[do release da editora]
Aos 67 anos, Tão Gomes Pinto publica seu primeiro livro, fato insólito na vida de um jornalista de renome. Ele recusa o título de ‘dinossauro’, que afirma pertencer, ‘por honra e mérito’, a seu colega jornalista Joel Silveira. ‘Sou no máximo um elefante’, diz. O livro traz uma divertida manada de elefantes, no traço de Robson Tamas.
Ao longo de 40 anos Tão Gomes Pinto conviveu com as palavras, usou as palavras, divertiu-se com elas. ‘Agora espero divertir os leitores de O elefante‘, afirma. ‘E ajudar as pessoas a conviver com os poderosos, o que, em Brasília, é fundamental.’ Em tom de brincadeira, acrescenta: ‘Os livros de auto-ajuda estão na moda, não estão?’.
Tão Gomes Pinto escreveu no Jornal da Tarde, na Veja, na IstoÉ e em várias outras publicações, nas quais também exerceu cargos de direção.
Um jornalista que sempre teve com as palavras a intimidade de um Balzac, segundo o colunista Telmo Martino, celebrado por sua mordacidade e pela pertinência das suas observações.
Segundo o prefácio de Mino Carta, amigo e companheiro de mais de 40 anos, Tão Gomes Pinto, além de ser um dos melhores jornalistas do país, dispõe de todos os golpes. E o melhor, diz Mino Carta, é a sua própria escrita. ‘É dos raríssimos que lidam com o vernáculo com a pena aguda dos grandes escritores, mais para Jarry ou Shaw’, acrescenta. ‘Seus textos devem ser lidos como uma verdadeira aula de como escrever’, conclui o prefácio do Mino.
Personalidades e contextos
O elefante é um animal político traz textos selecionados, escritos e publicados de 1988 até 2005, sobre personagens e fatos marcantes do cenário político brasileiro. Mas sempre com uma visão diferente e bem humorada.
O autor costuma usar seus dotes de latinista camuflado para citar seu lema preferido: ‘Ridentem, dicere verum. Quid vedat’. Traduzindo: ‘Não é proibido dizer a verdade sob o véu do gracejo’.
Tudo que O elefante conta são fatos verídicos. Mas a realidade vem junto com a imaginação, a fantasia, quase o surrealismo, o que transforma o livro num ‘caso’ único no gênero, como registra o prefácio de Mino Carta.
Os bastidores da escolha do vice de Tancredo Neves, os planos econômicos, Leonel Brizola, a ascensão de Collor, Itamar Franco, Paulo Maluf, um texto sobre um leilão de gravuras em beneficio da candidatura ao senado de FHC, as recentes angústias do PT, o badalado caso do ‘espião do Planalto’, nada escapa à finíssima ironia e à criatividade do autor. O livro faz também revelações inéditas, que jamais afloraram na mídia.
Para os leitores mais jovens, O elefante traz oportunas notas de pé de página sobre as personalidades citadas e o contexto histórico dos episódios.
Há seis anos Tão Gomes Pinto, que nasceu em São Paulo, vive em Brasília, para onde foi a convite do então senador Carlos Wilson, para exercer funções de assessoria parlamentar.
Repórter especial
Como assessor, depois de mais de 20 anos de redação, começou trabalhando com o governador Franco Montoro, exatamente no ano crucial da campanha das ‘Diretas-Já’ e da eleição de Tancredo Neves no colégio eleitoral.
Na época, Tão Gomes Pinto assessorava também o chefe da Casa Civil de Montoro, Roberto Gusmão, com quem foi para Brasília quando Gusmão foi indicado Ministro da Indústria e Comércio. Foi ainda assessor da área de comunicação do prefeito de Campinas, Jacó Bittar, além de ter participado, como consultor, de várias campanhas políticas.
No jornalismo, começou como repórter esportivo da Última Hora de São Paulo, depois no Notícias Populares, do qual saiu para trabalhar num projeto de vespertino para o Estado de S.Paulo, que resultaria no Jornal da Tarde.
Vem dessa época sua ligação com Mino Carta, com quem participou da criação da revista Veja e depois da criação da IstoÉ. Saiu para trabalhar como articulista e repórter especial da Folha de S. Paulo e acabaria voltando para a IstoÉ , em 1993, exatamente para substituir Mino Carta na direção da revista
Um dos seus últimos ‘desafios’ foi tentar recuperar a revista Manchete, infelizmente tragada pelo rodamoinho, já então irresistível, de uma crise administrativa. Guarda, porém, excelentes recordações dessa sua ‘fase carioca’. Sua derradeira atuação no comando de redações se daria na revista Imprensa.