A CNN anunciou que irá eliminar a editoria de ciência, meio ambiente e tecnologia, composta por sete profissionais, alegando que a série de programas Planet in Peril já se encarrega de tratar dos temas em questão. Dentre os que deixam a emissora de notícias estão o produtor Peter Dykstra e o repórter Miles O’Brien. ‘A decisão de eliminar os cargos parece um passo mal dado em um momento em que os eventos mundiais justificariam o aumento da cobertura de ciência e meio ambiente’, opina Curtis Brainard, que avalia a cobertura ambiental para o Columbia Journalism Review.
A situação da rede americana não é única: a cobertura científica em jornais também está caindo. No New York Times, por exemplo, a seção de ciência completou 25 anos de existência em 2003 mas, ainda que a administração do jornal estimule a produção de pautas sobre o tema, a equipe acabou reduzida e é preciso, segundo o repórter de meio ambiente Andrew C. Revkin [New York Times, 4/12/08], ‘fazer mais com menos’.
Educação científica
Nos anos 80, quando Revkin começava sua carreira, ele foi contratado pelo Los Angeles Times para ser um dos primeiros repórteres de uma seção semanal sobre ciência. Em menos de um ano, entretanto, a seção foi cancelada. A administração justificou a medida explicando que a editoria de esportes estava tendo muitos lucros publicitários e a de ciência não era necessária. Com isso, o jornalista acabou assumindo o cargo de editor na Discover Magazine, onde escreveu sua primeira matéria sobre aquecimento global.
Revkin, que está publicando seu terceiro livro sobre meio ambiente, acredita que, em vez de culpar a economia pelas reduções e eliminações nas seções de ciência, é preciso começar a se preocupar em como o tema – de profunda importância – é passado às novas gerações. Seu novo livro, destinado aos jovens, é um esforço para disseminar a relevância da ciência e evitar que os jornalistas científicos acabem virando ‘espécie em extinção’.