Cravo e Canela. O livro foi escrito depois do rompimento do escritor com o Partido Comunista. Segundo Myriam, a obra traz novidades inspiradas em parte no novo posicionamento político do autor. “‘Gabriela’ ficou como um divisor de águas, embora Amado o considerasse uma continuidade de outros, como “Terras do “Sem- Fim”, diz Myriam, que tem uma relação quase pessoal com a personagem. “Não consigo me identificar com Gabriela. Ela é instintiva demais para mim, acho que lhe falta um pouco de consciência”, diz a escritora. “Mas é uma das mais ricas personagens de Jorge Amado, motivo de várias interpretações e inúmeras críticas.”

A pesquisadora Ilana Goldstein, autora de O Brasil Best Seller de Jorge Amado (Senac), lembra que Gabriela chega a Ilhéus com um grupo de retirantes, suja e maltratada, e logo se revela uma linda e perfumada mulata. “Há quem diga que Jorge Amado era machista e tratava a mulata como mero objeto sexual. Ora, Gabriela é exatamente o contrário: ela é livre, dorme com quem quer, quando quer. Gabriela tem opiniões próprias e não se enquadra nas convenções sociais”, afirma Ilana, que se surpreende ao lembrar que o livro foi escrito antes da eclosão dos movimentos feministas nos anos 1960.

Para o escritor Alberto Mussa, não é o aspecto libertador que encanta: “Gabriela é uma espécie de recriação de Eva, um estereótipo, mas muito interessante”. O escritor Walcyr Carrasco, que prepara a nova adaptação do livro para a Rede Globo, a personagem, ao contrário de Eva, “não vê pecado em coisa alguma”. O autor leu o livro pela primeira vez aos 11 anos: “O que me espantou nele foi a ousadia moral, a flexibilidade dos conceitos, quando o amor fala mais alto que as tradições”.

Outra mulher forte de Jorge Amado é a protagonista de Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966). Ilana observa que, na opinião do antropólogo Roberto DaMatta, “tanto no romance quanto na sociedade brasileira não queremos optar, preferimos conciliar mundos e lógicas opostas. Dona Flor seria, portanto, uma alegoria da sociedade brasileira, que só se realiza quando tem as duas faces da moeda: sexo e casamento, ilícito e regulamentado, malandragem e trabalho, favor e lei”.

Mussa aponta outra qualidade: “A natureza do triângulo amoroso em que Dona Flor se envolve. Além de fantástico, característica rara na literatura brasileira, é uma metáfora do conflito das mulheres daquela geração, divididas entre o amor sensual e a segurança do lar”.

A protagonista de Tieta do Agreste (1977) seria, de acordo com Mussa, “apesar de todos os elementos estereotipados, das melhores prostitutas da nossa literatura”. Como lembra o professor Benedito Veiga, da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), no livro o autor “apresenta a vida humana como uma flutuação de interesses, por vezes desmascarados”. Myriam acrescenta: “Quando ninguém falava em ecologia, Jorge Amado fez um romance contra uma fábrica de dióxido de titânio, implantada numa das praias mais bonitas do litoral baiano. Esse livro é um libelo contra isso. Tieta se envolve em várias peripécias, inclusive na luta contra a fábrica”.

Mulheres destemidas, donas de si, determinadas, povoam a obra de Amado. Myriam também vê qualidades em Lívia, de Mar Morto. “Não é tão conhecida, mas é muito importante. Quando o pescador Guma morre num naufrágio, ela assume seu lugar: pega o barco e vai para o mar, ocupando o seu espaço como personagem. É muito bonito o final de Mar Morto”.

Os homens

Na galeria de personagens que criou, um dos preferidos do próprio Amado, entre os masculinos, é Pedro Archanjo, de Tenda dos Milagres (1969). “O escritor colocou na boca dele frases que costumava dizer, como ‘meu materialismo não me limita’, para justificar o interesse de um comunista ateu pelo candomblé”, afirma Ilana. De acordo com Veiga, Archanjo é aquele personagem que mais se aproxima biograficamente de Amado: “Popular e lúcido, aponta e desafia a suposta segregação racial e social de uma dita baianidade”. Ele seria “um arauto da mestiçagem brasileira, diretamente ligado à cultura popular”, completa Ilana. Como afirma a pesquisadora Rosana Ribeiro Patrício, também da (Uefs), Archanjo era “ojuobá, bom prosador, bom no trago, rebelde, defensor de suas causas, sábio, artista da moqueca de arraia, declamador de versos”.

O protagonista de A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água (1961) é outro personagem sempre citado na galeria de figuras amadiana. Mussa o destaca “por ter morrido duas vezes, cada morte sendo metáfora de uma das suas personalidades”. Veiga diz acreditar que, com Quincas, Amado “representa as opressões a que a vida pequeno-burguesa submete o ser humano e aposta no caráter transformador do popular”. Myriam define: “Quincas significa a rebeldia, a negação do bem comportado. É como um grito de liberdade”.

Vasco Moscoso de Aragão, de O Capitão-de-Longo-Curso (1961), está entre os personagens preferidos de João Ubaldo Ribeiro na obra de Amado. Herdeiro de uma fortuna que dilapidou, Vasco adicionou ao nome o título de comandante. “No fim da vida, morador no subúrbio de Peri-peri, perto de Salvador, inventava histórias fantásticas de suas aventuras marítimas com as quais deixava a vizinhança extasiada”, descreve Myriam. Segundo Mussa, o personagem, “por ignorância, alcança a melhor solução para um problema insolúvel por meios racionais. É símbolo da circularidade entre os conceitos de verdade e mentira”. Veiga observa: “Com Vasco, Jorge Amado busca representar as forças existentes no ato de acreditar, mesmo que tais crenças pareçam, às vezes, impossíveis”.

A obra de Amado é ainda habitada por uma série de “coronéis” e jagunços, presentes nos romances do chamado ciclo do cacau. Entre os coronéis mais emblemáticos está Sinhô Badaró, de Terras do Sem-fim (1943). “É um patriarca cruel e ao mesmo tempo místico, que age como se fosse cumprir um destino imponderável emanado da vontade divina”, diz Mussa. No mesmo romance, o jagunço Damião surpreende. “É um matador frio e infalível, mas sem a noção exata da maldade. Ele enlouquece e se funde com a mata quando percebe, pela primeira vez, a possibilidade do remorso”, continua Mussa. “Acaba sua vida louco, a andar pelas roças de cacau, a murmurar palavras sem nexo sobre crianças mortas e caixões brancos de anjos”, completa Myriam.

Nacib (de Gabriela), Vadinho (de Dona Flor), Jesuíno Galo Doido (de Os Pastores da Noite), Antônio Balduíno (de Jubiabá) são alguns dos muitos outros personagens destacados pelos conhecedores da obra de Amado. Eles compõem uma galeria que parece infinita. (RB)