Redações de jornais em Cartum, capital do Sudão, foram visitadas por membros das forças de segurança do país na semana passada. Os agentes ordenaram que lhes fossem mostrados os artigos que estavam sendo preparados para a edição seguinte e proibiram pelo menos dois diários de publicar notícias e editoriais. A ação ocorreu três dias depois do fechamento do jornal de oposição Rai al-Shaab por autoridades; quatro de seus jornalistas foram presos.
A situação é alarmante, já que, após um longo período de censura, o presidente Omar Bashir decretou o fim da prática em setembro de 2009. ‘Tememos que o governo esteja no processo de restauração da censura, o que seria um retrocesso histórico para a liberdade de imprensa e significaria a volta dos piores dias de vigilância aos jornais’, declarou a organização Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris.
Intimidação
Depois de passar por diversas redações durante a noite, os agentes exigiram que fossem confiscadas várias páginas do jornal Ajras al-Hurriya, de oposição, e do diário independente Al-Sahafa. Segundo Fayez al-Silaik, editor do Ajras al-Hurriya, mais da metade da edição de 20/5 foi censurada, o que tornou impossível sua publicação. Além da intimidação aos jornais na capital, estações de rádio independentes no sul do Sudão também têm sido vítimas de ameaças.
O ministro da Informação, Paul Mayom Akech, acusou a rádio Miraya, operada pela Missão das Nações Unidas no Sudão, de incitar a violência étnica e deu uma semana para que tome providências, ou será fechada. Já a rádio Bakhita corre o risco de perder sua licença de funcionamento se não modificar sua programação. Ela foi acusada de dedicar muito tempo cobrindo questões políticas em vez de transmitir programas religiosos.