Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jornalismo literário de primeira linha

A palavra ‘entrevista’ no jornalismo emerge como um fenômeno importante de comunicação social. De acordo com Edgar Morin, ela é um tipo de intervenção, sempre orientada para a comunicação de informações. Fora do campo da espetacularização, as entrevistas intentam para a compreensão mais plena das pessoas e suas realizações.

Num certo sentido é um estudo permanente, humanístico e desbravador com imperativos democráticos, e aponta uma interação a serviço da construção do imaginário coletivo. No outro, uma investigação histórica sempre pertinente para leigos e entendidos. Pode ainda referir-se a um diálogo possível entre entrevistador e entrevistado, uma colaboração no sentido de trazer à tona uma verdade ou parte dela, regada pela emoção, temperada com clareza e servida pela razão compreensiva. Transforma-se em conversas, bate-papos, depoimentos, declarações, juízos de valores ou confissões.

A entrevista é um gênero direto e esclarecedor da modernidade, e o seu exercício cultural e consciente, na atualidade, pode produzir livros que merecem um espaço especial nas estantes das melhores bibliotecas. É o caso da edição bilíngüe (português/espanhol) de Dez conversas: diálogos com poetas contemporâneos (Gutenberg Editora, 2004), de autoria do jornalista, professor e poeta mineiro Fabrício Marques, doutor em Literatura Comparada (UFMG) e atual editor do Suplemento Literário de Minas Gerais. Uma obra valiosa e ágil, plural e revigorante, pautada pela qualidade de discernimento e esforço jornalístico em compreender o atual panorama da poesia brasileira.

As entrevistas exclusivas foram feitas entre 1997 e 2003, e publicadas no jornal O Tempo e no Suplemento Literário de Minas Gerais. Uma nova rodada foi feita com a maioria dos poetas no ano de 2003, garantindo uma unidade editorial à publicação, rompendo com o ritmo factual e efêmero do jornalismo diário. O prefácio é do prosador e poeta Joca Reiners Terron, criador de Ciência do Acidente, um selo original e independente, que lançou mais de 30 livros de escritores diferentes. A tradução para o espanhol é da poeta Prisca Agustoni e as fotos inéditas, de Guilherme Bergamini.

Quase tudo

Nas 272 páginas (a primeira metade em português e a outra em espanhol), Dez conversas registra de maneira multidisciplinar o entendimento de 10 escritores com diferentes projetos estéticos em relação à poesia. Em vez de amparar-se numa suposta segurança das idéias recebidas ou no prestígio de alguns dos entrevistados, pela indagação e descoberta, o autor procura não só resgatar e chamar a atenção para as suas biografias e obras que considera importantes, como também se desdobra em decifrar nas interlocuções os esclarecimentos relevantes, e se mantém numa posição firme que lhe permite desafiar com o máximo de vigor a prática poética, conservando o estilo de linguagem dos entrevistados.

No seu modo inquieto de entrevistar, Fabrício Marques parece ter em mente o verso-postulado de Fernando Pessoa em Autobiografia (1931), ‘O poeta é um fingidor’, uma metáfora dissimulada, porém útil ao estabelecer como no próprio poema de Pessoa o que se revela/oculta, guarda, aguarda para ser dito. Nesta esteira caminha o livro. Com interrogações e proposições editadas numa ordem progressiva onde o pensamento caminha com a imaginação. Revelando com prazer e proveito declarações inéditas aos leitores, mesmo que tenha que desconversar, mudar de ritmo, ser até meio irreverente, para atingir a sua proposta principal: um texto mais próximo da fala do que da palavra escrita.

No livro transitam bate-papos, afirmações, questionamentos veementes, resgates, lembranças, confissões, convergências, nós e laços do fazer poético. Cada autor, em suas concepções e tratos com a língua, revela experiências e histórias de vida. Delimita e pondera influências recebidas. Tece comentários sobre situações, livros e poemas escritos. Esmiúça a relação escritor/leitor. Faz um retrospecto literário brasileiro do fim da década de 1960 até os últimos anos de 1990. Entende-se com a tradição. Destaca projetos da modernidade e contemporaneidade. Aponta tendências. Discute questões ligadas a tradução, crítica, estética, artes plásticas, música, internet e virtudes do espírito. Fala sobre a descoberta da poesia. Conversa sobre quase tudo, inclusive o jornalismo e a mídia. Desconversa e dialoga sobre o reino das palavras. Numa órbita lúcida e fecunda, desafia a lei da gravidade, conjuga inúmeros verbos, muda de assunto, entretanto se encontra no essencial: a vocação plena do ofício de poeta.

Tecnologias do espírito

O mais impressionante no livro é a maneira sutil como o entrevistador consegue, por meio de um delicado equilíbrio entre clareza e investigação, organizar e comunicar o seu vasto conhecimento e os pensamentos e repertórios literários de poetas diferentes. Com o fôlego da liberdade pautada pela consciência da literatura comparada e a experiência jornalística, Fabrício Marques entrelaça informações, fatos, referências, livros e poemas. Constrói argumentos sólidos e inventivos, para interpelar de maneira arguta os entrevistados e provocar toda uma sucessão de epigramas, citações diversificadas, críticas construtivas, análises polêmicas e reflexões pertinentes.

A seleção dos escolhidos contém poetas consagrados e alguns novos, ainda pouco conhecidos do público. Esta mescla revela um impacto e convivências saudáveis entre as distâncias e convergências de gerações distintas de escritores brasileiros. O livro começa com o decano mineiro Affonso Ávila (mais de 50 anos de poesia usando a sua velha máquina de datilografia) e, num exercício de objetividade jornalística e detalhamento crítico, observa a mudança na dedicatória feita pelo poeta a Carlos Drummond de Andrade na edição inicial de Código de Minas (1969), substituída por uma epígrafe de Cláudio Manoel da Costa, na de 1997. Se você quiser saber por que o historiador, casado com a ensaísta e também poeta Laís Corrêa de Araújo, é tão ávido pelo barroco mineiro e a sua teoria sobre a lógica do erro, leia o colóquio, um dos pontos interessantes de Dez conversas. Em ordem alfabética mais nove nomes compõem a listagem: Antônio Risério, Armando Freitas Filho, Chacal, Edimilson de Almeida Pereira, Maria do Carmo Ferreira, Millôr Fernandes, Ricardo Aleixo, Sebastião Nunes e um crítico ferrenho do uso de metáforas na poesia, o falecido Sebastião Uchoa Leite.

Numa das melhores entrevistas, o baiano Antônio Risério pondera que o poeta tem que jogar, inteligentemente, com as tecnologias do espírito. Sob a batuta intermitente, inventiva e implacável do entrevistador, adentra num questionamento provocante em relação à poesia concreta, sua linguagem construtivista e o fim do ciclo histórico do verso. ‘A poesia concreta é uma coisa, os poetas (que foram concretos) é outra. Quanto ao verso, façam-no os que sabem fazê-lo.’

Jornalismo e curiosidade

Diante da internet e da pós-modernidade, Risério, que publicou em 1998 Ensaios sobre o texto poético em Contexto Digital, mobiliza todo um arsenal teórico que vai de Benjamim, passando por Derrida, Haroldo de Campos, McLuhan e Pierre Lévy para articular um discurso maduro:

‘Nós não temos, no momento, projeto claro de uma nova sociedade. Mas acho que, em conseqüência disso, não devemos cair no extremo oposto. No extremo do ‘relativismo permissivo’ de que fala Ernst Gellner. Ou nessa ‘histeria da subjetividade’, que foi chamada de ‘pós-modernidade’. Para mim, a relatividade cultural não significa a aceitação passiva de um carrossel de supostas ‘verdades’. Não. Significa coragem intelectual para o diálogo entre culturas. Assim como, no campo estético, não significa abolição de critérios. Essa bobagem é apenas um álibi para os incompetentes. Podemos não ter um projeto único, mas isto não significa abrir mãos da discussão objetiva e rigorosa das coisas’.

E vaticina novas exigências para o poeta que se depara com a dimensão espaço-tempo na escrita e no ambiente tecnológico:

‘Acho que o principal é que o poeta não pense o computador como uma espécie de supermáquina datilográfica. O computador é uma outra coisa. Há que investir poeticamente no campo da computação gráfica, tirando partido das possibilidades da nova tecnologia da mente, que alarga o horizonte do fazer, no sentido da promoção de uma liberdade dimensional da linguagem. A palavra eletrônica é uma palavra-evento. O poeta que souber lidar com isso, vai se movimentar, obviamente, num novo universo escritural’.

Em 2004, o premiado poeta carioca Armando Freitas Filho, para comemorar os 40 anos de carreira, lançou a antologia Máquina de escrever. Reconhecidamente influenciado por Drummond, João Cabral, Bandeira e Gullar, Freitas Filho começou com 23 anos lançando Palavras, na década de 1950. Em Dez conversas relata a convivência com Ana Cristina César, Drummond e Waly Salomão. Aborda a questão do duplo cego, ‘a metáfora perfeita’, para ele, da relação escritor/leitor. ‘A gente escreve para ninguém ou para todos, o que vem dar no mesmo. A gente não sabe se a droga que a gente produz vai funcionar ou não, quem a engole, também.’ Eis uma entrevista que desnuda, por meio de perguntas incisivas, aquilo que Marcelo Coelho observa na poesia de Freitas Filho: o diagnóstico de uma poesia perturbada:

‘Minha poesia é perturbada, a emissão de meu verso, melhor dizendo, é perturbada como a minha fala: pois sou gago. Para me ouvir é preciso ter paciência, para me ler idem, ibidem. Não faço assim porque quero: faço assim porque não dá para fazer de outro jeito’.

O exercício do bom jornalismo caminha junto com a curiosidade. Vem a propósito, de maneira afiada, sobre a indagação que o entrevistador faz ao também carioca Chacal, 53 anos, sobre a poesia concreta vs. poesia marginal: ‘Concretismo: dez em matemática. Dez em política. Zero em Português. Poesia marginal: zero em português. Dez em biologia. Zero em matemática’.

Lesa, lisa, louca

Para um escritor que elege a rima, a aliteração, a paranomásia (imagens sonoras), a metonímia (imagens visuais) e a metáfora, com pitadas de sinestesias (mistura de sensações), como a praia da composição poética e a máxima de que ‘a Poesia não é para se viver, é para se escrever’, cabe saber a opinião sobre o que um poema falado ‘diz’ que o poema escrito, tipográfico, não pode dizer?

‘Talvez a distância do rosto e seu retrato. A palavra, quando plena de sentido, fica prosa, como diria o meu primo. E por isso não se contenta em ficar chapada sobre o papel como um cachorro atropelado. Ela quer inflar, viajar, ganhar outras dimensões. Quando o poeta alça a voz, o sol fica vermelho de inveja porque sabe que é a única energia que pode superá-lo em sua grandeza e calor.’

Chacal já publicou 13 livros, escreve periodicamente nos principais jornais e revistas do país, faz letras com vários músicos. Criou e dirige desde 1990 o Centro de Experimentações Poéticas – CEP 20.000, um evento que reúne poetas e ouvintes mensalmente no Rio. Reitera e aponta a internet como um novo espaço de disseminação, valorização e expressividade da poesia na contemporaneidade.

Um poeta bem mais novo, nascido em 1963, também se sobressai: Edimilson de Almeida Pereira. Nascido e criado em Juiz de Fora, Minas Gerais, companheiro do pai entregando roupas pela cidade quando jovem, e pesquisador do lúdico no mundo dos sons, Pereira pensa a poesia como uma confrontação entre a fala e a escrita. No bate-papo, Fabrício Marques atenta para um fato marcante: o ritmo e a oralidade, sintonizados e operados na sua freqüência própria e original de Pereira no livro Zeosório Blues (2002). Sob uma forte influência africana e defensor da poesia como um ato criativo, lírico e universal, o juizdeforano deixa uma mensagem que merece uma boa reflexão:

‘O poema é pequeno e pouco ante a legião de injustiçados, estamos exaustos de ouvir dizer. Mas não podemos estar cansados quando falta tanto para o ser humano se cumprir e o poema ainda faz do mundo a sua pedra de amolar’.

Outra mineira, nascida em 1938, natural de Cataguazes, se destaca: Maria do Carmo Ferreira. Embora inédita em livros, publica poemas em jornais, suplementos e revistas literárias pelo Brasil desde a década de 1960, incentivada na ocasião por Murilo Rubião. Como observa Dez conversas, a poesia, para ‘Carminha’, não se dá à luz só por esforço e obediência, mas igualmente por insistência, obstinação, doses de vocação e existencialismo.

‘Nunca corri atrás para publicar ou divulgar o que faço. Questão de insegurança ou de temperamento? Acho que os dois. Tem uma canção tocada e gravada por uma banda católica, com um verso que diz assim: ‘Você nasceu para dar certo/por isso vá ficando esperto…’ Eu sei que nunca ficarei esperta, levo minha vida lesa, lisa, louca. Quanto a saber pra que nasci, bem, deixo a resposta em aberto. Não sei se nasci para ou por quê. Aliás, quem sabe?’

Suplementando os suplementos

Outro decano na lista, 80 anos agora em 2004. Outro carioca. Ele já publicou 32 livros. Intelectual, jornalista e humorista reconhecido. Trabalhou nos principais veículos de comunicação do país. No ano 2000, lançou o saite (como faz questão de grafar) ‘Millôr On-line’ (www.millor.com.br). No jornalismo impresso, trabalhou em A Cigarra, O Cruzeiro, O Pasquim, Veja, Folha de S.Paulo, Jornal do Brasil, TVs e rádios. Um proficiente: traduziu Shakespeare, Molière, poemas do israelense Yehuda Amichai e ajudou a divulgar, na década de 1980, o nome do brasileiro Manoel de Barros. Leitor voraz. Escritor de peças teatrais, haicais e textos poéticos, denominados poemeu, poeminhas. Irreverente, iconoclasta e aforista: ‘Quem não aprende a comer a alma das outras pessoas não está com nada’.

Mais um mineiro na lista da nova geração: o belo-horizontino Ricardo Aleixo. Começou a publicar suas poesias na década de 1990. Aprendeu a gostar de ler com a família, e escreveu seu primeiro poema com 17 anos. Autor de dois livros bem recebidos pela crítica: Trívio (2001) e Máquina zero (2004). Hoje, aos 44, diante de um questionamento objetivo de Fabrício Marques sobre o virtuosismo, tem uma visão bem enérgica da poesia brasileira:

‘O que predomina na poesia brasileira contemporânea é, ao contrário, na maioria dos casos pura ostentação, típica desta mentalidade nouveau-riche, que se contenta em macaquear modas literárias’.

Sebastião Nunes, Tião Nunes, Sebastunes Nião, Sebunes Nastião, Bastião Nu, Sabião Bestune, dentre outros nomes, nasceu em 5 de dezembro de 1938, em Bocaiúva, Norte de Minas Gerais. Publicou 10 livros de poemas, à margem das grandes editoras. De modo independente lançou nos anos de 1988/89 os dois volumes da Antologia Mamaluca & Poesia Inédita, poesia experimental de 1968/1989. Em 1996 publicou Sacanagem pura: ensaios sacanas sobre publicidade pela DuBolso, selo criado pelo autor. Defensor da ‘estética da provocação’, também em 1996 editou um pseudo-Mais! Ameaçado de processo pela Folha de S.Paulo, respondeu em carta-aberta, endereçada ao jornal paulista e a mais de 300 escritores e jornalistas brasileiros. O jornal silenciou.

Sobre o fato, como ressalta Fabrício Marques em Dez conversas, na época, o ensaísta Silviano Santiago escreveu: ‘Sebastião Nunes apropriou-se do logotipo de conhecido jornal paulista para dar e publicar uma ‘entrevista’ que ele não consegue dar e publicar nos suplementos literários prestigiosos. Tião Nunes, na ‘provinciana’ cidade de Sabará, está fazendo a sua capina cultural, suplementando os suplementos literários das ‘metrópoles’ brasileiras’’. Nunes é um crítico ferrenho da concentração do poder, implementado pela mídia: ‘Estamos sob a maior, mais ampla e mais duradoura ditadura que já existiu: a dos meios de comunicação de massa, especialmente rádio e televisão’.

Confissão democrática

Completa a listagem o falecido poeta, premiado com dois Jabutis, e tradutor pernambucano Sebastião Uchoa Leite (1935-2003). Entre as publicações destacam-se a coletânea Obra em dobras (1988), que reúne os seis primeiros livros escritos, e a antologia de poemas Contratextos (2001), em espanhol (tradução de Adolfo Montejo Navas). A matéria de Uchoa Leite sempre foi a linguagem e suas atribulações: ‘Quem não for capaz de apreciar paradoxos, jamais entenderá à poesia’. Vale transcrever a pergunta feita por Fabrício Marques e posterior resposta, numa observação estética relevante:

‘Pode-se dizer que uma das singularidades de sua poesia é a crítica às metáforas como recurso privilegiado da poesia, na expressão de Duda Machado. Se você concorda, quando é que as metáforas podem ter lugar nos poemas?

‘Acho, vagamente, que a crítica às metáforas começou com João Cabral, logo nos seus inícios. Se eu o fiz, apenas reiterei, e não julgo que seja uma peculiaridade minha, mas de uma certa poética da minha época. Exceto entre os neoclássicos e os neoparnasianos, que a cultivam com zelo quase religioso, na poesia moderna e no pós-modernismo lato sensu, a metáfora foi sempre uma entidade sob suspeita. Duda Machado talvez hiperdimensione, generosamente, esse aspecto no meu trabalho. Tudo não é questão de metáfora ou não-metáfora, penso eu. Mas sim uma questão de articulação da linguagem. Ou seja, da sintaxe poética, que joga com a disposição de tudo que convém à imaginação poética: palavras, frases, imagens ou metáforas, relações fonéticas, alusões semânticas, sentido e não-sentido etc. O resultado desse jogo é um bom ou um mau poema. E não é aleatório. Pois, para que uma articulação funcione, não basta ser ‘sensível’, é preciso atenção e percepção das formas, sejam visuais ou lingüísticas’.

Dez conversas é um livro maduro e consciente. Seu legado acrescenta diálogos pertinentes sobre a poesia e os poetas brasileiros neste mundo de culturas híbridas. Um registro inteligente e resgate da arte de entrevistar com destemor, respeito e paciência. Um exercício sério, revelador. Uma possibilidade concreta de ver bem perto lado a lado a liberdade e a criatividade. Uma intercessão entre a poesia e o campo da comunicação social. Uma confissão democrática. Uma aliteração inventiva e valorosa: um jornalismo literário de primeira qualidade.

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Jornalista e escritor, Belo Horizonte; pós-graduado em Jornalismo Contemporâneo, autor de Pavios curtos (no prelo)