Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Folha de S. Paulo

CAMPANHA
Felipe Seligman

TSE aplica 4ª multa a Lula e 2ª a Dilma por propaganda

‘O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Henrique Neves aplicou ontem a quarta multa ao presidente Lula e a segunda à pré-candidata Dilma Rousseff por propaganda eleitoral antecipada.

Desta vez, eles foram multados em R$ 10 mil e R$ 5.000, respectivamente, por evento em São Bernardo do Campo (SP) no dia 10 de abril.

Também receberam multa pelo mesmo motivo o pré-candidato petista ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante (R$ 7.500), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (R$ 7.500), o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (R$ 7.500) e o deputado Paulo Pereira da Silva (R$ 7.500).

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, afirmou à Folha que irá recorrer da decisão ao próprio TSE, que deverá julgar o caso em plenário.

O ministro do TSE acatou pedido do PSDB, que alegou ter havido propaganda em favor de Dilma durante um evento que foi marcado pelo PT para se contrapor ao lançamento da pré-candidatura do tucano José Serra à Presidência, ocorrida no mesmo dia, em Brasília.

Na ocasião, Dilma e Lula fizeram críticas diretas a Serra e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O presidente citou, por exemplo, o slogan ‘o Brasil pode mais’, utilizado pelo PSDB, para dizer: ‘nós fizemos mais’.

Lula também brincou com a semelhança da frase tucana com o lema da campanha do presidente dos EUA, Barack Obama. ‘Não basta copiar o Obama e dizer ‘nós podemos mais’. Porque o Obama já disse que eu sou o cara’, afirmou.

Dilma, por sua vez, disse no evento que não trairia o povo e que a militância do PT nunca a veria ‘por aí pedindo que esqueçam’ o que escreveu.

Outras multas

Lula já foi multado outras três vezes. Na terça-feira, os ministros entenderam que o discurso dele na inauguração de prédios de uma universidade em Teófilo Otoni (MG), em fevereiro, foi favorável à pré-candidatura de Dilma. A multa aplicada foi de R$ 5.000.

A representação foi proposta por PSDB, DEM e PPS. A oposição alegou que o verdadeiro propósito da viagem do presidente teria sido ‘propagandear que vai fazer a sua sucessão’.

A primeira multa aplicada a Lula, também de R$ 5.000, foi por conta de um discurso feito em evento do PAC no Rio. A segunda, de R$ 10 mil, por fala na inauguração de um sindicato em São Paulo. Ao todo, ele terá que pagar até agora R$ 30 mil.

Já Dilma foi multada pela primeira vez na semana passada, em R$ 5.000, devido a programa do PT que foi ao ar em dezembro do ano passado.

Nenhuma das punições aplicadas até o momento foram pagas. Isso porque o TSE abre um prazo de 30 dias após o trânsito julgado do caso, ou seja, quando não há mais possibilidade de recurso, para que as multas sejam liquidadas, o que ainda não ocorreu em nenhum dos casos.’

 

Bernardo Mello Franco

Marina também é denunciada por campanha

‘A Procuradoria-Geral Eleitoral denunciou ontem a pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, por propaganda antecipada.

A representação foi baseada em foto publicada pela Folha na semana passada. Se for condenada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a senadora terá que pagar multa de R$ 5.000 a R$ 25.000.

Para a vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, Marina se beneficiou por propaganda irregular em visita a Natal, no dia 11.

A reportagem mostrou que seus aliados penduraram uma faixa de cerca de quatro metros de comprimento na fachada da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, onde ela recebeu o título de cidadã honorária do Estado.

O material trazia a imagem estilizada da pré-candidata e a inscrição ‘Marina Silva é a cara do Brasil’.

Técnicos da Procuradoria que analisaram a foto constataram que a faixa reproduziu o padrão gráfico do site oficial da pré-candidata. Além disso, teria havido uso indevido de prédio público, o que é proibido.

Essa foi a primeira representação formulada pelo Ministério Público contra a presidenciável do PV.

A assessoria da pré-candidata ao Planalto informou que ela não comentaria a acusação por não ter sido notificada pelo TSE. Em nota, sustentou que ‘tanto o PV como a própria Marina Silva têm sido ciosos no cumprimento da legislação eleitoral durante esta etapa de pré-campanha’.’

 

Fernando Rodrigues

A força da TV

‘A pesquisa Datafolha divulgada hoje torna muito fácil entender a obsessão dos políticos e dos partidos na hora de fazer alianças formais para a eleição de outubro. Como poderia dizer um marqueteiro tucano ou petista, ‘é o tempo de TV, estúpido’. Quanto mais legendas numa coalizão, mais tempo o candidato aparecerá na TV no horário eleitoral.

Nada de relevante aconteceu no cenário político desde a metade de abril, mas Dilma Rousseff (PT) foi de 30% a 37% na pesquisa Datafolha realizada ontem e anteontem sobre intenção de voto para presidente. No mesmo período, José Serra (PSDB) escorregou de 42% para 37%. Ambos estão agora rigorosamente empatados.

Qual é o único fato possível que pode ser apresentado para essa aproximação entre o tucano e a petista na corrida presidencial? As propagandas de TV do PT que foram transmitidas na semana passada e na anterior.

Numa das inserções, Dilma falava sobre como combater o crack.

Noutra, um pouco de terror explícito, com a cena de uma montanha russa simbolizando o governo Lula (quando o carrinho subia) e uma eventual administração da oposição (na hora da queda abrupta). Para finalizar, no dia 13 de maio, Lula surgiu na TV comparando sua candidata a Nelson Mandela.

Chama a atenção, neste período todo, o fato de Marina Silva (PV) não ter saído dos seus 12%. Há duas leituras sobre esse cenário. Primeiro, a candidata verde demonstra ter um eleitorado consistente. Segundo, ela tem dificuldade para furar a polarização PT-PSDB.

Daqui a alguns dias será a vez de José Serra inundar as TVs do país nos programas partidários do PSDB e do DEM. Nada impede o tucano de reconquistar alguma intenção de voto perdida agora. Mas a gangorra talvez só se estabilize mesmo quando começar o horário eleitoral diário, em agosto.’

 

BIOGRAFIA
Luís Eblak

Livro expõe formação intelectual de Paulo Francis

‘O livro ‘Paulo Francis -Polemista Profissional’ vale a pena ser lido sobretudo por dois capítulos: o terceiro (sobre sua obra literária) e o quarto (sobre sua formação intelectual).

Neles, o autor Paulo Eduardo Nogueira, também jornalista e ex-colega de Francis no jornal ‘O Estado de S. Paulo’, traz novidades em relação a outros livros sobre o polêmico biografado -principalmente se comparado com outra obra com o mesmo objetivo: ‘Paulo Francis: Brasil na Cabeça’, de Daniel Piza (2004).

Paulo Francis (1930-1997) passou por algumas das principais redações brasileiras -revista ‘Senhor’, ‘JB’, ‘Última Hora’, ‘O Pasquim’, Folha, TV Globo e ‘O Estado de S. Paulo’.

Francis foi o jornalista mais lido nos últimos diários para onde escreveu e virou estrela de TV quando se tornou comentarista da Globo em 1981 (muitos dos seus vídeos podem ser encontrados no YouTube).

O público de Francis é um autêntico Fla-Flu. Há os que ainda o adoram -chamando-o de ‘mestre’ e ‘genial’- e os que o odeiam até hoje. Os críticos radicais simplesmente o chamam de racista, preconceituoso e irresponsável.

Ambas as ‘torcidas’ estão certas, como mostra Nogueira, sobretudo nos dois capítulos citados da nova obra.

A principal falha da biografia, porém, é não dialogar com outros livros sobre Francis. Nogueira só cita em poucas linhas um livro que deveria ser mais bem explorado: ‘Vida e Obra do Plagiário Paulo Francis’ (1997), de Fernando Jorge.

A obra de Jorge é a grande crítica publicada em livro durante a vida de Francis. Pior: Nogueira simplesmente ignora duas outras obras sobre o seu biografado: o já citado livro de Piza e um capítulo que Bernardo Kucinski, crítico radical do jornalista, dedica a Francis em ‘Síndrome da Antena Parabólica’ (1998).

PAULO FRANCIS – POLEMISTA PROFISSIONAL

Autor: Paulo Eduardo Nogueira

Editora: Imprensa Oficial

Quanto: R$ 20 (160 págs.)

Avaliação: regular’

 

TELEVISÃO
‘Glee’ quer Susan Boyle em episódio

‘Produtores do seriado musical adolescente ‘Glee’ disseram à revista norte-americana ‘Entertainment Weekly’ que desejam a participação da escocesa Susan Boyle em um episódio natalino da série.

‘Não sei se ela está interessada, mas seu nome já foi escolhido’, disse Ryan Murphy, um dos criadores do programa.

O que pode facilitar a negociação é o fato de Boyle e de ‘Glee’ estarem sob os cuidados da mesma empresa, a Columbia.’

 

POLÊMICA
Fábio Zanini

Charge com Maomé irrita muçulmanos do país-sede

‘O principal cartunista da África do Sul jogou ontem mais lenha na polêmica envolvendo radicais islâmicos e a organização da Copa-2010.

No jornal ‘Mail & Guardian’, o chargista Jonathan Shapiro, cujo nome artístico é Zapiro, desenhou o profeta Maomé, o que é considerado uma ofensa por grande parte da comunidade muçulmana.

No desenho, o profeta está em consulta num psicólogo. ‘Outros profetas têm seguidores com senso de humor’, diz Maomé, lamentando-se.

Ao lado, há um jornal com referência à iniciativa que circula na internet estimulando cartunistas do mundo inteiro a desenhar o profeta, como uma forma de defender a liberdade de expressão.

O desenho vem menos de uma semana após um membro da Al Qaeda, preso no Iraque, ter ameaçado promover ataques a jogos da Dinamarca na Copa. Em 2005, charges representando Maomé foram publicadas num jornal local, provocando protestos.

Anteontem, o Conselho Judicial Muçulmanos da África do Sul tentou impedir a publicação da charge, sem sucesso.

‘É uma provocação às vésperas da Copa do Mundo, quando precisamos de coexistência pacífica e cooperação entre as comunidades religiosas’, afirmou Ihsaan Hendricks, presidente do conselho. Estima-se que cerca de 2% da população sul- -africana sejam muçulmanos.

O jornal afirmou que ontem recebeu várias ameaças. O ‘Mail & Guardian’ tem uma tiragem modesta (50 mil exemplares), mas é um dos mais influentes do pais.

O cartunista disse que não pretendia ofender o Islã, mas não mostra arrependimento. ‘Creio que todas as religiões devem ser submetidas à sátira. Alguns grupos religiosos não podem pensar que estão acima da sociedade.’’

 

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