Quando for lançado seu primeiro número em chinês, em outubro, a revista literária Granta, com sede em Londres, terá uma presença em quatro das línguas mais faladas no mundo. Mas os planos para a globalização de uma publicação trimestral destacada que se descreve como “a revista dos novos talentos literários” não se limitam a isso.
“Em cinco anos, posso nos visualizar com 15 ou 17 edições estrangeiras”, disse o editor da Granta, John Freeman. “Quero encontrar as pessoas que realmente querem a revista e precisam dela, estejam elas onde estiverem e isso significa procurar em todo o mundo.”
Além do inglês e do chinês, a Granta também é publicada em espanhol, português, italiano, búlgaro, sueco e norueguês. Essas edições não apenas trazem versões traduzidas de artigos que saíram originalmente em inglês -muitas delas também encomendam trabalhos originais de escritores locais (o árabe é a única língua entre as cinco maiores do mundo a não contar com sua edição própria).
Cada edição é organizada em torno de um tema único, geralmente um lugar ou assunto, que é tratado através de vários gêneros de ficção e não ficção.
O romancista Richard Russo, falando sua ligação com a revista no início de sua carreira, comentou que a Granta “reforçou minha reputação e me proporcionou reconhecimento de nome”.
Guia para leitores
A Granta foi fundada em 1889 como revista literária da Universidade de Cambridge; seu nome é derivado de um rio local. Ela foi um dos primeiros veículos em que A. Milne, M. Forster, Ted Hughes, Michael Frayn e Cecil Beaton foram publicados.
Após um período de dificuldades financeiras crescentes, em 1979, a revista se reformulou e começou a focar escritores e leitores fora de Cambridge. Seus editores também já não se limitam ao Reino Unido: Freeman é americano e a publisher e benfeitora principal da revista, Sigrid Rausing, é uma filantropa sueca.
“Contamos com o apoio financeiro de Sigrid, e isso é essencial”, disse Freeman. Mas, segundo ele, o valor que ela gasta com a revista “se reduziu pela metade nos últimos três anos”, graças em grande medida ao aumento das assinaturas nos Estados Unidos e à presença de mais anúncios.
A edição de maior sucesso comercial da Granta em inglês foi a de 2010 dedicada ao Paquistão, que teve mais de 50 mil exemplares vendidos. Mas as vendas de livros também crescem, deixando a Granta em posição melhor do que estava antes do início da Grande Recessão, em 2008.
Em 1983, a Granta publicou sua primeira lista dos 20 “Melhores Jovens Romancistas Britânicos”; hoje a lista, redigida a cada dez anos, tornou-se parte importante da identidade do periódico. A lista inicial incluía Martin Amis, Julian Barnes, William Boyd, Kazuo Ishiguro, Ian McEwan e Salman Rushdie.
“Os Melhores Jovens Romancistas de Língua Espanhola” saiu em espanhol em 2010 e em agosto a edição em português publicou “Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros”.
Peng Lun, editor da edição chinesa, descreveu as listas como “um guia para leitores chineses curiosos”. “Acho que há um público crescente de pessoas jovens e instruídas, formadas em universidades, que querem conhecer estas vozes novas”, explicou ele.
***
[Larry Rohter, do New York Times]