O jornalista Juca Kfouri lança nesta terça-feira (23/06), às 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (avenida Paulista, 2073), em São Paulo, o livro Por que não desisto – futebol, dinheiro e política. Organizado por Márcio Kroen e com prefácio de Tostão, o novo livro de Kfouri discute temas como os benefícios da Copa do Mundo para o Brasil, a motivação que leva tantas cidades a gastar dinheiro e lutar para sediar os Jogos Olímpicos e revela alguns dos bastidores políticos e econômicos do esporte mais popular do planeta.
Formado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), Juca Kfouri completa no próximo ano quatro décadas de jornalismo. Versátil, joga em todas as posições: já foi diretor de revista, é hoje colunista de jornal, comentarista de rádio e apresentador de televisão, além de blogueiro. Juca é favorável ao diploma, a questão momentosa do jornalismo, mas de todo e qualquer diploma. E contra a sua obrigatoriedade. Na entrevista a seguir, Juca Kfouri fala um pouco sobre o atual estado do jornalismo esportivo brasileiro e explica como nasceu o Por que não desisto.
Em 2010, você faz quarenta anos de jornalismo, considerando o período no Dedoc da Abril. Um livro com o título Por que não desisto – futebol, dinheiro e política sugere um balanço, ainda que parcial, de toda uma carreira. Como surgiu a ideia deste livro?
Juca Kfouri: Não é balanço, não, nem é o caso. Foi apenas uma idéia do jornalista Márcio Kroen, hoje na IstoÉ Dinheiro. Quando fez o TCC dele sobre a revista Placar, que dirigi por 16 anos, me entrevistou e teve a idéia de fazer o livro. O demovi, então. Tempos depois, o José Bantim, da Disal, me pediu um prefácio para o livro Filósofos FC e, depois, sugeriu o mesmo que o Márcio. Botei os dois em contato e o livro nasceu.
Além de ser um dos jornalistas mais lidos e, portanto, influentes do país, você tem participado diretamente de diversos momentos da vida pública nacional, embora sem jamais ter assumido cargos executivos ou tentado fazer carreira politica. Como você avalia o alcance do seu trabalho como jornalista? As brigas compradas ao longo desses anos todos valeram a pena? Você se sente frustrado ou acha que não conseguiu se fazer entender em algum episódio específico?
Juca Kfouri: Talvez a minha única qualidade seja o meu maior defeito como jornalista: sempre fui militante e continuei a sê-lo como jornalista.
Como você analisa o jornalismo esportivo praticado hoje no Brasil? Houve algum avanço em relação ao tempo em que você começou na profissão?
Juca Kfouri: Há mais gente disposta a botar o dedo nas feridas e mais gente disposta a se vender ao poder. Empate!
Você acha que assim como jornais norte-americanos divulgam em editoriais os candidatos que apóiam em eleições importantes, os jornalistas esportivos deveriam revelar em que time torcem? Não seria um direito do leitor o acesso a esta informação?
Juca Kfouri: Acho, sim, embora reconheça que com o nível de violência dos torcedores hoje em dia a transparência ponha os notórios em risco.
Você é um crítico contundente de certas práticas que ainda existem no jornalismo esportivo, como a leitura de testemunhais. Qual é, na sua opinião, a fronteira ética que o jornalista não pode ultrapassar?
Juca Kfouri: É óbvio que há conflito de interesses em cobrir a CBF e ser garoto-propaganda de cerveja que a patrocina. Nem cabe discussão. Ou bem se faz propaganda, ou se faz jornalismo.
A obrigatoriedade do diploma para jornalistas foi derrubada no STF na semana passada. Como você vê esta questão?
Juca Kfouri: Como um avanço. Sou a favor do diploma, qualquer diploma. Mas contra a obrigatoriedade dele no jornalismo.
O Brasil vai ganhar a Copa de 2010? E há algum risco do Corinthians vencer o campeonato brasileiro deste ano?
Tem muita chance, como sempre, ainda mais por ser em campo neutro. Sobre a segunda pergunta, só não será se não quiser. Talvez se baste com a Copa do Brasil…