Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jornais compram termos de pesquisa em busca de destaque

A ultracompetitiva indústria de jornais britânica encontrou uma nova arma para sua duradoura batalha: o Google. Jornais ingleses começaram a comprar palavras-chave do portal de buscas para que suas páginas online apareçam com destaque quando os termos forem pesquisados, informa Aaron O. Patrick em artigo no Wall Street Journal [12/1/07].


O Daily Telegraph, por exemplo, teria comprado a frase ‘teste nuclear na Coréia do Norte’ depois que o país anunciou a detonação de um artefato nuclear em outubro do ano passado. Internautas em território britânico e usuários do serviço de buscas em língua inglesa veriam um link com um anúncio para o sítio do Telegraph no topo direito do Google caso pesquisassem o termo. O anúncio, que levava os leitores a um artigo do jornal sobre o teste nuclear, tinha a marca de ‘link patrocinado’ em letras pequenas e quase escondidas.


Já o Times of London tem treinado seus jornalistas para que escrevam suas matérias de determinada maneira que tenham mais chances de aparecer entre os resultados – não pagos – das buscas do Google. ‘Você garante que frases-chave e termos específicos sejam incluídos no primeiro parágrafo do texto e nos títulos’, explica Zach Leonard, editor de mídia digital do jornal.


Bush no Sun


Recentemente, jornais britânicos compraram termos relacionados a artigos sobre a presidente da Câmara americana Nancy Pelosi e ao envenenamento do ex-espião russo Alexander Litvinenko. O tablóide conhecidamente sensacionalista The Sun comprou o termo ‘George Bush’. Quando o nome do presidente americano era pesquisado, os resultados traziam, além do sítio oficial da Casa Branca, um anúncio disfarçado com link para matérias do Sun sobre Bush.


Alguns jornais americanos, afirma Patrick, admitem comprar – de vez em quando – termos de busca do Google. Títulos como New York Times, Washington Post e USA Today já adquiriram palavras do portal de pesquisa. O próprio Wall Street Journal já experimentou a prática.


A fome da imprensa britânica, entretanto, é maior – o Times of London costuma comprar 10 palavras por semana. O Telegraph chegou a contratar consultores para monitorar e ajudar a alavancar suas aparições no Google. Entre as recomendações recebidas pelo jornal, estava a de manter as manchetes na página principal do sítio idênticas às colocadas em outras páginas, para que os computadores do Google não se confundam na seleção de notícias.


Anúncios úteis


Um porta-voz do Google diz que não acredita que usar os anúncios pagos para direcionar os internautas seja algo confuso. ‘Nossos links patrocinados são claramente identificados como tal e o retorno que temos dos nossos usuários é que eles acham os anúncios úteis porque estão relacionados diretamente àquilo que procuram’, afirma.


Para comprar termos de busca, os jornais pagam ao Google pelo menos 19 centavos de dólar cada vez que os links recebem um clique. Os preços por clique, dependendo da procura do termo por outros ‘anunciantes’, podem ultrapassar US$ 2. Os termos são vendidos através de um leilão, e os jornais podem deixar de usar uma palavra ou trocá-la por outra a qualquer momento.