Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornalista registra experiências do exílio

‘Somos nossa memória’, disse Jorge Luis Borges, ‘este quimérico museu de formas inconstantes, este amontoado de espelhos partidos’.

As experiências vividas pelo jornalista e militante político Rodolfo Konder estão registradas aqui, os lugares, os fragmentos, as pessoas, as sombras no espelho. Elas nos relembram um período de tensões e maniqueísmos, quando a América Latina, no quadro da Guerra Fria (que se intensifica no continente a a partir da revolução cubana de 1959) submerge nas águas escuras do autoritarismo e da repressão. As memórias do jornalista iluminam parte do caminho – hoje frequentemente esquecido – que nos trouxe até um tempo presente que pode nos aprisionar, se o desligarmos do passado e do futuro.

O próprio Borges nos adverte: ‘O presente está em declínio .O presente está só’. O fragmentário depoimento de Konder, os dois exílios, as viagens, as fugas, a prisão, a violência, a tortura, mas também a solidariedade, a presença dos amigos, o convívio com outras culturas, a vida em países como o México, o Uruguai, a Argentina, o Canadá e os Estados Unidos, tudo isso compõe um imenso conjunto de formas inconstantes, que certamente nos ajudam a compreender a atualidade e a evitar que os erros do passado se repitam – e que o vírus do autoritarismo volte a nos contaminar.

O autor

Rodolfo Konder, 69 anos, trabalhou nas revistas Realidade, Singular & Plural, Visão, IstoÉ, Afinal, Nova. Atuou em jornais, estações de rádio (inclusive Rádio Canadá, em Montreal, durante dois anos) e canais de televisão. Durante quato anos foi editor-chefe e apresentador do Jornal da Cultura. Também foi colaborador permanente do jornal O Estado de S. Paulo. Atualmente é Diretor Cultural da FMU, Conselheiro do IMAE, do Masp e membro do Conselho Municipal de Educação. Publicou 16 livros, entre os quais Hóspede da solidão, que recebeu o Prêmio Jabuti em 2001.