Roberto Marinho não merecia o descuidado e adjetivado perfil biográfico realizado pelo jornalista Pedro Bial. Uma das personalidades mais significativas do século 20 é tratado com a mesma subserviência e deferência que, em vida, tinha lá suas razões para impor.
Anunciado como um trabalho que escarafunchou mais de 4 mil documentos, vemos um livro superficial e tímido. O autor pode até ter tido a oportunidade de chegar perto dos documentos, mas eles pouco apresentaram. A bibliografia é de uma pobreza indescritível.
O livro ignora alguns fatos fundamentais da vida do biografado. Esquece, por exemplo, a entrevista que Carlos Lacerda fez com José Américo de Almeida em fevereiro de 1945. A entrevista foi publicada na edição de 23 de fevereiro de O Globo. Sim, saiu no dia anterior no Correio da Manhã. Não seria um bom momento para conhecermos melhor um destes episódios tão simples de nossa história?
Ao se referir aos episódios de março e abril de 1964, a irresponsabilidade alcança mais um momento de simplismo e ideologização exacerbada com a frase ‘o nome de Roberto Marinho sempre é citado quando se fala na notória lista dos condenados ao ‘paredão’ de uma revolução comunista’ (pág 202).
Impagável.