Quem gosta de biografias já pode começar a separar lugar no criado-mudo e tempo para ler as várias que serão lançadas neste ano. O gênero, um dos sucessos de vendas no ano passado com o livro sobre Steve Jobs terminando 2011 como o mais vendido, é uma das apostas de editoras nacionais e internacionais. Entre os muitos títulos que vêm por aí, chama a atenção a grande quantidade de bios de músicos. Amy Winehouse ganha a sua, escrita pelo pai, com lançamento previsto para junho pela americana Harper Collins, que anuncia também Courtney Love e Gregg Allman. A vida de Mick Jagger e a de Frank Sinatra saem pela Companhia das Letras, que também publicará as de Getulio Vargas, Carlos Lacerda e Carlos Marighella.
A Leya, que entrou no Brasil no fim de 2009 e conquistou rapidamente lugar entre as listas de mais vendidos com suas publicações, destaca o lançamento das biografias de James Brown, Johnny Cash, Che Guevara e Tolstói. “Biografias sempre foram uma linha forte para nós e não será diferente em 2012. Vamos continuar com a mesma estratégia de sair com poucos livros, se comparado às grandes editoras, e investindo em diversas linhas de interesse geral”, diz Pascoal Soto, diretor editorial da Leya Brasil. A editora, em 2011, pôs 100 livros no catálogo e promete por volta de 110 neste ano. “Agora temos um fundo de catálogo que começa a fazer volume e estamos otimistas para este ano, prevendo mais um bom crescimento. De 2010 para 2011 crescemos 150%.”
Outra aposta das editoras serão títulos de ficção. Pode-se esperar importantes lançamentos de ficção contemporânea pela Cosac Naify. “Preferencialmente de autores europeus e de língua espanhola, já que não costumamos fazer o que as grandes editoras fazem, investir nos ingleses e americanos”, diz Cassiano Elek Machado, diretor editorial. “Depois do grande sucesso que Valter Hugo Mãe fez na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2011, vamos lançar seu novo livro, Filho de Mil Homens.”
Há alguns anos se destacando com lançamentos de livros de fotografia, a Cosac continua a investir nesse nicho e confirma pelo menos mais cinco títulos da coleção “Photo Poche”, lançada com sucesso em 2011 com os livros de Henri Cartier-Bresson, Man Ray, Helmut Newton, Sebastião Salgado e Elliott Erwitt. “Também chamaria a atenção para o que vamos publicar na área de design. Em março deve sair a História do Design Gráfico Brasileiro, organizado por Elaine Ramos e Chico Homem de Melo, e ao longo do ano teremos novidades em design gráfico”, conta Cassiano.
Voltando à ficção, a Rocco diz que se tivesse que destacar um gênero para 2012 seria o policial. “Temos atualmente autores que o modernizaram, como a japonesa Natsuo Kirino, o americano Duane Swierczynsk e a irlandesa Tana French. Esta estreou com No Bosque da Memória, que foi até comparado a Sobre Meninos e Lobos (Dennis Lehane), e lançaremos dela no segundo semestre Faithful Place, ainda sem título em português”, adiantou Vivian Wyler, gerente editorial da Rocco. Ela confirma também Rogue Island, do jornalista americano Bruce DeSilva, escolhido em 2010 como uma das melhores estreias pela Publishers Weekly. Em ficção nacional, a Rocco festeja a aquisição de Paloma Vidal, cuja estreia na casa será em setembro com Mar Azul, e o lançamento de dois autores menos conhecidos no eixo Rio-São Paulo, o goiano Wesley Perez e a paraibana Marília Arnaud.
As garotas continuam sendo o foco da Novo Conceito. “A meta para este ano é lançar em média cinco títulos por mês, dos quais pelo menos dois serão direcionados a esse público”, afirma Fernando Barracchini, CEO da editora. “Mas também vamos investir em um público mais adulto, masculino e feminino, com temas densos na área de ficção. As grandes apostas serão o lançamento quase simultâneo com os Estados Unidos de Cruzando o Caminho do Sol (A Walk Across de Sun), de Corban Addison, e a Casa das Orquídeas, romance de Lucinda Riley que já vendeu mais de 2 milhões de exemplares no mundo.” O livro de Addison saiu em janeiro nos EUA e a editora garante lançamento no fim de fevereiro no Brasil. Casa das Orquídeas chega em março às livrarias.
Ainda falando de best-sellers, a Objetiva confirma para este ano a edição em português de Sob a Redoma (Under the Dome, 2009), do americano Stephen King, autor que figurou semanas a fio na lista dos mais vendidos nos últimos anos. É seu primeiro romance desde o sucesso Duma Key (2008). Sob a Redoma sai pela Suma das Letras, um dos selos da Objetiva. Aliás, a editora afirma que não vai apostar em nenhum gênero específico e seguirá com lançamentos para seus cinco selos. São aguardados em português, ainda, os primeiros dois volumes da trilogia “1Q84”, do japonês Haruki Murakami; o Refúgio da Memória, livro de ensaios escrito pelo historiador americano Tony Judt em 2010, ano que em que morreu; e o relançamento da obra de Mario Quintana.
Uma das gigantes internacionais, a americana Random House, garante que graphic novel é a categoria preferida dos brasileiros e uma tendência editorial. Promete diversos lançamentos de títulos de grandes autores e de personagens famosos. “Teremos quadrinhos de George R.R. Martin, um de nossos autores mais vendidos no mundo”, afirma Filipe Silva, gerente de vendas para América Latina. “Fora isso, um lançamento que com certeza vai dar o que falar será do livro The Expats (Chris Pavone), que vai virar filme e teve os direitos comprados pela Sextante”, revela.
Em um ponto todas essas editoras foram unânimes: 2011 foi um ótimo ano. Cosac Naify afirma ter conseguido crescer dentro de seus objetivos e se reestruturado após a saída de Augusto Massi, responsável durante dez anos (até 2011) por sua linha editorial. Segundo Machado, os impactos da mudança foram sentidos mais internamente. Companhia das Letras também comemorou seus resultados, fechando o ano com dois lançamentos importantes que impulsionaram as vendas, o livro de Jô Soares As Esganadas e a biografia de Jobs. Além disso, acredita que a parceria com o grupo inglês Penguin trará ainda melhores cifras. Agora é só aguardar e já ir fazendo a lista dos títulos que vão alimentar corpo e alma neste ano que mal começou.