Friday, 29 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Líbero Badaró e a liberdade de imprensa

Há quase dois séculos, o jornalista ítalo-brasileiro Líbero Badaró publicava artigo no qual reprovava a tese de que os abusos praticados pela imprensa justificam o cerceamento de sua liberdade. Mais do que isso, pontuava que a liberdade de imprensa é uma garantia dos governos, desde que estejam livres da corrupção.

A Editora Migalhas, em tempos de censuras judiciais e afirmação da democracia, reedita o artigo em um belo livro de capa dura com baixo relevo e escritos em verniz.

Com apresentação do advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira, especializado em causas que envolvem a imprensa e representante legal dos jornais O Estado de S.Paulo e Valor Econômico, o livro exalta os valores da autonomia e independência dos meios de comunicação, especialmente frente aos governos.

“Morre um liberal, mas não morre a liberdade”

Nascido na Itália, Líbero Badaró formou-se médico e jornalista antes de mudar para o Brasil, em 1826. Em São Paulo, aderiu à vertente liberal que propagava a autonomia para o país, participando inclusive de lutas políticas relacionadas à independência.

No ano de 1829, fundou o jornal Observador Constitucional com o intuito de revelar os abusos cometidos pelos governantes. Prova de que sua postura combativa incomodava o alto escalão foi o atentado a tiros que ceifou sua vida, em novembro de 1830. Alguns historiadores acreditam que a ordem para matá-lo possa ter partido diretamente do imperador Dom Pedro I.

“Morre um liberal, mas não morre a liberdade.” Esta frase, declarada por Líbero Badaró momentos antes de morrer, reflete os valores que praticou em vida. Ela resume o legado que o bravo jornalista deixou aos cidadãos brasileiros e especialmente aos profissionais da mídia, para que atuem sempre em prol deste direito indispensável para a consolidação da democracia em nosso país.

Trechos do livro

“E se não é a liberdade de imprensa, que faça chegar ao ouvido dos imperantes os gemidos dos oprimidos, qual será o outro meio?”

“Não são somente as instituições políticas, que devem os seus maiores e rápidos progressos à liberdade de imprensa; as artes, as ciências, a civilização toda é intimamente ligada a ela.”

“A imprensa livre não é arma ofensiva, é o exercício natural das nossas faculdades por meio de um instrumento semelhante à nossa língua.”

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