A pesquisadora carioca Cybelle Moreira de Ipanema lançou, no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia – IGHB –, no final da tarde de 14 de maio último, a segunda edição, revista e ampliada, do seu livro A tipografia na Bahia. Documentos sobre as origens e o empresário Silva Serva. Trata-se de mais uma publicação da Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba) com o selo da Coleção Cipriano Barata, que identifica livros que tratam da história da imprensa da Bahia. Os títulos anteriores da Edufba que estampam o selo são as obras da professora Maria Beatriz Nizza da Silva: a segunda edição de A primeira gazeta da Bahia: Idade d´Ouro do Brazil, de 2005, e Semanário Cívico. Bahia: 1821-1823, de 2008.
A doutora Cybelle de Ipanema, professora aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divide a autoria de A tipografia na Bahia com o marido, o professor doutor Marcello de Ipanema (já falecido). A primeira edição foi publicada pelo Instituto de Comunicação Ipanema, do Rio de Janeiro, em 1977. Trata-se de obra fundamental para entender como foram os primeiros anos da imprensa na Bahia. A obra dialoga com o livro do bibliófilo Renato Berbert de Castro (1924-1999) – A primeira imprensa da Bahia e suas publicações (Salvador: Secretaria de Educação e Cultura, 1969). Uma e outra salientam a importância do pioneiro da indústria gráfico-editorial brasileira, o empreendedor português Manuel Antônio da Silva Serva.
Testemunhei a conversa da professora Cybelle de Ipanema com a diretora da Edufba, professora Flávia Garcia Rosa, em maio de 2009, no Rio de Janeiro, durante o II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial, quando combinaram a publicação da segunda edição de A tipografia na Bahia. Foi uma conversa sem mas mas, como costumam ser os acertos da diretora da Edufba, de modo que, ao retornar a Salvador, ela foi tomando as providências para que o livro fosse preparado em conformidade com a expectativa da autora. Coube a mim colaborar nesse sentido.
Rumo ao bicentenário
O livro estampa na capa uma aquarela que retrata o Morgado de Santa Bárbara, obra que faz parte do acervo do Museu de Arte da Bahia. Ali, naquele grande prédio que existia na Cidade Baixa, funcionou a tipografia de Manoel Antônio da Silva Serva. Foi dali que saiu, no dia 14 de maio de 1811, o primeiro número do Idade d´Ouro do Brazil, o primeiro periódico impresso em território baiano. A data do lançamento do livro de Marcello e Cybelle de Ipanema, pois, foi escolhida para homenagear a estreia da imprensa na Bahia. Em 2011, portanto, a mesma data marcará as comemorações dos 200 anos de atividades da imprensa da Bahia.
A tipografia na Bahia contém 33 documentos afins com os capítulos. Marcello e Cybelle de Ipanema acrescentaram aos estudos que o bibliófilo Renato Berbert de Castro divulgara em 1969 constatações que comprovam que Manuel Antônio da Silva Serva fabricou, em Salvador, prelos e tipos móveis. O casal estampa no livro algumas provas tipográficas que Silva Serva encaminhou à administração da Corte portuguesa, então sediada no Rio de Janeiro. Há, no livro, a descrição física de Manuel Antônio: alto, amorenado, um tanto ou quanto gordo e barbudo.
Os estudos sobre a história da imprensa na Bahia se multiplicaram nos últimos anos por causa dos trabalhos de conclusão de curso que os formandos em Jornalismo têm que apresentar para obter a diplomação. São monografias, livros-reportagem e documentários. A propósito de Silva Serva, por exemplo, há o documentário de Simone Regina, que se graduou na FTC em 2008. É provável que em maio de 2011 – para isto estão trabalhando alguns pesquisadores que nos últimos meses se reúnem na FSBA – seja realizada uma mostra de produtos acadêmicos sobre a história da imprensa baiana. O livro de Cybelle de Ipanema nos ajuda no sentido de comemorar com alguma substância o bicentenário da imprensa na Bahia.
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Jornalista, produtor editorial e professor da Estácio/FIB