Um pouco de tudo com quase tudo em demasia. Uma vida dedicada à comunicação e seus múltiplos meandros, assim poderia ser definida a atuação do jornalista Carlos Eduardo Zanatta, falecido em julho do ano passado (‘Comunicação perde um formulador‘). Com o intuito de prestar uma homenagem e, de manter viva as reflexões e relatos do jornalista, foi lançado na terça-feira (19/2) o livro Tudo isso e mais aquilo – As comunicações na perspectiva do jornalista Carlos Eduardo Zanatta, que conta um pouco dessa história.
Trata-se de uma compilação dos principais artigos, reportagens e entrevistas realizadas por Zanatta ao longo de sua carreira como repórter das revistas Tele Time, Tela Viva e Pay-TV, respectivamente voltadas para o mercado de telecomunicações, televisão e produção audiovisual e TV paga, entre os anos 1996 e 2007. Somando assim 11 anos de cobertura em diversos momentos históricos retratados em 368 páginas, pela editora Converge Comunicações e VZ Editora. O material foi organizado pelo jornalista e colega Samuel Possebon. O livro ainda reúne textos inéditos do período de militância pela causa da democratização das comunicações, em especial da fase como assessor da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) e também do período em que Zanatta era docente da Universidade Federal do Espírito Santo.
A idéia, de acordo com Possebon, surgiu logo após o falecimento do jornalista. A pesquisa e organização duraram cerca de três meses, e a família de Zanatta teve papel central no levantamento dos textos inéditos. Entre os pontos de destaque, o jornalista sintetiza uma idéia de Zanatta: ele mostra como o interesse público sempre tem que estar por trás das iniciativas de regulamentação do setor de comunicações, e também por trás da atividade jornalista.
‘Desejo que esse livro seja um tributo a ele e um roteiro para jornalistas e homens públicos envolvidos com a causa das comunicações’, pondera Samuel.
Múltiplas faces
Mineiro de Poços de Caldas, Carlos Eduardo Zanatta foi professor de jornalismo da Universidade Federal do Espírito Santo, na década de 1980, e militante social durante toda sua vida, com forte ligação com o Partido dos Trabalhadores. Na condição de assessor da liderança do PT na Câmara, teve atuação destacada no processo da formulação da Lei do Cabo, 8977/1995, e também da organização do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
Considerado como um ícone do jornalismo especializado em políticas públicas na área das comunicações, o pluralismo nas atuações de Zanatta é lembrado pelo também jornalista, professor e amigo Murilo César Ramos, que escreve a orelha do livro. ‘Carlos Eduardo Zanatta foi um homem de múltiplos interesses: cientista social, professor universitário, servidor público, jornalista. Em todas essas atividades foi profissional exemplar. Como tantos outros que costumamos encontrar vida afora. O que o distinguia da maioria dos profissionais exemplares era uma característica infelizmente escassa – um profundo sentimento de humanidade’, destaca o professor. Para ele, o livro tanto pode ser visto como obra de reportagens como ser referência para estudiosos em comunicação. ‘Não é uma coletânea que faz justiça à quantidade de matérias produzidas pelo jornalista, mas é o mais fiel que se pode chegar de seu pensamento’, pondera Ramos.
‘Foi o maior mestre que tive na compreensão da complexidade do mercado de comunicações, sobretudo do ponto de vista político e normativo. A convivência com ele foi também uma lição constante de ética. Um homem que via a comunicação como um bem essencial à qualidade humana e a democratização como uma constante a ser buscada, sempre com respeito a opiniões diferentes, disposição para compreender a complexidade do mercado e da política’, finaliza Possebon.
Os interessados em adquirir o livro devem entrar em contato com a Converge comunicações pelo e-mail gislaine@convergecom.com.br
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