Um grampo que supostamente foi feito por membros da Abin (Agencia Brasileira de Inteligência) no telefone celular do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, está dando o que falar. O presidente Lula já afastou a cúpula da Abin, inclusive o diretor-geral Paulo Lacerda, até que as investigações sobre os supostos grampos sejam apuradas.
Não podemos esquecer que esta matéria é da revista Veja, que há muitos anos mudou seus padrões de jornalismo e hoje suas reportagens são pouco confiáveis. Segundo a revista, a conversa entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o ministro Mendes aconteceu às 18h32min e durou pouco tempo. No momento da suposta conversa, o ministro estava a caminho do Palácio do Planalto, onde se reuniu com o presidente Lula e com o ministro da justiça Tarso Genro.
Nos últimos dias, só se ouve sobre o ‘ministro grampeado’ – uns se dizem ‘horrorizados’ com a situação, outros ainda nem bem entenderam todo o desenrolar das reportagens. Na verdade, a mídia em si esta radiante com mais esta fonte de informações para os jornalistas sensacionalistas deste país.
O ‘grampômetro da imprensa’
Nesta história toda, alguém poderia me dizer o que muda para os brasileiros? Qual a importância disso tudo para o trabalhador que, com grampo ou sem grampo, se levanta cedo todos os dias para sustentar suas famílias? Se quiséssemos, teríamos assunto para encher várias paginas de jornais, pois o Brasil tem muitos problemas. Muito pode ser dito e o ‘ministro grampeado’ também teria seu espaço, mas não estaríamos praticando a ‘imprensa do momento’, que prioriza certas informações e deixa outras de lado.
Digam-me quantas pessoas morrem por dia neste país em filas de hospitais? E a imprensa não está lá para noticiar. Quantas pessoas têm que se levantar antes das 4 da madrugada para ganhar o pão da cada dia? E muitas vezes, no fim do mês, ganhando pouco mais que 500 reais? É importante tratar este caso de um modo diferente, pois se trata da invasão de privacidade de uma autoridade, mas também é importante que, de vez em quando, mesmo que por um tempo menor destinado ao ‘grampômetro da imprensa’, todos nós voltemos nossos olhos para os brasileiros, e possamos enxergar que o jornalismo vai além do noticiário sobre ‘pessoas importantes’ e perceber que por aqui também vivem pessoas simples que, em muitos casos, nem mesmo sabem o que é STF.
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Jornalista, Santo Antonio do Aracanguá, SP