A repórter do New York Times Judith Miller testemunhou novamente diante do grande júri nesta quarta-feira (12/10). A jornalista, que passou quase três meses na prisão por se recusar a revelar à justiça a fonte que lhe passou a informação sobre a identidade da agente da CIA Valerie Plame, foi convocada a dar novo testemunho após um encontro, no dia anterior, com o promotor Patrick Fitzgerald, que investiga o caso.
A conversa com o promotor teve como tema algumas notas que Judith encontrou na redação do jornal após seu primeiro testemunho, em 30/9 – no qual revelou que sua fonte era Lewis Libby, chefe de gabinete do vice-presidente dos EUA. As anotações teriam sido feitas durante uma conversa que ela teve com Libby em junho de 2003.
O testemunho de Judith durou mais de uma hora, e nem ela nem seu advogado quiseram comentar o assunto. Em uma mensagem enviada ontem para a equipe do jornal, o editor-executivo, Bill Keller, disse que a repórter havia se encontrado com Fitzgerald para ‘entregar notas adicionais e responder a algumas questões’. Ele afirmou também que Judith iria se apresentar diante do grande júri para ‘complementar seu testemunho anterior’.
Represália
A investigação em questão visa descobrir se a identidade da agente da CIA Valerie Plame, mulher do diplomata americano Joseph Wilson, foi vazada para a imprensa de maneira proposital por oficiais do governo dos EUA. Logo antes da informação ser publicada pela primeira vez, em um artigo do colunista sindicalizado Robert Novak, em julho de 2003, Wilson havia escrito um artigo afirmando que, durante viagem ao Níger, não havia encontrado indícios de que o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein teria comprado urânio do país, ao contrário do que era alardeado pela administração Bush. O vazamento da identidade secreta da mulher de Wilson é visto por críticos como uma represália do governo, que teria ficado em situação embaraçosa por causa das afirmações do diplomata. Informações de David Johnston [The New York Times, 12/10/05].