Benedito Barros Barreto (1897-1947), o Belmonte, um dos caricaturistas mais importantes na primeira metade do século 20, criador do personagem Juca Pato, é um dos nomes da imprensa brasileira a serem resgatados pelo Grupo Folha, por meio do recém-lançado selo Três Estrelas. O nome é uma referência ao símbolo publicado desde 1961 no jornal, após a fusão da Folha da Manhã, da Folha da Tarde e da Folha da Noite, que deu origem à Folha de S.Paulo.
À frente da empreitada está o jornalista Alcino Leite Neto, editor do selo. Segundo ele, ao mesmo tempo em que servirá de “casa editorial” dos jornalistas e colunistas da Folha, o Três Estrelas estará aberto a profissionais de todas as publicações do país que desejem publicar reportagens de fôlego. “Ambicionamos também reunir pesquisadores e ensaístas de diferentes áreas das ciências humanas”, diz Leite Neto.
Os dois primeiros lançamentos do selo são História da Imprensa Paulista, de Oscar Pilagallo, e A Perfeição Não Existe, de Tostão, colunista do jornal. “Eles demarcam bem as duas franjas do território jornalístico em que iremos atuar e é uma de nossas prioridades”, afirma Leite Neto. “De um lado, a pesquisa histórica sobre o jornalismo brasileiro. De outro, a crônica de autor. Entre uma e outra franja, há uma série de caminhos editoriais a seguir, como as grandes reportagens e as biografias com abordagem jornalística.” O livro de Pilagallo será [foi] lançado na segunda-feira (26/3), na Livraria Cultura, em São Paulo, a partir das 19h (av. Paulista, 2.073, São Paulo – Conjunto Nacional).
Os próximos lançamentos
Leite Neto afirma que o próprio acervo do quase centenário jornal será fonte para eventuais títulos, lembrando que por lá já passaram nomes como Oswald de Andrade, Jorge Amado, Cecília Meireles e Antonio Candido. “Há vários outros intelectuais e escritores relevantes que colaboraram regularmente com a Folha e cuja obra jornalística merece ser republicada”, diz ele, com uma ressalva. “As coletâneas serão editadas com moderação. Nosso projeto não é focado nelas, mas, sobretudo, na publicação de reportagens inéditas, de ensaios sobre temas contemporâneos e de livros sobre a história brasileira e mundial.”
Uma coletânea de Paulo Francis está entre os próximos lançamentos previstos. O título será seguido dos livros Condenado à Morte (Ricardo Gallo), sobre o brasileiro sentenciado à morte na Indonésia, Operação Banqueiro (Rubens Valente), a respeito da Operação Satiagraha, e ainda tradução de livros como Conversa sobre a História de Detetives (título traduzido provisório), ensaio da escritora policial britânica P.D. James sobre a história dos livros de mistério.
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[Eduardo Simões, do Valor Econômico]