A ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, costuma escrever suas colunas com base em assuntos comentados pelos leitores e, neste domingo [6/5/07], optou por falar sobre a relação do público com o jornal. Ela lembra que, há pouco tempo, para fazer algum comentário sobre as matérias do Post, o leitor tinha que escrever uma carta ao editor, com nome e endereço corretos, ou entrar em contato com o ombudsman. Agora, ao final de cada matéria no sítio do diário, basta clicar em um botão para ‘entrar em um novo mundo que desafia as antigas práticas jornalísticas’ – mas que pode também ‘enervar alguns jornalistas e leitores’.
No sítio do Post, os comentários online são postados imediatamente, bastando apenas um endereço de e-mail como identificação. Segundo Jim Brady, editor-executivo da página, o diário foi um dos primeiros a permitir comentários. A intenção era construir uma relação de fidelidade com os leitores, ao permitir no sítio ‘mais do que uma leitura: uma conversa’. ‘Passamos a construir uma comunidade para debater as notícias, e não apenas lê-las’, lembra Brady.
Críticas e mais críticas
Mas como nem tudo são flores, as reclamações sobre esta liberdade de comentários surgiram inicialmente na redação do jornal. Alguns repórteres, conta Deborah, não apreciam o feedback muitas vezes rude dos leitores. O sítio recebe cerca de 4.600 comentários por dia, alguns bastante ofensivos.
Por outro lado, há os leitores que não aprovam a ‘relação direta’ com o jornal. Muitos criticam a falta de monitoramento do conteúdo das mensagens. Deborah informa que há dois membros da equipe do Post em tempo integral para monitorar os comentários, mas não é possível retirar as mensagens questionáveis com tanta rapidez.
‘Os pedidos para retirada do comentário [através de um link ao lado de cada comentário] são a primeira linha de defesa, e também ficamos de olho em alguns temas, como a guerra do Iraque e crimes locais’, explica Brady. Um software censura comentários descaradamente obscenos. Ataques pessoais e ‘comentários inapropriados’ também são proibidos, embora não haja uma definição para o que seja ‘inapropriado’. ‘É subjetivo. Temos que julgar o que é um ataque ou não’, diz o editor.