Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
UNIVERSAL
Mais 2 processos contra a Folha são extintos
‘Duas novas decisões judiciais proferidas ontem extinguiram ações movidas em nome de fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus contra a Folha. Dessa forma, chega a nove o número de casos em que magistrados decidiram a favor do jornal.
Em Aparecida do Taboado (MS), o juiz substituto Marcus Abreu de Magalhães considerou que a ‘presente demanda não pode prosperar para a decisão de mérito por falta de legitimidade ativa do autor da demanda e falta de interesse processual’.
Até a noite de ontem, 63 ações de indenização por danos morais haviam sido ajuizadas contra a Folha e a repórter Elvira Lobato, em Juizados Especiais de vários Estados, inclusive em cidades onde o jornal não circula. Os vários deslocamentos pelo país encarecem e dificultam a defesa.
As ações estão em nome de fiéis da igreja que dizem se sentir ofendidos com reportagem ‘Universal chega aos 30 anos com império empresarial’, publicada em dezembro.
Em Caicó (RN), a juíza Janaína Lobo da Silva Maia também extinguiu a ação ontem. ‘Entendo que o autor não possui legitimidade para figurar no pólo ativo da presente ação quando ficou suficientemente evidenciado que o fato gerador é matéria jornalística sobre a pessoa jurídica a qual o mesmo alega ser vinculado de alguma forma’, escreveu a juíza.
Segundo ela, o autor da ação, Rubens Gomes da Silva, ‘apesar de ter se qualificado como pastor e dizimista da igreja, não acostou aos autos qualquer documento comprobatório de tal fato’. A juíza complementou que, mesmo que ele tivesse comprovado, a ação ‘restaria fulminada de pronto, pois o autor ajuizou o processo em nome próprio’.’
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Jornal destaca frase de Lula sobre imprensa
‘A ‘Folha Universal’, jornal ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, destacou na edição desta semana a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem as ações movidas em nome de fiéis contra jornais não representam ataque à liberdade de expressão.
No texto ‘Lula: quem escreve o que quer, ouve o que não quer’, o jornal registrou que o presidente defendeu o direito dos fiéis de recorrerem à Justiça ao se sentirem agredidos em reportagens.
Para a ‘Folha Universal’, que é semanal e informa ter 2 milhões de exemplares -o jornal não é auditado pelo Instituto Verificador de Circulação-, a ‘imprensa tenta intimidar evangélicos’.
A afirmação de Lula foi uma resposta à nota da Associação Brasileira de Imprensa repudiando a estratégia adotada pela Universal. Outras entidades, como a ONG Repórteres sem Fronteiras, também criticaram o uso de ações repetidas para tentar intimidar a imprensa.
A Folha, que publicou reportagem sobre a evolução patrimonial da igreja, responde a 63 ações praticamente idênticas. As nove julgadas foram favoráveis ao jornal -em duas, os autores foram condenados.’
Walter Ceneviva
Fé e má-fé
‘AS AÇÕES que o empresário Edir Macedo -direta ou indiretamente- inspirou contra a Folha e contra Elvira Lobato não constituem tentativa de atentado contra a liberdade de imprensa. Ofendem, porém, princípios básicos do direito processual e constitucional. Mostram, ainda, grave descompasso com as funções da inteligência, brinde de Deus aos seres humanos, ou, pelo menos, à maioria deles.
Comecemos pela não intimidade com o direito, em duas partes. Quem tenha sugerido dezenas de ações separadas, em comarcas diversas, trazendo petições iguais ou assemelhadas, descuidou-se da leitura das leis do processo. A cumulação de ações no mesmo juízo, que os autores não quiseram, também pode ser requerida pelos réus, como preliminar de suas alegações gerais. O artigo 292 do Código de Processo Civil refere hipóteses da admissibilidade da cumulação em um só juízo. No mesmo código, o artigo 103 reputa conexas -e assim devem ser processadas num só juízo- duas ou mais ações cujo objeto ou a causa de pedir sejam as mesmas. É o caso típico dos processos aqui referidos. A segunda parte vem da jurisprudência sintetizada nas súmulas 37 e 227 do STJ (Superior Tribunal de Justiça): afirmam a cumulabilidade de ações como as aqui referidas, a permitir a unificação dos processos.
O uso inadequado da inteligência obriga a pensar no que teria inspirado os próceres dos autores a pensarem no esquema da avalanche de pedidos. Tentativa de atemorizar o jornal e a jornalista? Criar problemas funcionais para a defesa? Cercear a liberdade de expressão? Nesta última alternativa a inadequação teria ido ao absurdo de admitir que a essencial liberdade de culto também poderia sofrer a mesma ameaça, sem dizer que o artigo 220 da Carta, em seu parágrafo 2º, proíbe qualquer censura à divulgação jornalística, sob qualquer forma.
Por último: a questão nada tem de religiosa ou com sua liberdade de culto. Vincula-se a interesses comerciais, na luta que o empresário Edir Macedo move para ampliar sua presença no mercado das faixas publicitárias da televisão, o que é direito dele. Não assim para a opção adotada (engajamento de fiéis) para as ações, carregada de discriminação e de preconceito, quando o principal interessado se oculta por trás de terceiros em conduta que as leis do processo e as eternas podem caracterizar como conduta de má-fé. Má-fé.’
DEBATE
A bem da verdade
‘O SR. EDUARDO Graeff, antigo assessor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, volta à carga. Escreveu novamente para a Folha, no dia 19 de fevereiro, dessa vez um texto sob o título de ‘Irritando José Dirceu’. Garanto aos leitores que irritado não estou, mas confesso-me decepcionado com tanta leviandade. Honestamente, tinha a esperança de que a manipulação que fizera de minha entrevista na revista ‘Piauí’ fosse uma diatribe ocasional.
Descubro que se trata de uma mentira contumaz. Apesar de detalhados esclarecimentos, continua contando a mesma lorota, com o objetivo evidente de criminalizar a política do governo para as telecomunicações.
O truque é velho. Para apimentar a crítica contra uma determinada posição, cria-se uma nuvem de suspeita sobre sua probidade, que também serve para camuflar os interesses de quem se atira com tanto afinco na defesa do status quo. Assim age o sr. Graeff: acusa-nos de interesses menores na fusão Brasil Telecom-Oi para dar tempero à defesa da política privatista e antinacional sustentada por seu partido.
Mas não vou rebater novamente suas invencionices, pois já o fiz em artigo anterior. O que importa, na réplica, são os últimos dois parágrafos, nos quais o autor revela sua real motivação: contrapor-se às iniciativas da administração federal para enfrentar a desnacionalização do sistema de telecomunicações patrocinada pelo governo Fernando Henrique.
Apresenta-se como tribuno em defesa da livre concorrência e dos consumidores, mas reivindica com exuberância a herança maldita que o presidente Lula recebeu de seu antecessor.
As privatizações levadas a cabo no setor pela coalizão PSDB-PFL (atual DEM) permitiram que um território estratégico para a soberania e o desenvolvimento nacional fosse amplamente ocupado por corporações estrangeiras. A espanhola Telefônica, a mexicana Telmex (controladora da Embratel e da Claro e sócia da Net) e a italiana Tim passaram a ter papel hegemônico no sistema. Não se trata de coibir a concorrência, mas é evidente que, para o interesse público e do país, seria indispensável que existisse no mercado uma grande empresa nacional, capaz de funcionar como ferramenta para implementação de políticas públicas e articulação de um programa desenvolvimentista.
Essa situação já era grave quando o que estava em jogo eram os serviços de telefonia e transmissão de dados.
É mais comprometedora agora, quando a confluência de mídias está levando as empresas de telecomunicação a participar ativamente da distribuição e até da produção de conteúdo audiovisual. O governo Lula não poderia cruzar os braços diante dessa realidade. A aquisição da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar), com uma forte participação dos fundos de pensão e do BNDES, poderá dar origem a uma companhia que, fundada sobre a aliança entre o capital nacional e o Estado, tenha musculatura não só para enfrentar os grupos estrangeiros, criando uma efetiva competição no mercado, como também para internacionalizar seus serviços para o Mercosul e outros países de língua portuguesa.
Além do mais, as alterações a serem propostas no modelo de telecomunicações para permitir a consolidação de empresas, terão que ter, como contrapartida, benefícios à sociedade e aos usuários dos serviços. Entre eles, a ampliação da competição, o atendimento à área rural e a aceleração da cobertura de internet rápida, por exemplo. A postura do governo brasileiro, diga-se, é equivalente às de outras nações ciosas de sua soberania. Basta analisar, por exemplo, atitudes das administrações italiana e espanhola, que trocaram posições para defender suas empresas de telecomunicação e energia contra as investidas americanas, francesas e alemãs.
Claro que esse comportamento se confronta com o da administração FHC, cuja política de submissão às grandes potências é sobejamente conhecida pelo país. O antipatriótico modelo tucano consistia em atrair capitais a qualquer custo para fazer das elites brasileiras sócias dos fantásticos lucros financeiros dos negócios globalizados, ainda que o preço a pagar fosse a desindustrialização, a queima de empregos, a erosão social e o desmoronamento do Estado. As privatizações foram os mecanismos principais dessa estratégia.
O governo Lula recebeu um mandato popular para interromper essa política e construir outro modelo. O apoio à criação de uma grande operadora brasileira faz parte desse esforço. Restou aos tucanos chafurdar no denuncismo, pois não suportam a idéia de que o povo brasileiro escolheu outro caminho.
JOSÉ DIRCEU DE OLIVEIRA E SILVA, 61, advogado, é ex-ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República e ex-presidente do PT. Teve seu mandato de deputado federal pelo PT-SP cassado em 2005.’
TODA MÍDIA
Uma e outra América
‘‘A América vota, e o mundo mantém os olhos fixos’, afirma o site da instituição de política externa Council on Foreign Relations. É pelo ‘simbolismo’ de Barack Obama e sobretudo pelos ‘interesses do país’.
Da América Latina, Felipe Calderón na BBC, Fidel no ‘Granma’ e outros já questionaram John McCain. Mas foi ontem, após a troca de guarda em Cuba, que ‘Washington Post’, ‘Miami Herald’ e outros focaram a região. O histórico de Obama no Senado, relatou a AP, indica ‘cooperação, não confronto’, com atenção a direitos humanos e pobreza. O ‘WP’ abordou Cuba diante da porta aberta por Obama, com a opinião de Julia Sweig de que Miami pode ceder no embargo.
Já o ‘Miami Herald’ perfilou os especialistas que fazem a cabeça dos candidatos sobre América Latina. McCain: Bernard Aronson e Carl Meacham. Hillary: Sweig, Arturo Valenzuela e Donna Hrinak. Obama: Dan Restrepo, Anthony Lake e Frank Sánchez.
MIAMI EM TRANSIÇÃO
Richard Lapper, o editor de América Latina do ‘Financial Times’, destaca longamente como o apoio ao embargo vem caindo em Miami -e como a comunidade cubana exilada, anteriormente republicana, se aproxima dos democratas.
HAVANA TAMBÉM
Lapper, em outro texto, aborda a ‘transição de Cuba’, com a ‘retomada de relações’ que Raúl Castro vem fazendo, com o Chile, o México ‘e uma conexão mais profunda com o Brasil’. Diz que ele não quer ‘dependência’ da Venezuela.
VATICANO LÁ
No ‘Granma’, foto e o título ‘O embargo é uma opressão para o povo cubano’. Foi o que ‘afirmou o cardeal Tarcísio Bertone, que será recebido pelo companheiro Raúl’
‘HERE COMES BRAZIL’
Sob o título ‘Abrindo os portões à inundação de etanol: aí vem o Brasil’, o ‘Wall Street Journal’ deu com humor que ‘a indústria nos EUA mal consegue respirar’, sobre a nova campanha do Brasil para virar ‘gigante exportador’. Avalia o ‘WSJ’ que, por seu baixo custo, o etanol de cana é ‘cada vez mais viável’ nos EUA, mesmo com a tarifa.
E mais, diz o jornal, estudos vêm questionando o etanol de milho dos EUA -e editoriais de ‘NYT’ e ‘FT’ atacam abertamente a opção, esta semana. Só a CNN, que voltou também ao assunto, ainda se mostra mais simpática.
‘SHOWMAN’
O ‘Wall Street Journal’, com humor, abordou longamente o primeiro vôo de um avião a biodiesel. Abriu contando que Richard Branson, o dono da Virgin, bebeu o combustível ‘feito de babaçu brasileiro’
O JOGO DA REFORMA
O governo apresentou o projeto de reforma tributária ao mesmo tempo em que Jonathan Wheatley, do ‘FT’, e Alexandre Marinis, colunista da Bloomberg, abriam fogo contra os impostos e os gastos públicos, ontem. E o ‘JN’ questionava o salto na arrecadação, ‘mesmo sem CPMF’.
LADEIRA ABAIXO
O mesmo Wheatley e o blog de Luis Nassif divergiram, por outro lado, sobre o déficit em conta corrente. O primeiro não vê problemas em trocar a ‘dependência de exportação’ por outra, a ‘dependência dos investimentos estrangeiros’.
Já o segundo soou alarme para a deterioração das contas externas, ‘ladeira abaixo’.
DOIS SÉCULOS
Mas ainda se festeja o ‘Brasil credor’, no título do ‘Le Monde’, ‘depois de dois séculos de endividamento’.
E sites financeiros como o Morning Star, afirmando seguir a ‘aposta’ do bilionário Warren Buffett no Brasil, não páram de sugerir a aplicação em empresas daqui, agora CPFL Energia, Ambev etc.’
RÚSSIA
Moscou tolhe imprensa, diz Anistia
‘A Anistia Internacional divulgou ontem relatório em que acusa Moscou de ter aumentado as restrições a liberdades individuais desde as eleições parlamentares, em dezembro passado. E prevê que críticos do Kremlin terão problemas se protestarem contra o pleito presidencial deste domingo.
‘As autoridades dispersaram de forma violenta alguns atos da oposição, enquanto eventos pró-governo ocorreram sem problemas’, diz a Anistia no relatório ‘Liberdade limitada’.
Não houve resposta imediata do governo. Segundo disse à Folha Sergei Markov, consultor político próximo ao presidente Vladimir Putin, a divulgação era ‘esperada’. ‘Teremos muito mais desses supostos relatórios. A idéia é tirar a legitimidade do processo eleitoral russo, enfraquecer nosso sistema de poder, que incomoda muito o Ocidente. Ou você acha que é casual isso agora?’
A Anistia se antecipou à crítica. ‘Os direitos à liberdade de expressão, assembléia e associação são uma pedra angular em uma sociedade civil funcional. As autoridades russas os coibem como parte da estratégia para conter a chamada influência ocidental’, diz nota de seu diretor Nicola Duckworth.
O relatório, sem novidades, compila casos, começando pela repressão policial a militantes do grupo Outra Rússia, com a prisão de ativistas como o enxadrista Garry Kasparov, antes das eleições de 2 de dezembro.
‘É notório que não há democracia plena na Rússia, que nosso trabalho acaba se resumindo à divulgação na internet’, disse a assessoria do Outra Rússia, que marcou para a segunda após a eleição marchas de protesto em Moscou, São Petersburgo e outras cidades grandes.
A lista da Anistia segue com assassinatos de jornalistas e o fato de o Estado controlar as principais redes de TV e ter forte influência na mídia impressa. Cita intimidação legal e, por fim, a lei de 2006 que coibiu a instalação de ONGs que recebem fundos do exterior, por ‘trabalharem contra o Estado’.
Observadores mais neutros vêem limitações nos anos Putin, mas crêem que, de forma geral, o panorama econômico favorável sob os altos preços de petróleo e gás abundantes no país e o passado bem mais duro de opressão induzam a uma complacência generalizada.’
TECNOLOGIA
Pane mundial tira do ar Messenger, da Microsoft
‘Parte dos usuários do mundo inteiro do popular mensageiro instantâneo de internet Windows Live Messenger, também chamado de MSN, teve dificuldades ou não conseguiu acessar o programa ontem, durante horas. O Brasil é um dos países com mais contas desse serviço: são 34 milhões, de acordo com a Microsoft.
Na rede de relacionamentos Orkut, a comunidade ‘O dia em que o MSN ñ [não] entrou!’ reunia quase mil membros seis horas depois de criada.
O problema afetou todos os serviços da rede Live da Microsoft, que inclui o e-mail gratuito Hotmail, que tem mais de 260 milhões de cadastrados no mundo e 31,5 milhões no Brasil, de acordo com informações da empresa.
A rede, entre outros serviços, também abrange a Xbox Live, um recurso para disputa de jogos on-line.
A Microsoft confirmou o problema.
‘Estamos informados de que alguns usuários estão encontrando dificuldades para acessar os serviços da Windows Live. Estamos investigando ativamente a causa e também trabalhando para tomar as medidas necessárias para resolver essa situação o mais rápido possível’, afirmou Priscyla Alves, gerente de marketing da Microsoft Brasil.
As 19h40 do Brasil, Samantha McManus, gerente da Windows Live, disse, à imprensa, que o número de usuários afetados pela pane havia diminuído significativamente, mas que ela ainda não havia sido resolvido completamente.
Até o fechamento desta edição, a empresa não havia divulgado o número de atingidos ou as possíveis causas.
No domingo, o portal de vídeos YouTube, do Google, um dos sites mais acessados do mundo, ficou fora do ar por cerca de duas horas em todos os continentes.
Um porta-voz do site disse que a origem da queda global foi uma rede no Paquistão.
Vídeos antiislâmicos
O país havia proibido o acesso ao site por causa de ‘vídeos antiislâmicos’. Shahzada Alam Malik, chefe da Autoridade de Telecomunicações do Paquistão, disse à Associated Press que, caso a origem da queda tenha sido o país, ocorreu acidentalmente.
De acordo com especialistas no tráfego de dados na internet, o bloqueio no mundo todo foi realmente acidental, mas mostra a vulnerabilidade da rede mundial de computadores.’
AÇÃO DO GOOGLE TEM QUEDA COM DADOS RUINS
‘Apesar do dia positivo no mercado norte-americano, as ações do Google fecharam em queda de 4,57%, cotadas a US$ 464,19, com as perspectivas de menor faturamento com o mercado publicitário on-line. A comScore mostrou uma queda de 0,3% nos cliques em anúncios pagos do Google em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2007. Em dezembro, a alta tinha sido de 13% em relação ao mesmo período do ano anterior. O dado aumentou as preocupações em relação ao faturamento do Google neste trimestre, já que a publicidade on-line é uma das principais fontes de receita da empresa.’
Gasto em tecnologia pode subir 12% no ano
‘As empresas no Brasil devem investir quase 12% a mais em tecnologia em 2008 em relação ao ano passado, segundo pesquisa divulgada ontem com dados de serviços, equipamentos e software.
Levantamento da E-Consulting aponta que as empresas devem investir em 2008 R$ 46,2 bilhões ante R$ 41,3 bilhões gastos com tecnologia em 2007. O setor financeiro deve ser responsável por R$ 8,8 bilhões, enquanto a área governamental deverá responder por R$ 15,6 bilhões do total a ser aplicado.
Segundo a pesquisa, 42% destes investimentos será em serviços.’
iTunes, da Apple, é segunda loja de música nos EUA
‘A loja de mídia digital da Apple, iTunes, superou as redes norte-americanas Best Buy e Target, assumindo a segunda posição entre os maiores varejistas de música dos Estados Unidos. A loja ficou atrás apenas do Wal-Mart, segundo dados divulgados ontem pela empresa de pesquisa NPD Group.
De acordo com números de 2007, os downloads legais de música representam 10% das canções compradas nos EUA, mas o aumento dessas vendas não conseguiu compensar o declínio na comercialização de CDs, que empurrou as vendas totais para uma queda de 10%, diz a NPD.’
Paquistão deixa YouTube fora do ar no mundo todo, diz site
‘A tentativa, confirmada pelo governo paquistanês, de bloquear o acesso ao portal de vídeos no país fez com o site ficasse fora do ar no mundo inteiro, por algumas horas, no último domingo.
De acordo com uma declaração de um porta-voz do YouTube, ‘muitos usuários não conseguiram entrar no site no domingo’. A fonte do problema foi uma rede paquistanesa, disse ele.
Um ‘profissional de ponta da internet’ disse à BBC que o bloqueio global foi, provavelmente, um engano.
Um membro do governo do país afirmou que o impedimento foi motivado por conta de trechos de um filme que insinuaria que a religião islâmica incita a violência contra mulheres e homossexuais.’
Camila Rodrigues
Abertura de código da Microsoft é vista com desconfiança
‘A decisão da Microsoft de publicar parte dos detalhes de seus programas, anunciada na última quinta-feira, com o objetivo de facilitar a criação de programas para o Windows, é vista com desconfiança por especialistas consultados pela Folha.
Jorge Stolfi, diretor do Instituto de Computação da Unicamp, acredita que ‘o anúncio da abertura das APIs [a grosso modo, um conjunto de instruções que orientam a utilização de funcionalidade de um software] tem o objetivo de influenciar a votação iminente na ISO [Organização Internacional de Padronização]’.
Ele se refere a uma disputa entre dois formatos para definir qual será o padrão internacional de documentos de computador. Um deles é o ODF (OpenDocument Format), que foi criado em 2005 por consenso de várias empresas e é livre, ou seja, não é propriedade de nenhuma delas. O outro é o OOXML, criado pela Microsoft, que estaria tentando pressionar os integrantes da ISO a votar a favor de seu formato.
Em setembro, a organização votou contra o OOXML, mas a empresa terá uma nova chance nesta semana. A decisão será tomada em Genebra, em um encontro que começou anteontem e acaba nesta sexta-feira.
‘Se o padrão OOXML for aprovado, todas as leis que tentam quebrar o monopólio serão enfraquecidas’, diz Stolfi.
Marco Gubitoso, professor do Departamento de Ciência da Computação da USP, concorda que ‘abrindo [as APIs e os protocolos], talvez fique mais fácil a aceitação do padrão’.
Jon ‘Maddog’ Hall, diretor-executivo da Linux International, mostra-se descrente. ‘No passado, a Microsoft adotou ‘padrões’ como Kerberos, Java e outros e depois os misturou aos seus próprios padrões [o que mantém os programas incompatíveis com outros]’.
Procurada, a Microsoft não quis falar sobre o caso.
Histórico
Em outubro do ano passado, a Comissão Européia anunciou que a Microsoft cumpriria a decisão judicial de três anos antes e publicaria informações técnicas sobre seus programas. A companhia era acusada de abuso de domínio de mercado.
Em dezembro, fez um acordo com a Novell e o grupo de software livre Samba para melhorar a comunicação entre Linux e Windows.’
OBITUÁRIO
Aguinelo Oliveira, o jornalismo e a bola
‘Aguinelo dos Santos Oliveira fundiu em um só trabalho as duas paixões que tinha e por 33 anos foi jornalista esportivo no Amazonas. Trabalhou de domingo a domingo -e ainda jovem morreu.
Quando deixou a terra natal, Itacoatiara, para estudar jornalismo em Manaus, já tinha em mente o que queria cobrir. Esporte, melhor se fosse futebol e se possível o time do coração, o Flamengo. Enquanto isso, contentou-se com o Rio Negro.
O primeiro emprego foi no diário ‘A Crítica’. Era rapaz do interior, não conhecia ninguém, mas foi se virando até ficar conhecido como o grande nome do jornalismo esportivo amazonense, ao trabalhar ainda no ‘Jornal do Norte’, ‘A Notícia’, ‘Diário’ e ‘Estado do Amazonas’. O último deixou no ano passado, após fechar.
Na Assembléia, recebeu um voto de pesar pelo ‘exemplo de dedicação e amor ao esporte’, nas palavras do presidente. Pois ‘fez da sua vida um sacerdócio de amor às lutas e façanhas do esporte amazonense’.
Foi membro fervoroso da Associação dos Locutores Esportivos do Amazonas e prestava consultoria para a Secretaria de Esporte do governo. Havia seis meses era funcionário do Procon e queria até cursar direito.
E se emocionara -talvez demais, diz o filho-, com a formatura da filha, justamente em direito, havia uma semana. Tinha 57 anos, não fumava e pouco bebia.
Mas ‘trabalhava sábado, domingo, feriado, trabalhava muito, não parava nunca’. Morreu de derrame, no dia 19, em Manaus.’
TELEVISÃO
Em crise, TV digital deverá ser relançada
‘Emissoras e fabricantes de televisores já discutem um relançamento da TV digital brasileira. Em assembléia anteontem, o fórum que congrega as empresas dos dois setores fez um balanço nada satisfatório dos três primeiros meses de TV digital na Grande São Paulo. Testemunhas relatam discussões acaloradas, com apontamentos de inúmeros erros.
As maiores críticas caíram sobre o governo federal e os fabricantes. A indústria é acusada de colocar à venda poucas caixas conversoras de sinal digital _fala-se em no máximo 50 mil aparelhos vendidos até agora. E de não investir em publicidade.
Os fabricantes, por sua vez, acusam o governo pela alta carga tributária, por insistentes e nunca cumpridas promessas do ministro Hélio Costa (Comunicações) de venda de conversores a baixo preço (R$ 250) e, principalmente, pela insegurança quanto à isenção de royalties do Ginga, o sistema operacional da TV digital nacional.
Sem certeza de que estão usando sistema livre de royalties, a indústria se recusa a fabricar caixas conversoras dotadas do Ginga. Isso emperra a TV digital no país, pois, sem o Ginga, não será oferecida interatividade. É como vender microcomputador sem Windows.
Para tentar negociar patentes do Ginga, o secretário de Telecomunicações, Roberto Pinto Martins, e o assessor da Casa Civil André Barbosa viajaram segunda à noite aos EUA.
PRESSÃO TOTAL O próximo paredão será o último triplo da oitava edição de ‘Big Brother Brasil’. Um dos emparedados será indicado pelo participante que atender a chamado do ‘big fone’. Terá que fazer isso imediatamente após encerrar o telefonema.
REFORÇO Caberá a Galvão Bueno interagir, hoje à noite, com os participantes de ‘BBB’, em esforço da Globo para impedir derrota no Ibope para ‘Caminhos do Coração’ (Record), principalmente no intervalo do futebol. Galvão narrará Libertadores.
CAIU Ao contrário do Brasil, a audiência do Oscar nos EUA caiu. Segundo dados preliminares, a premiação foi vista por 32 milhões de telespectadores, a menor audiência desde 2003.
POEIRA Tentativa da Globo de atrair adolescentes, ‘Poeira em Alto Mar’, com Renato Aragão, não empolgou. Seu primeiro capítulo deu 15,8 pontos, 0,8 a menos do que ‘Sessão da Tarde’ no mesmo horário.
PEGOU 1 Já a nova novela das sete, ‘Beleza Pura’, da estreante Andrea Maltarolli, animou a Globo. Em sua primeira semana, registrou 30 pontos. Está longe dos recordes, mas chama a atenção pela estabilidade _a média semanal foi só dois pontos a menos do que a da estréia.
PEGOU 2 Além disso, ‘Beleza Pura’ conseguiu manter os públicos infantil e juvenil de ‘Sete Pecados’ e conquistou novos adultos de 35 anos em diante. E cresceu na classe C.’
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O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
TV BRASIL
TV pública fica entre DF e RJ
‘Acordo entre bancadas de todos os Estados e entre oposicionistas e governistas na Câmara pôs fim ao impasse sobre a localização da sede da TV Brasil, emissora pública criada em dezembro. Uma emenda elaborada no plenário definiu que o foro jurídico e a sede da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), operadora da TV, será em Brasília, mas que o principal centro de produção continua no Rio.
Com o fim da votação das emendas ao texto-base já aprovado, a criação da TV pública vai ao Senado.
A maioria governista rejeitou sete emendas, entre as quais a que acabava com a contribuição de fomento que garantirá mais R$ 150 milhões à TV Brasil e a que derrubava a possibilidade de contratações temporárias sem concurso, com contratos de no máximo três anos. Apesar da resistência da oposição, a contribuição e as contratações foram mantidas. Três emendas foram aprovadas.
A emenda sobre a sede da TV pública autoriza a abertura de escritórios em qualquer local do País. Inicialmente, seria votada uma emenda que transferia a sede do Rio, como previsto no texto original, para Brasília, o que provocou uma rebelião na bancada fluminense.
Foi rejeitada, entre outras, a emenda que proibia veiculação de nomes, símbolos ou imagens que caracterizassem promoção pessoal ou partidária.’
ELEIÇÕES NOS EUA
Democratas se acusam na televisão
‘Os senadores Barack Obama e Hillary Clinton fizeram ontem, em Ohio, o último debate antes das primárias cruciais de terça-feira. Assim como aconteceu no debate da semana passada, no Texas, o encontro entre os dois democratas foi equilibrado, embora a ex-primeira-dama tenha um pouco mais agressiva.
Precisando marcar pontos no combate contra Obama, Hillary partiu para cima do rival, repetindo as acusações de que o senador realiza uma campanha suja, distribuindo falsas informações para os eleitores do Estado. Obama respondeu, dizendo que os métodos dele não eram diferentes dos usados por ela. Durante a primeira hora do debate, foi o momento mais tenso da noite.
Quando o assunto foi o sistema de saúde americano, Obama e Hillary voltaram a discordar. ‘O senador Obama repete constantemente que eu irei obrigar as pessoas a adquirir plano de saúde’, reclamou Hillary. ‘Isso não é verdade.’ ‘Hillary insiste em dizer que meu programa de saúde pública deixaria 15 milhões de americanos sem cobertura’, respondeu Obama. ‘E isso também não é verdade.’
Em seguida, ao falar sobre política externa e Nafta – tratado de livre-comércio entre EUA, Canadá e México -, os dois concordaram em forçar, caso eleitos, os parceiros a renegociar o acordo. ‘Se não houver negociação, poderemos denunciar o tratado’, disse Hillary. ‘Deveríamos usar a possibilidade de nos retirarmos do acordo como uma mecanismo de pressão para fazer com que nossos vizinhos aceitem renegociar o Nafta’, disse Obama.
Para muitos analistas, no entanto, o fato de o debate não ter proporcionado um claro vencedor, significa uma derrota para Hillary, já que Obama venceu as últimas 11 primárias e continua avançando nas pesquisas, tanto em Ohio quanto no Texas, Estados onde a senadora considera fundamental vencer para continuar na disputa.
Segundo o jornal The Washington Post, na segunda-feira, durante um café da manhã com a imprensa, Harold Ickes, conselheiro de campanha de Hillary, afirmou: ‘Acho que, se perdermos no Texas e em Ohio, a senhora Clinton terá de tomar a decisão se continua ou não (na campanha).’
APOIO
Ontem, para piorar ainda mais as coisas para Hillary, Obama a recebeu o apoio do antigo rival Chris Dodd, aumentando sua força antes da votação de terça-feira. ‘Ele está pronto para ser presidente e eu estou pronto para apoiá-lo nessa campanha’, afirmou Dodd em uma entrevista coletiva conjunta com Obama.
Dodd, senador pelo Estado de Connecticut, era um dos pré-candidatos democratas para a nomeação presidencial, mas abandonou a corrida após ter um fraco desempenho no caucus de Iowa, em janeiro. Ele disse que no início estava cético em relação a Obama, mas ao longo da campanha foi convencido do contrário.
NYT, AP E REUTERS’
TECNOLOGIA
Pane deixa usuários sem MSN e Hotmail
‘O Windows Live Messenger (antigo MSN Messenger), serviço de mensagens instantâneas da Microsoft, sofreu uma pane ontem. Usuários de várias partes do mundo tiveram dificuldades para se conectar ao serviço e alguns deles nem conseguiram usá-lo. O serviço, que é ainda chamado de MSN pela maioria das pessoas, tem mais de 34 milhões de usuários no Brasil, cerca de 85% do total de internautas. No mundo, são cerca de 250 milhões de usuários.
A Microsoft não informou a causa do problema. ‘Estamos informados que alguns usuários estão encontrando dificuldades para acessar os serviços do Windows Live (Hotmail e Messenger)’, disse, em nota, Priscyla Alves, gerente de marketing da Microsoft Brasil. ‘Estamos investigando ativamente a causa e também trabalhando para tomar as medidas necessárias para resolver essa situação o mais rápido possível. Pedimos desculpas por qualquer inconveniente causado aos nossos usuários.’ O Hotmail, correio eletrônico gratuito da Microsoft, também enfrentou problemas. Existem 30 milhões de contas do Hotmail ativas no País.
Os serviços de mensagens instantâneas permitem que as pessoas conversem, trocando mensagens de texto. O MSN também tem recursos de voz e de vídeo, possibilita que um usuário envie arquivos para outro e até que desafie amigos em jogos eletrônicos.
O Messenger é o serviço de mensagens instantâneas mais popular do Brasil e do mundo. Em outros mercados, como o americano, sofre concorrência forte do Yahoo e do AOL. O serviço do Yahoo tem cerca de 97 milhões de usuários no mundo. Seus usuários conseguem conversar com os da Microsoft, pois os sistemas são integrados. O Yahoo informou, por meio de sua assessoria, que não houve registro de problema com seus usuários.
A Microsoft enfrenta hoje um desafio: migrar do modelo de licenças de software para o de serviços via internet, para combater concorrentes como o Google. Foi por causa disso que a empresa fez uma oferta de US$ 44,6 bilhões pelo Yahoo, que foi rejeitada. A força do Google está nos serviços gratuitos, sustentados pelos chamados links patrocinados, pequenos anúncios de texto que aparecem ao lado dos resultados das buscas e das páginas de conteúdo de parceiros.
‘O MSN é fichinha perto do Google e do Yahoo, mas é a arma mais importante da Microsoft para atuar nesse mercado’, afirmou Daniel Domeneghetti, sócio-fundador da E-Consulting. ‘Se o problema técnico for de um dia, tanto faz. Mas, se for estrutural, traz riscos para o modelo de negócio. Os serviços via internet dependem de credibilidade.’’
Andrea Vialli
O jeito foi recorrer aos telefones
‘O dia de ontem ficou conhecido entre os usuários de internet, em uma comunidade do Orkut, como ‘o dia em que o MSN não entrou’. Vários usuários habituados a usar a ferramenta de comunicação estranharam, desde cedo, o fato de não conseguirem se conectar. A advogada Edileusa Cindio, gerente-administrativa do escritório Dib e Castel Advogados Associados, de São Paulo, perdeu boa parte da manhã tentando se conectar. ‘Por volta das 11 horas conseguimos acesso, mas a conexão esteve irregular durante todo o dia’, diz.
O MSN já faz parte do cotidiano do pequeno escritório especializado em causas cíveis, que tem seis advogados associados e duas estagiárias. ‘Usamos como meio de comunicação interna e também com os nossos clientes que querem ter um contato permanente com os advogados’, diz. O programa também permite a troca de arquivos e ajuda a reduzir a conta telefônica. ‘Hoje, sem MSN, o jeito foi recorrer aos telefones, que ficaram congestionados a manhã inteira.’
A taróloga paulistana Kelma Mazziero também sentiu dificuldades para acessar o programa durante todo o dia. ‘Logo pela manhã tive dificuldades para conectar. Quando consegui, o programa caía a toda hora. Também não consegui acessar os e-mails do Hotmail’, conta. Kelma realiza atendimentos de tarô e dá cursos via MSN e e-mail. ‘Minha sorte é que hoje eu não tinha atendimentos via MSN pré-agendados. Se eu não conseguisse conexão, meus serviços poderiam perder credibilidade’, diz. ‘Meus clientes não iam acreditar que a culpa era da Microsoft’, brinca.
Segundo Kelma, atualmente 60% dos atendimentos que realiza são por meio do comunicador instantâneo. ‘Tenho alunos e clientes que vivem fora de São Paulo, alguns fora do Brasil, então a ajuda da tecnologia é valiosa’, diz a taróloga, que também atende via Skype e oferece podcasts em sua página na internet. Sua lista de contatos tem cerca de 700 nomes.
DIFICULDADE
Muitos dos usuários se surpreenderam com a pane no MSN e chegaram a pensar que se tratava de problema com seus computadores pessoais ou com os provedores de internet.
A estudante Aline Carvalho Moreira, do Rio de Janeiro, passou a manhã tentando se comunicar. ‘Achei que meu computador estava com problemas e quis verificar o que estava acontecendo’, diz. Aline era um dos membros de uma comunidade criada no Orkut para tentar entender o porquê da dificuldade de conexão, que até o final da tarde de ontem tinha mais de 900 membros. A estudante de 18 anos, que cursa química industrial na UFRJ, se diz uma ‘viciada em MSN’. ‘Agora que estou de férias, passo o dia todo conectada’, diz. Sua lista de amigos tem 200 nomes – e ela ainda acha pouco. ‘Uso para conversar com amigos e com meu namorado, que só vejo nos fins de semana. Também é um ponto de encontro virtual para discutir com os colegas assuntos da faculdade’, diz.
Gustavo Guilherme, 17 anos, estudante do Rio de Janeiro, também estranhou a falta de conexão quando tentou acessar o programa, ontem à tarde. ‘Como vi que não conseguia acessar, resolvi pesquisar os motivos na internet. O curioso é que eu não consegui me conectar com a versão 8.5 do programa, então eu tentei entrar com a versão anterior, a 4.7, e deu certo’, conta. Apesar de se considerar um viciado em tecnologia e estudioso do assunto, Guilherme não conseguiu entender a pane no programa. ‘Desconfio que seja um erro no servidor do próprio MSN’, especula.
A professora universitária Helena Jacob encontrou problemas para acessar o programa entre o meio-dia e duas horas da tarde de ontem, e pensou que se tratava de um problema com a empresa que presta serviços de banda larga.
‘Reiniciei meu computador várias vezes e nada acontecia. Mas achei estranho, porque a internet estava funcionando normalmente’, diz. Ela só ficou sabendo que o problema era generalizado horas depois, e conseguiu acesso pelo MSN online somente no final da tarde.
Mas houve quem, mesmo trabalhando com internet, não notasse o problema. O artista gráfico Márcio Rodrigo Araújo se conecta diariamente ao MSN, mas não usa o programa com frequência durante o expediente. ‘Fiquei sabendo por meio de conhecidos que tiveram problemas’, diz.’
Renato Cruz
Empresa não pode se isentar
‘Nos termos de uso do Messenger, a Microsoft informa que não dá nenhuma garantia ao serviço. ‘A Microsoft fornece o serviço ‘no estado em que se encontra’, ‘com todas as falhas’ e ‘conforme disponível’ e você assume todos os riscos em relação à qualidade, desempenho, precisão e esforço satisfatórios’’, informa a empresa, em uma das cláusulas do documento. Ele diz ainda que a Microsoft e seus parceiros ‘não fazem nenhuma declaração, nem oferecem qualquer garantia ou condição, expressas ou implícitas’, acrescentando que ‘as partes da Microsoft isentam-se de toda e qualquer garantia ou condição, expressa, legal e implícita’, o que inclui ‘garantias ou condições de que o acesso ou o uso dos sites serão ininterruptos e sem erros’.
Mesmo assim, pela legislação brasileira, a Microsoft não pode se isentar completamente. ‘É uma cláusula considerada leonina, abusiva’, afirmou Patricia Peck, advogada especialista em direito digital. ‘Quando o serviço é pago, é natural que o usuário queira um desconto pelos dias que o serviço ficou fora do ar. Quando o serviço é gratuito, ele pode eventualmente exigir um ressarcimento pelos danos causados.’
Segundo Patricia, a interpretação mais comum na Justiça brasileira é de que a empresa que presta o serviço é responsável pelos danos causados quando teve culpa na interrupção do atendimento. ‘Por exemplo, se houve uma falha no servidor da empresa, a culpa seria da empresa’, explicou a advogada. ‘Se houve um problema na infra-estrutura da operadora de telecomunicações, a culpa não é da prestadora do serviço via internet. Se houve um ataque de vírus e a empresa tirou o serviço do ar para proteger os usuários, a culpa também não é dela.’
Ela ressaltou que normalmente cabe ao usuário provar que a culpa foi da empresa e que houve danos causados pela interrupção do serviço. ‘Normalmente, é feita uma perícia’, explicou.
O fato de os serviços de mensagens instantâneas serem gratuitos não isenta de responsabilidade as empresas que os oferecem. ‘As empresas precisam garantir a qualidade e a disponibilidade do serviço, sendo ele cobrado ou não’, afirmou Patricia. ‘Mesmo porque os serviços pelos quais o usuário final não paga nada normalmente são remunerados de outras maneiras.’ Uma das mais comuns é a venda de publicidade.’
Ana Paula Lacerda e Renato Cruz
‘Apagões’ tecnológicos já não são raridade
‘Outras panes tecnológicas já atrapalharam a vida dos mais conectados. No ano passado, um ‘apagão’ de BlackBerries (aparelhos que funcionam como telefone e também recebem e enviam e-mails) deixou executivos desesperados, principalmente nos Estados Unidos.
Os aparelhos pararam de funcionar por cerca de 10 hora. Cerca de 5 milhões de usuários ligaram seus aparelhos e não conseguiam fazer com que eles recebessem quaisquer tipos de dados. A Research In Motion (RIM), empresa canadense que fabrica o BlackBerry, não deu uma explicação oficial sobre as causas do problema.
No final de 2005 e início de 2006, o site de vendas e leilões e-Bay também apresentou uma série de problemas. Vendedores recebiam milhares de spams e leilões falsos eram colocados no ar para tentar obter dinheiro. Na época, um único hacker admitiu ter obtido mais de US$ 5 mil com os golpes.
Em setembro de 2007, hackers entraram novamente no sistema do e-Bay para roubar as identidades de vendedores do site e realizar novas fraudes. Os problemas tecnológicos foram apontados por muitos como uma das causas do anúncio de aposentadoria da CEO do e-Bay, Meg Whitman. Ela deve deixar o posto em março.
NO BRASIL
Há duas semanas, internautas de São Paulo e do Rio tiveram problemas para acessar a internet – alguns tiveram o acesso completamente cortado no dia 13. O problema foi uma pane nos equipamentos de backbone da Embratel. Backbones são linhas de transmissão de dados de alta capacidade, que ligam sistemas de comunicações entre grandes centros. A empresa não conseguiu estimar o número de pessoas afetadas pelo problema.’
Microsoft pode receber nova multa da UE
‘A Comissão Européia deve anunciar hoje uma nova multa à Microsoft. Dessa vez, pela lentidão da empresa em tornar os seus sistemas operacionais mais acessíveis aos concorrentes, segundo fontes próximas ao assunto. Autoridades da União Européia e executivos da Microsoft não quiseram comentar a questão. Mas, num comunicado de janeiro, a empresa havia indicado que esperava uma multa de até 1,5 bilhão da UE.
O caso data de 2004, quando a Comissão concluiu, após um processo de cinco anos, que a Microsoft havia abusado de sua participação no mercado para sistemas operacionais que rodam em computadores pessoais (PCs), graças ao seu programa Windows. A empresa foi multada em 497 milhões. Em julho do ano passado, a Microsoft recebeu mais uma multa de 280 milhões, após a Comissão concluir que a empresa não estava respeitando suas decisões.’
TELES
Oi/BrT vai se expandir no exterior, diz Falco
‘A nova megaempresa de telecomunicações, fruto da união de Oi e BrT, vai partir fortemente para a internacionalização, de acordo com o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco – cotado, segundo fontes do mercado, para comandar a nova empresa. Um dos focos serão os países de língua portuguesa, embora fontes que acompanham o negócio indiquem que países vizinhos também serão avaliados.
‘Obviamente, se a gente tiver uma grande ‘telco’ (empresa de telecomunicação) nacional, a gente vai querer expandir fortemente esse tipo de interação com esses países de língua portuguesa’, disse Falco, ao ser perguntado sobre o assunto, após a assinatura de um acordo entre o grupo e a empresa de comunicação Soico, de Moçambique. Pelo projeto, a Oi montará um projeto de educação junto com a Soico naquele país.
Segundo fontes que acompanham o negócio, os entendimentos para a reestruturação do controle do Grupo Oi e para a compra da BrT estão na reta final. Dependem, ainda, de acertos finais entre sócios e de mudança do Plano Geral de Outorgas (PGO) para sair do papel. Questionado sobre o andamento do acordo, Falco afirmou que não acompanha pessoalmente as negociações e que seu foco é na operação da Oi.’
CINEMA
Arte de ‘desenhar’ o som incrementa o cinema brasileiro
‘Já se foi o tempo em que o espectador saía de um filme nacional reclamando da qualidade do som. Não foi só o sistema das salas que melhorou sensivelmente. Consolidada no exterior, a atividade de sound design é cada vez mais valorizada pelo cinema brasileiro pós-Retomada. O suíço François Wolf, radicado por aqui há dois anos e meio, vem aproveitando a maré positiva: é ele quem assina o som do líder de bilheteria Meu Nome Não É Johnny, de Mulheres Sexo Verdades Mentiras, que estreou em janeiro, e de Polaróides Urbanas, prestes a entrar em circuito.
Em Johnny, Wolf conta, o desafio foi editar ruídos de tantas festas e de externas (o filme teve 58 locações). Entre edição e mixagem, foram 14 semanas de muito trabalho, a maior parte feita em seu estúdio no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro – em parceria com Armando Torres Jr, responsável pela mixagem adicional.
‘O sound designer desenvolve a identidade do som de um filme. Neste caso, reforçamos o lado subjetivo do Johnny. Não é um som naturalista, de documentário’, explica Wolf, para quem seu ofício (surgido nos Estados Unidos na década de 70) ainda não alcançou, no Brasil, o grau de importância que goza em outros países.
Mariza Leão, produtora de Johnny, vê a questão de outra forma. ‘Existe uma preocupação de todo o cinema brasileiro com o som. Quem ainda não tem a consciência da importância do sound designer tem que desistir de fazer cinema. O som é tão importante quanto a imagem’, diz.
Ela lembra que, em 1997, quando produziu o épico Guerra de Canudos, foi buscar nos EUA um estúdio para mixar o som. Passada uma década, não há mais essa necessidade: ‘É totalmente possível fazer isso no Brasil. O sistema digital abriu muitas possibilidades. Houve uma época em que se dizia que não dava para ouvir o som direito, mas era também por causa da má qualidade dos cinemas.’
François Wolf, contratado por Mariza por ser ‘supercriativo’, nas palavras da produtora, acha que ainda existe um longo caminho a ser percorrido. As dificuldades financeiras enfrentadas por produtores e diretores no País, claro, constituem um fator que dificulta o desenvolvimento da atividade.
‘O sound designer é, para o som, o que o fotógrafo é para a imagem. O problema é que somos chamados quando o prazo está vencido e o orçamento, estourado!’, lembra o suíço, que já trabalhava com cinema na Europa – no Brasil, além dos longas, atuou em documentários e em projetos para televisão. O recém-chegado Wolf integra um grupo seleto de profissionais; alguns com vasta quilometragem no cinema nacional, como a premiada editora de som Miriam Biderman, com mais de 40 filmes no currículo – entre eles, Carandiru, Cazuza, Se Eu Fosse Você, O Coronel e o Lobisomem e Casa de Areia – e Alessandro Laroca – Tropa de Elite, O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias, 2 Filhos de Francisco, Olga, entre outros.’
TELEVISÃO
Humor irreverente
‘Depois de fazer sucesso em países como Espanha, França e Itália, o programa argentino Caiga Quien Caiga vai estrear no dia 10 de março na Band com o nome de Custe o Que Custar, sob comando de Marcelo Tas. O título em português mantém o apelido pelo qual o programa é conhecido: CQC.
Segundo a diretora de Programação da Band, a italiana Elizabetta Zenatti, o formato da atração também será mantido. Ela explica que vai basear o programa na 1ª temporada do CQC na Argentina, que foi ao ar em 1995. ‘Vamos usar um formato mais explicativo. Se não, o público não vai entender a proposta’, fala Elizabetta.
O CQC tem sido comparado com o Pânico na TV, mas está mais próximo de atrações como o Daily Show, de Jon Stewart, e as séries de Michael Moore. ‘É como se fosse um semanal de notícias, com ponto de vista diferente, já que o programa não vive só de atualidades e, sim, do humor.’
Tas vai dividir o palco com Rafinha Bastos, do Clube da Comédia, e Marco Luque, do Terça Insana. Danilo Gentili, Rafael Cortez e Felipe Andreoli farão externas com Rafinha e mais um integrante que está sendo definido.’
Na Argentina, novelas da Globo lideram
‘A Globo renovou acordo com a Telefé, um dos principais canais de TV aberta da Argentina, para exibição de suas produções. Páginas da Vida, por exemplo, estreou neste mês, com 11 pontos de audiência, chegou aos 16 e é líder no horário e no canal – além de ser um dos cinco programas mais vistos naquele país. Antes, a Telefé exibia no horário a atração Por Que No te Callas? e marcava entre 6 e 7 pontos. Às 16h30, Cobras & Lagartos atinge 10 pontos e também lidera o horário. Novelas como Da Cor do Pecado e Mulheres Apaixonadas são exibidas em outros canais argentinos.’
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