O livro estuda a importância dos meios de comunicação de massa no funcionamento da política. As indicações desta tendência de interferência na política foram constatadas em duas pesquisas focadas na cobertura jornalística da Câmara Municipal de São Paulo. A primeira, mais ampla, analisou a atuação da Câmara durante os governos de Luiza Erundina (1989-92), então no PT, e de Paulo Maluf (1993-96), do PDS (atual PP). A segunda, num recorte específico, tratou da ‘máfia dos fiscais’, um escândalo que, no final de 1998, movimentou a política paulistana, alcançando repercussão nacional.
A primeira parte do livro investiga a avaliação operada pela imprensa escrita, que disseminava imagens construídas em torno dos aspectos desfavoráveis da prática parlamentar, reduzindo ou suprimindo os pontos positivos da atuação destes políticos. Também aborda a concepção elaborada pelos vereadores a respeito do papel desempenhado pelos jornalistas e pela imprensa no campo político.
A segunda parte trata da ‘máfia dos fiscais’ ou ‘máfia da propina’, denominações criadas pela mídia. Esta rede de influências abrangia fiscais das administrações regionais da prefeitura de São Paulo, vereadores, secretários de governo, empresas municipais e privadas contratadas pelo governo municipal na gestão de Celso Pitta (1997-2000). A partir deste estudo, ganhou centralidade o conceito de escândalo político, que explicita a relação entre mídia e política.
Vera Chaia, coordenadora do projeto temático ‘Mídia, Campanha Eleitoral e Comportamento Político em São Paulo’, financiado pela Fapesp, e pesquisadora do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp) do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP, analisa as relações entre jornalismo e política paulistana, nos períodos citados, constatando as particularidades adquiridas pela prática dos jornalismos interpretativo e investigativo.