A revista Veja desta semana (com uma capa pra lá de apelativa) reclama da baixaria que vem tomando conta da TV. No editorial, publicaram: “O beijo mais casto já foi considerado imoral no cinema nos anos 30 e hoje a nudez parcial e as cenas que evocam o ato sexual são comuns nas telas.” É a mídia contribuindo para, aos poucos, romper toda barreira que ainda persiste na tentativa de conter a avalanche de imoralidade que toma conta do mundo. Mesmo sob a suspeita de que um dos participantes do reality BBB teria estuprado uma colega adormecida (ou entorpecida pelo álcool), Pedro Bial disse: “O amor é lindo.” Além de distorcer o significado da palavra amor (na verdade, o que houve, possivelmente, teria sido abuso – ou, que seja, fornicação voyeurística), o jornalista ajuda a esconder os fatos – o que a própria Globo fez, ao retirar da internet os vídeos suspeitos. Depois, Bial simplesmente justificou a saída do rapaz dizendo que o que ele havia feito se tratava de “comportamento inadequado”. Só isso? Possibilidade de estupro (crime), então, seria apenas “comportamento inadequado”?
As redes sociais fervilharam. A TV Record aproveitou a polêmica e martelou o “escândalo BBB” durante todo aquele dia. E a Veja, sem poupar críticas, escreveu: “Santa ironia: a emissora dos bispos da Igreja Universal do Reino de Deus, lar do assistencialismo apelativo de Gugu Liberato, do sensacionalismo do Domingo Espetacular e das peladonas de A Fazenda, desancava o baixo nível da líder de audiência. Logo quem.” Pois é, Edir, o sujo não pode falar do mal lavado.
Abuso deixa de ser abuso
Voltando ao BBB da Globo, o que esse programa chulo tem promovido? O consumo de álcool, o comportamento irresponsável e o sexo livre. E o que a mesma emissora hipocritamente combate ou noticia com espanto, de vez em quando? Os malefícios do álcool (famílias desfeitas, crimes e mortes no trânsito, por exemplo) e o aumento do número de mães adolescentes solteiras. Além disso, tenta combater a disseminação de doenças como a Aids (com campanhas igualmente apelativas). Ou seja: morde e assopra.
Infelizmente, é a lei, os valores, os princípios morais e a mente dos brasileiros que vêm sendo estuprados diariamente por essa programação rasteira. Passou dos limites? Sim, mas a audiência continua nas alturas… E uma vez consentido, o abuso deixa de ser abuso.
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[Michelson Borges é jornalista e mestre em teologia]