Episódios inéditos sobre o período da ditadura militar antes e depois do golpe de 1964 são apresentados em Lacerda na Era da Insanidade, do jornalista pernambucano Francisco José Guimarães Padilha, 76 anos. O lançamento da obra acontece nesta segunda-feira, 14/6, às 18h, no 11º andar do edifício-sede da ABI (Rua Araújo Porto Alegre, 71, Centro do Rio).
Entre as revelações, destaque para o atentado que quase explodiu um túnel ferroviário da Central do Brasil, cujo alvo era Carlos Lacerda que, em campanha presidencial, estava acompanhado de uma comitiva de mais de 200 pessoas.
Na orelha do livro, o jornalista Zuenir Ventura, conselheiro da ABI, destaca a trajetória do autor e sua estreita relação com Lacerda:
‘De todos os jornalistas que passaram pela Tribuna da Imprensa, meu velho companheiro de redação e amigo Guimarães Padilha foi um dos que conviveram por mais tempo com Carlos Lacerda. Desde os passos iniciais da profissão como repórter até o topo da jornada como chefe de redação e diretor responsável, no epicentro da ditadura militar que se lançou contra o jornal, baniu Lacerda da vida política e varreu de cena os melhores valores da democracia brasileira. (…) Ainda beirando o foca, Padilha foi quem Lacerda escolheu para uma cobertura internacional histórica que olevaria à Havana de Fulgencio Batista e à Sierra Maestra de Fidel Castro.’
Assumiu o jornal antes dos 30 anos
Outras grandes coberturas marcaram a carreira do autor, como as entrevistas com John Kennedy, nos EUA, um mês antes do assassinato do presidente norte-americano, e com o presidente João Goulart, poucas horas antes de ser deposto em 31 de março de 1964.
Processado nos Atos Institucionais 3 e 4, Padilha foi preso pelos agentes da ditadura. No período em que o jornalista Hélio Fernandes permaneceu confinado em instalações militares da Ilha de Fernando de Noronha-PE e em Pirassununga-SP, Padilha ocupou a direção da Tribuna da Imprensa.
‘Guimarães Padilha foi o grande redator-chefe da Tribuna da Imprensa. Existiam outros excelentes jornalistas, mas não nas circunstâncias em que o Padilha assumiu o jornal por inteiro antes de completar 30 anos, em plena ditadura, quando fui cassado em 1966, e proibido de escrever ou de dirigir o jornal, numa situação dramática’, recorda Hélio Fernandes.
Além das experiências pessoais de Padilha, Lacerda na Era da Insanidade reúne depoimentos dos jornalistas Maurício Azêdo, presidente da ABI, Alberto Dines, Cícero Sandroni, Murilo Mello Filho, Milton Coelho da Graça, Ayrton Baffa, Ely Azeredo, Nelson Lemos, Dilson Ribeiro e Nilo Dante.