The New York Times recentemente anunciou que Sam Tanenhaus ficaria no comando de seu caderno de resenhas literárias, o mais importante espaço na imprensa para a indústria editorial americana. Rachel Donadio, do New York Observer [22/3/04], aponta que a indicação é mais um indício de que o jornalão nova-iorquino está dando mais atenção aos conservadores. O próprio jornalista concorda com isso e diz estar disposto a desempenhar seu papel dentro desta orientação. ‘Isso não significa que os conservadores ficarão com todo o espaço e que estão certos’, alerta Tanenhaus, que não se considera de direita. ‘Sou muito moderado por natureza’, define.
No entanto, o novo editor do Book Review, ao longo de sua carreira, já contribuiu para publicações conservadoras. Além disso, foi indicado ao Pulitzer de 1997 pela biografia do jornalista anticomunista Whittaker Chambers. Ultimamente, era colaborador da Vanity Fair, em que escrevia muito sobre figuras republicanas que orbitam em torno do governo Bush. Antes, já havia trabalhado no Times como editor da seção de artigos opinativos, em 1997. Sua contratação, na época, foi uma surpresa para os conservadores, pois os editoriais do jornal são considerados de tendência liberal.
Tanenhaus nega que queira eliminar obras ficcionais do Book Review, algo de que a indústria editorial tem demonstrado temor, já que ele não esconde ter mais entusiasmo pela não-ficção. ‘Vivemos em uma era realmente exemplar da narração não-ficcional, e, em certa medida, a não-ficção assumiu alguns dos atributos que antes eram da novela. Os autores de não-ficção herdaram a técnica clássica da ficção. É o que tentei fazer na biografia que escrevi. Tentei escrevê-la como se fosse uma novela’.