Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Grupo teme destruição de documentos do governo

Historiadores americanos e defensores da transparência do governo estão aflitos: eles temem que o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, destrua ou não divulgue, antes do mandato do presidente George W. Bush terminar, documentos importantes para ilustrar seu papel na política nos últimos sete anos e meio. Por isso, muitos se uniram à associação Cidadãos pela Responsabilidade e pela Ética para pedir a um juiz federal que determine que os arquivos de Cheney estejam cobertos pela Lei de Registros Presidenciais.


A legislação, de 1978, prevê que os documentos de todos os membros do poder Executivo não podem ser destruídos ou detidos sem avaliação apropriada. Ela foi aprovada após o escândalo Watergate, para evitar que papéis importantes não tivessem acesso público. A intenção do pedido é, portanto, proteger um arsenal de informações sobre segurança nacional, as guerras do Iraque e do Afeganistão, grampos domésticos, políticas energéticas e outros temas que podem permanecer secretos se Cheney alegar que não faz parte do Executivo. O vice-presidente nunca declarou que destruiria documentos, mas já argumentou, em diferentes ocasiões, que seu gabinete é ‘ligado’ ao Legislativo, já que ele também ocupa o cargo de presidente do Senado.


História


Para a associação, o acesso a tais documentos é fundamental, pois Cheney teria sido o vice-presidente mais influente da História do país. ‘Estou preocupado que eles [os papéis] não sejam preservados. Se já foram destruídos, não sabemos’, afirma Stanley I. Kutler, professor da Escola de Direito da Universidade do Wisconsin.


A porta-voz de Cheney, Jamie Hennigan, disse que o vice não tem intenções de desrespeitar a lei. ‘O gabinete do vice-presidente segue a Lei de Registros Presidenciais e irá continuar a seguir, o que significa que os documentos serão entregues no final do governo’, informou.


Segundo acadêmicos, o termo ‘registros do poder Executivo’ não está no original da lei, o que abre uma brecha para que alguns documentos não sejam entregues – como os do poder Legislativo. Por anos, Cheney resistiu em revelar qualquer aspecto do trabalho realizado por seu gabinete, como nomes de executivos que aconselharam seu grupo de trabalho sobre energia e suas despesas com viagens. Informações de Christopher Lee [Washington Post, 8/9/08].