Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O corpo-a-corpo com a vida

Em 1975, o escritor-jornalista João Antônio escreveu uma espécie de manifesto-ensaio intitulado ‘Corpo-a-corpo com a vida’. No texto, João Antônio lança uma proposta-problema: a configuração de uma escrita comprometida com as pulsações de uma realidade social nacional esquecida, à margem. Tal proposta vem intertextualizada por uma série de fatores, entre os quais a aproximação do manifesto com modelos e paradigmas textuais como o romance-reportagem, o Novo Jornalismo e, principalmente, o comprometimento com uma escrita menos ‘brilhosa’, não beletrista.

Nosso objetivo neste trabalho é demarcar e identificar os elementos presentes no ensaio de João Antônio: a ação textual, a localização do conteúdo e da prática jornalísticos, a imersão textual proposta por ele e os temas/assuntos surgidos a partir daí.

Com isso, o ensaio ‘Corpo-a-corpo com a vida’ ajudar-nos-á a ver como se manifesta a escrita joãoantoniana, mas também levar-nos-á a entender quais demandas sociais, para João Antônio, o escritor-jornalista deve atingir e apreender.

Nosso trabalho será contextualizado com obras teóricas que dialogam e investigam os códigos presentes em ‘Corpo-a-corpo com a vida’. Para isso, utilizaremos desde os referenciais analíticos sobre João Antônio até a discussão sobre as particularidades do jornalismo e da reportagem, bem como a manifestação do romance-reportagem e ainda o próprio texto de João Antônio.

Acreditamos ser necessária a exploração de ‘Corpo-a-corpo com a vida’ para que se percebam as nuanças de uma prática jornalística e literária menos atrelada a dogmas engessadores. Cremos que a proposta de João Antônio para o enfrentamento do escritor-jornalista passa, necessariamente, pelo entendimento formal e de conteúdo de certas demandas (textuais e sociais). Os referenciais teóricos nos auxiliarão a dar sustentação ao entendimento da proposta-embate lançada por João Antônio.

O ataque

A crítica de João Antônio em ‘Corpo-a-corpo com a vida’ é endereçada aos escritores e intelectuais tomados pela precariedade formalista e beletrista, distantes das esferas sociais esquecidas. João Antônio prega que o escritor/intelectual nacional se comporta como o autêntico homem da classe média, ao esquecer as faixas de vida nacionais, isto é, faixas sociais localizadas à margem do discurso literário e jornalístico hegemônicos.

Dessa maneira, sustenta: ‘O de que carecemos, em essência, é o levantamento de realidades brasileiras, vistas de dentro para fora (…); daí saltarem dois flagrantes vergonhosos – o nosso distanciamento de uma literatura que reflita a vida brasileira, o futebol, a umbanda, a vida operária e fabril, o êxodo rural, a habitação, a saúde, a vida policial, aquela faixa toda a que talvez se possa chamar radiografia brasileira (Antônio, 1975, p.143).’

Se olharmos com atenção o que foi dito, percebemos que tais ‘radiografias’ preconizadas por João Antônio se refletem prontamente em sua obra literária, no amplo universo de ‘faixas esquecidas’ da vida brasileira, como em Malagueta, Perus e Bacanaço (1963) e Leão de Chácara (1975), nos quais os retratos dos despossuídos, marginais e ‘pingentes’ urbanos são narrados e relatados sob o ponto de vista de ‘dentro pra fora’.

Entretanto, percebe-se que em ‘Corpo-a-corpo com a vida’ o autor propõe algo mais extensivo à própria tarefa literária: convida à necessidade de um compromisso com a vida brasileira, daí ‘o futebol, a umbanda, a vida operária e fabril, o êxodo rural, a habitação, a saúde, a vida policial’ surgirem como estilos de vida que duelam com práticas literárias conservadoras. Há, pois, para João Antônio, a colocação de um primeiro confronto, de um primeiro embate: radiografia de estilos de vida ‘marginais’ x Forma apriorística e pré-moldada dos beletristas.

Neste embate demarcado contra os autores beletristas e ‘precários’, João Antônio buscará, com extrema obsessão, paradigmas que reforcem seus questionamentos e inquietações. Chiappini (2000), ao citar Scliar, localiza o universo joãoantoniano à luz das práticas literárias, culturais, intelectuais e pessoais do autor:

‘Para Moacyr Scliar, João Antônio, embora fale preferencialmente de tipos e situações muito específicas, jogadores de sinuca, leões-de-chácara, gigolôs, prostitutas, dedos-duros, artistas decadentes, por intermédio deles ‘mapeia a cultura erudita e popular de nosso país, refaz a nossa trajetória histórica’, superpondo personagens que vão do pingente dos trens da Central do Brasil ao mesmo pingente nos bondes do subúrbio; de um Lima Barreto e Garrincha, do pai-de-santo baiano ao jornalista que se vende na campanha enganosa da São Paulo para turistas, deste a Noel Rosa e Aracy de Almeida. Ainda segundo Scliar, com certa ironia, isso tudo acaba por ‘formar um único, complexo e glorioso retrato do povo brasileiro’.’ (Chiappini, 2000, p.157).

Ou seja, a busca de João Antônio em seus textos é o comprometimento comportamental com todas as categorias elencadas por Scliar, sendo que o ‘retrato do Brasil’ passa a ser construído e confeccionado por camadas e personagens distintos da representação academicista e beletrista.

Nesse sentido, a escrita idealizada por João Antônio rompe com atos e dizeres preestabelecidos e não separa – aliás, reforça – a união do ato literário com o jornalístico, na prática da escrita comprometida com a imersão social. Na condição de escritor e jornalista, João Antônio entende que a postura antibeletrista deve se construir com a visceralidade comportamental de entrega às esferas sociais, para que o escritor trabalhe nos trilhos, tanto documentais, quanto ficcionais. Não à toa, os autores paradigmáticos retomados por João Antônio para o confronto com o academicismo sejam escritores-jornalistas combativos como Lima Barreto e Graciliano Ramos.

Poder-se-ia dizer também que quando João Antônio faz os perfis de Aracy de Almeida, Noel Rosa, a prostituta, o jogador de sinuca, a busca é a mesma: o ataque ao mundo oficial e acadêmico visto sob o ângulo da marginália, para ele o ângulo da ‘dignidade comportamental’.

Ora, há em João Antônio, portanto, a preocupação do desnudamento da realidade, vista por dentro do tecido social. Bulhões (2005):

‘Trazendo o problema da linguagem do ‘outro’ para o contexto da prosa de João Antônio, depara-se com a linguagem ‘barra pesada’ do marginal, do ‘desqualificado’ social, da ‘canalha’ urbana. Ao fazer isso, o que se vai perceber, sobretudo a partir do seu segundo livro, Leão de Chácara, lançado em 1975, João Antônio conseguirá em muitos textos afirmar a capacidade de atingir uma dimensão que só a literatura alcança por, ao fazer um corte ‘por dentro’, incorporar as formas de expressão do sujeito marginalizado, dando voz, sem filtro, a uma realidade humana que se deve escutar’ (Bulhões, 2005, p.18).

Portanto, a ‘honestidade intelectual’, para João Antônio, adquire-se com o entrelaçamento do escritor com a sua escrita. Desse modo, o narrador em João Antônio assume papel fundamental na imersão pregada em ‘Corpo-a-corpo com a Vida’. É com a experiência do narrador-repórter que se dá a força de representação social engendrada pelo manifesto-ensaio.

Quando o autor salienta a radiografia das faixas de vida, ou quando Scliar vê no universo joãoantoniano o retrato do Brasil, é pertinente que notemos a condição do narrador no percurso textual da realidade imersiva. Chiappini (2000) nos traz outra preocupação em João Antônio, no bojo da imersão: o conflito do narrador com a cidade apreendida:

‘Na marcha para cima e para baixo narrador e personagens buscam o tempo todo não apenas espaços, mas, becos, guetos da cidade, mas uma outra cidade que não existe, descobrindo ‘que a cidade deu em outra’. No caso do Rio de Janeiro, a que se revela sobretudo na ausência das sinucas, das casas de samba, dos botequins de antigamente, ou, no caso de São Paulo, na ausência tão presente de Germano Matias, o sambista improvisador, leitmotiv do texto ‘Abraçado ao meu Rancor’ do mesmo livro’ (Chiappini, 2000, p.159).

Em ‘Corpo-a-corpo com a Vida’, o narrador é visto e interpretado sob a condição de repórter. O jornalismo, para João Antônio, só tem validade se for fundamentado com a prática da reportagem [Bianchin (1997): ‘Podemos dizer que a reportagem parte de um fato ou de fatos singulares e os aprofunda, relaciona, contextualiza, incorporando à narrativa elementos que vão possibilitar a compreensão verticalizada do tema no tempo e no espaço’ (Bianchin, 1997, p.117)], com o repórter como peça decisiva na forma de escrita emancipada.

Os diálogos

Um segundo embate que se coloca em ‘Corpo-a-corpo com a Vida’ é o enfrentamento jornalístico com a realidade brasileira. A partir disso, surge o diálogo com fenômenos jornalísticos como o romance-reportagem brasileiro dos anos 70, e o Novo Jornalismo estadunidense dos anos 60.

João Antônio localiza uma tendência literária (o romance-reportagem) no enfrentamento descritivo da realidade brasileira. Ao contextualizar escritores-jornalistas como Antônio Torres e Ignácio de Loyola Brandão aos ventos contemporâneos de uma nova visão textual – propagada em ‘Corpo-a-corpo com a Vida’, diz: ‘no qual o universal cabe dentro do particular, e se procura descobrir, surpreender, flagrar, compreender a nova vida brasileira com suas contradições e sofrimentos, imprevisões, improvisações, malemolências e descaídas, jogo de cintura ou perna entrevada’ (Antônio, 1975, p.144).

Ou seja, o autor identifica o romance-reportagem como uma literatura que se norteia e dialoga com a ‘radiografia nacional’, por meio da retomada de paradigmas textuais realistas. Nesse sentido, a aproximação pessoal de João Antônio em relação a Lima Barreto e Graciliano Ramos, por exemplo, é estendida como discussão estética e funcional na proximidade literária com o romance-reportagem.

Percebemos, então, que João Antônio está delineando uma escrita construída em uma ‘função social’, com o ‘universal vislumbrado pelo particular’, e de certa maneira, uma escrita herdeira das manifestações da literatura realista: ‘desde Cervantes, Dostoievsky, Stendhal, Balzac, Zola, o universal sempre coube no particular pela captação e exposição da luta do homem e não de suas piruetas, cambalhotas, firulas e filigranas mentais. Que me desculpem os ‘ismos’, mas no caso brasileiro, eles não passam de preguiça, equívoco e desvio da verdadeira atenção. E função.’ (Antônio, 1975, p.145).

A função a que João Antônio se refere se fundamenta, evidentemente, em uma escrita de choque inevitável com a sociedade: ‘O caminho é claro e, também, por isso, difícil – sem grandes mistérios e escolas. Um corpo-a-corpo com a vida brasileira. Uma literatura que se rale nos fatos e não que rele neles. Nisso, a sua principal missão – ser a estratificação da vida de um povo e participar da melhoria e da modificação desse povo. Corpo-a-corpo. A briga é essa. Ou nenhuma’ (Antônio, 1975, p.146).

O segundo embate se dá, portanto, com o enfrentamento, e nesse sentido João Antônio elucida no ensaio as aproximações categóricas de ‘briga textual’, presentes no Novo Jornalismo e na reportagem visceral e, sobretudo, reforça o papel do novo repórter na configuração do corpo-a-corpo.

Para a consolidação de tal confronto, a união do jornalismo e literatura é essencial ao entendimento de ‘Corpo-a-corpo com a Vida’.

Voltando às aproximações de estilo e espírito entre ‘Corpo-a-corpo com a Vida’ e o romance-reportagem, vejamos o que Cosson nos fala sobre as novas práticas jornalísticas, e a função que desempenhou o romance-reportagem:

‘Se considerarmos que é a censura o motor da existência do romance-reportagem não precisamos nos preocupar com a mistura do jornalismo e literatura que ele pressupõe efetivar (…) Entretanto, se tomarmos o romance-reportagem como um tipo particular de narrativa que ultrapassa a década de 1970 (como efetivamente ocorre) e se configura como um modo próprio de narrar, teremos que reconhecer que o império dos fatos foi contaminado pelo jardim da imaginação’ (Cosson, 2005, p.65).

Com a fala de Cosson, percebemos que a contaminação do factual pelo ‘jardim da imaginação’ faz surgir um terceiro embate, presente em ‘Corpo-a-corpo com a Vida’: o narrador-repórter imerso na convergência da função literária e jornalística. Isto é, o surgimento da figura do escritor-jornalista combativo.

O repórter-bandido

O auge do discurso combativo em ‘Corpo-a-corpo com a Vida’ é a personificação do escritor-jornalista à condição de repórter marginal a representar uma nova condição jornalística: uma escrita empreendida pelo enfrentamento social, uma postura intelectual e literária anti-academicista, como vimos. E nesse desdobramento se encontra, talvez, o cerne da literatura do corpo-a-corpo, com um novos olhares e novas representações do real apreendido. Sato nos orienta sob a questão do domínio do real, da representação da realidade, pelo prisma do jornalismo:

‘A relação entre representação e mundo representado mostra-se bastante complicada, pois uma coisa ou um conjunto de coisas encarnam, contendo-as ou velando-as. Em vez de revelar o real, pode-se dizer que a representação, ao dar-lhe suporte, substitui a totalidade e a encarna, em vez de remeter a ela (…). A vocação da notícia é representar o referente, em princípio, verificável. Ao exigir-se do jornalista o uso da terceira pessoa que garantiria formalmente a impessoalidade do discurso, tem-se como resultado um discurso esvaziado, que acaba por ocultar o processo social que possibilitou a notícia’ (Sato, 2005, p.31).

Todavia, é a reportagem (não a notícia verificável) que desempenhará papel fundamental no ideário de ‘Corpo-a-corpo com a Vida’, ou ainda, o repórter desempenhará a condição de repórter-bandido: ‘Digamos, um bandido falando de bandidos. Corpo-a-corpo com a vida, posse e gozo juntos, juntinhos, chupão, safanão, gemido’ (Antônio, 1975, p.146).

A convergência entre jornalismo e literatura passa, evidentemente, pelo funcionamento e pela prática da reportagem, que dará urgência à fuga da pauta apriorística do texto academicista/beletrista e/ou noticioso-informativo. Na reportagem idealizada por João Antônio, o tema deve ser construído e escrito sob múltiplos pontos de vista, em diversas óticas, de ‘dentro pra fora’ [Bulhões, Marcelo. Jornalismo, Literatura e Violência: A Escrita de João Antônio. Bauru: Coleções Faac, 2005]. Ora, retomam-se, com isso, os agentes obrigatórios para a ‘radiografia brasileira’, preconizada pelo próprio autor. Bulhões (2005):

‘Assim, a realidade degradada de um país como o Brasil deve ser enfrentada por dentro pelo escritor, ou seja, a partir do momento em que ele assume a vivência dos seres degradados. João Antônio propaga, então, a idéia de um escritor-marginal, ou um repórter-marginal, aquele que vive na carne a experiência a ser configurada na escrita’ (Bulhões, 2005, p.24).

Aqui, encontramos novamente características do enfrentamento heróico do repórter-marginal (ou repórter-bandido) com o universo temático da obra joãoantoniana (ficcional e jornalística). Como não lembrar dos três malandros de Malagueta, Perus e Bacanaço, do traficante Paulinho Perna Torta em Leão de Chácara, e ainda o narrador-repórter amargurado de Abraçado ao meu Rancor (1986)?

A figura do repórter-marginal faz surgir ingredientes novos à prática da escrita joãoantoniana (corrosiva, visceral): a tensão, a briga, elementos obrigatórios na tentativa de radiografar a realidade representada por indivíduos e sujeitos à margem.

Em O Buraco é mais embaixo [Antônio, João. O Buraco é mais Embaixo. In: Severiano, Mylton. Paixão de João Antônio. São Paulo: Casa Amarela, 2005], texto de 1977, ou seja, dois anos após a publicação de ‘Corpo-a-corpo com a Vida’, João Antônio escreve:

‘O escritor não pode partir para uma nova forma pronta. Ela será dada e exigida. Será imposta pelo próprio tema tratado e jamais deixará de surpreender o escritor. O tema passa a flagrar o desconhecimento do escritor, uma vez que o intérprete aceita um corpo-a-corpo levado com o assunto’ (Antônio, 2006, p.43).

Considerações finais

Podemos dizer, após a identificação dos três embates presentes em ‘Corpo-a-corpo com a Vida’, que a forma não apriorística do tema travado pelo escritor-repórter solidifica duas melhorias textuais propagadas por João Antônio: a ruptura da demarcação dogmática entre texto jornalístico e literário e, principalmente, o enriquecimento da própria forma e da própria escrita.

Ao final do ensaio, quando cita o crítico literário Antônio Cândido, João Antônio reforça a necessidade de experimentação, e localiza o seu Malagueta, Perus e Bacanaço como modelo de um ‘Corpo-a-corpo com a Vida’, ao se colocar – ele, autor – na condição de alter-ego dos três protagonistas merdunchos, reforçando, dessa maneira, seus propósitos, desejos e pontos de vista: o enfrentamento textual/social, o entrelaçamento entre narrador e personagem [Antônio, João. Malagueta, Perus e Bacanaço. São Paulo, Cosac & Naify, 2004].

Não deixa de ser curioso notarmos a impressão que Cândido faz de João Antônio, em texto de 1996, presente em uma edição de Malagueta, Perus e Bacanaço:

‘João Antônio inventou uma espécie de uniformização da escrita, de tal maneira que tanto o narrador quanto os personagens, ou seja, tanto os momentos de estilo indireto quanto os de estilo direto, parecem brotar juntos da mesma fonte (…). Narrador e personagem se fundem, nos seus contos, pela unificação do estilo, que forma um lençol homogêneo e com isso define o mundo próprio a que aludi’ (Cândido, 2004, p.11).

Supomos, portanto, que a tentativa de emolduração de uma escrita tomada pelo paradigma do enfrentamento se fundamenta, necessariamente, pela não diferenciação entre texto jornalístico e literário, e que em ‘Corpo-a-corpo com a Vida’ se fundamenta uma práxis jornalística, ao enxergar o escritor tomado visceralmente pela ótica e ação de um repórter-bandido que retrata os desassossegos sociais, ou, como define João Antônio em ‘Corpo-a-corpo com a Vida’: ‘Literatura de dentro para fora. Isso é pouco. Realismo crítico. É pouco. Romance-reportagem-depoimento. Ainda é pouco. Pode ser tudo isso trançado, misturado, dosado, conluiado, argamassado uma coisa da outra. E será bom. Perto da mosca. A mosca – é quase certo – está no corpo-a-corpo com a vida. Escrever é sangrar. Sempre, desde a Bíblia. Se não sangra é escrever?’ (Antônio, 1975, p.151).

Eis a pergunta lançada por João Antônio, síntese, talvez, dos três embates aqui descritos.

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Jornalista, mestrando em Comunicação Midiática pela UNESP – Universidade Estadual Paulista, na linha de pesquisa ‘Gêneros e Formatos na Comunicação Midiática’