Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo

JK NA GLOBO
Gabriel Manzano Filho

Um país com saudade de Nonô

‘Bons tempos aqueles, de 1956, quando Tom Jobim e Vinicius de Moraes começaram a fazer música juntos – por exemplo, Se Todos Fossem Iguais a Você – e Dondinho, o pai de Pelé, procurava clube para seu filho de 15 anos. Guimarães Rosa dava de presente ao País sua obra-prima, Grande Sertão: Veredas, mas o que o povo lia, mesmo, era O Cruzeiro, onde despontavam os anúncios da brilhantina Glostora para os rapazes e dos maiôs Catalina para as moças.

Foi nesse Brasil de 60 milhões de habitantes, pronto para mergulhar nos anos dourados, que o mineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira recebeu, aos 54 anos, a faixa presidencial das mãos do presidente Nereu Ramos, há 50 anos. Era uma tarde quentíssima de terça-feira, aquele 31 de janeiro, mas a rua diante do Palácio Tiradentes, no centro do Rio de Janeiro, estava lotada, principalmente por militantes getulistas que foram dar uma força ao novo vice, João Goulart.

A cena foi rápida. Entre 2 e 15 e 3 da tarde Juscelino fez juramento, fez discurso, recebeu abraços e pouco depois estava no Palácio do Catete, assumindo o poder e dando posse aos ministros. Arrancou-os todos da cama na manhã do dia seguinte para a primeira reunião ministerial, às 7 horas, em que expôs os 30 pontos de seu Plano de Metas, distribuiu tarefas e foi de helicóptero buscar no Hotel Copacabana o vice-presidente americano Richard Nixon, o mais ilustre convidado de sua posse, para uma visita à usina de Volta Redonda. No caminho Juscelino conseguiu dele um empréstimo de US$ 35 milhões para a siderurgia.

OLHAR EM FRENTE

Não era entusiasmo de iniciante, era um estilo. JK passou seus 1.825 dias no poder trabalhando, viajando, rindo, gastando, inaugurando, namorando e espalhando otimismo por todos os lados. Com ele, o País mudou de assunto – para melhor – e adquiriu o hábito de olhar para a frente. A batalha barulhenta entre getulistas e antigetulistas, a golpes de ‘mar de lama!’ e de ‘entreguistas!’, sumia aos poucos, no horizonte. Mas enquanto o povo se habituava a chamá-lo de presidente bossa-nova, pé de valsa, peixe vivo, ou simplesmente Nonô, cresciam também as críticas, pela pressa desorganizada com que buscava o crescimento, pela gigantesca dívida que deixou para os sucessores, pelo descuido com a corrupção.

Cinco décadas depois, muitos ainda perguntam se sua obra valeu o altíssimo déficit que ele deixou, mas todos admitem que JK foi uma figura rara, um marco na nossa história. Que o digam os 25 milhões de telespectadores da minissérie JK, da TV Globo que, toda noite, recordam os sonhos, os passos e as paixões do presidente, vivido primeiro por Wagner Moura e, desde a quinta-feira, por José Wilker. Poucos, além dele, juntariam tanta gente tanto tempo depois.

‘Não é correto avaliar o governo JK sem considerar o contexto’, diz o historiador e ex-ministro Ronaldo Costa Couto – cujo livro, Brasília Kubitschek de Oliveira, serviu de referência para a minissérie. Ele lembra que a economia brasileira não era, então, muito maior que a da Bolívia hoje. ‘Como acordar o gigante e colocá-lo para correr? Com política econômica ortodoxa e passinhos curtos? Ou tentando um atrevido choque de desenvolvimento para romper a inércia histórica?’. Juscelino, para Costa Couto, fez exatamente o que devia. ‘Mesmo a caneladas, planejando o possível e improvisando o que fosse necessário, JK e equipe sonharam e ousaram.’

A maioria dos que se lembram concorda. Ajudado pelo destino, que presenteou os brasileiros com Pelé e Garrincha, Eder Jofre e Maria Esther Bueno, além de João Gilberto e grande elenco na bossa nova, Juscelino ‘deu um choque de otimismo na velha tradição de descrença nas potencialidades do País’, como lembra outro estudioso da vida republicana, o historiador José Murilo de Carvalho. Ter orgulho do Brasil e das coisas brasileiras ‘deixou de ser atestado de ingenuidade ou burrice’. Esse sentido de nacionalidade, diz ele, ‘é um ingrediente importante na construção de uma sociedade moderna.’

Outro, logicamente, é o desenvolvimento – e o que JK conseguiu, no caso, foi de se tirar o chapéu. Ele abriu 13 mil quilômetros de estradas, outros 3 mil de ferrovias, inaugurou imensas hidrelétricas (como Furnas e Três Marias), criou as indústrias automobilística e naval. Fez Brasília em 42 meses. O crescimento médio do PIB, em seus cinco anos, foi de 8,2% e o da indústria aumentou em quase 50%. O déficit público, no entanto, saltou de 1% (do PIB) para 4% e a inflação estava em 30% quando ele saiu.

Num sentido estritamente político, lembra José Murilo de Carvalho, ‘o País lhe deve a combinação de liberdade e desenvolvimento’. Depois dele, tivemos desenvolvimento sem liberdade (no regime militar) e liberdade sem desenvolvimento (nos anos pós-democratização). ‘A combinação das duas coisas , desencadeada pelo arrojo e cordialidade de JK, é o que confere à época os traços de uma idade de ouro. Por isso presidentes como Fernando Henrique e Lula reivindicam a herança de JK. Inutilmente.’’

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‘Ele deixou um legado de ingovernabilidade’

‘Na contramão de toda a festa que se faz para Juscelino, o economista Eduardo Giannetti prefere avaliar o custo – não só financeiro, mas político – que o País pagou por aqueles cinco anos de alegria. ‘JK desorganizou a economia e as finanças. Gerou enormes déficits públicos, além da inflação e do uso irresponsável dos fundos de previdência’, diz ele. Professor de economia em São Paulo, PhD em Cambridge, polemista de respeito que brindou os leitores com livros como Auto-engano e, recentemente, O Valor do Amanhã, Giannetti não tem meio termo. Sustenta que Juscelino desorganizou a sociedade ao enveredar o País, num clima inflacionário, para um conflito distributivo – a contínua luta por aumentos salariais. Deixou ao sucessor, Jânio Quadros, ‘um legado de ingovernabilidade’.

Claro que Jânio era, em si, um poço de problemas, com seu temperamento explosivo. Mas combinando a má herança de um com o desequilíbrio do outro, Giannetti conclui que o Brasil ficou a meio caminho do golpe militar. ‘Eu ouso dizer que 1964 é um fruto tardio da aventura juscelinista. Ele plantou a semente de uma desestruturação que culminou com o golpe.’

A acusação não é nova e seu autor está em boa companhia. O economista Eugênio Gudin, uma lenda do liberalismo dos anos 50 e 60, já bradava tudo isso, ao vivo e em cores, nas barbas do presidente, em furiosos artigos no jornal O Globo. O coro contra JK incluía Gustavo Corção, Prado Kelly, Carlos Lacerda e até Roberto Campos, que estava no governo.

‘Foi um desenvolvimento de bases muito frágeis’, reclama Giannetti. ‘Primeiro, pelo mecanismo de financiamento dos investimentos, um mecanismo inflacionário. Segundo, pela natureza dos investimentos.’ A cobrança começa pelo princípio: não há outro caminho para uma sociedade acelerar o crescimento além da acumulação prévia de capital. É inescapável poupar recursos no presente, para ter conforto no futuro. ‘Mas Juscelino teve a pretensão de encontrar uma espécie de alquimia em que o Brasil conseguiria acelerar o crescimento sem fazer o esforço compatível de acumulação de recursos’, adverte. Uma mágica esperta ‘que no início é encantadora’ e que depois, como uma embriaguez, gera uma ressaca insuportável.

Para ele, um estadista genuíno, ‘que não fosse adepto da esperteza’, explicaria ao País que era preciso acelerar o crescimento. O caminho? Poupar ou tributar. JK preferiu a chamada teoria da inflação produtiva – ‘a idéia de que a esperteza inflacionária era um caminho indolor para o crescimento’. Na época, ela encantou a esquerda e os desenvolvimentistas.

E ele fez outra coisa grave, diz o economista: obrigou os fundos de pensão, que na época estavam bem estruturados, a investir em obras públicas. Os especialistas dizem que nunca mais o sistema previdenciário brasileiro se recuperou dessa extravagância. ‘Como obras públicas não geram renda para pagar os benefícios, esse sistema entrou no vermelho e desmoronou.’

Nem Brasília escapa do crivo de Giannetti. Ela é ‘um vexame do ponto de vista cívico’, pois foi criada ‘para o engrandecimento dos governantes, e isso não é prioridade num país de miseráveis’. JK parecia acreditar, também, ‘num fetiche segundo o qual um país se torna moderno à medida que se urbaniza e se industrializa – como se o capital físico, edificações e automóveis, redundasse automaticamente na modernidade’. E seu governo deixou de lado o capital humano. ‘O que é surpreendente, visto que foi pelo capital humano que ele próprio, pessoa de origem humilde, chegou onde chegou.’’

Denise Chrispim Marin

O fascínio pelo amigo vira tese nas mãos de Lafer

‘Estudioso do governo Juscelino, o professor Celso Lafer conviveu com JK no final dos anos 60 e manteve com ele longas conversas até seus últimos dias. Recentemente Lafer colaborou para a reconstrução da etapa final da vida do estadista feita por Alcides Nogueira, co-autor da minissérie JK, da Rede Globo. O professor – que foi ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique – passou a acompanhar a minissérie religiosamente.

‘Juscelino era fascinante, encantava todo mundo’, diz Lafer, que o conheceu quando fazia doutorado na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Entrevistou inúmeras vezes o presidente em Nova York, onde JK vivia exilado durante o regime militar. Os depoimentos contribuíram para a conclusão da tese ‘JK e o Programa de Metas (1956-1961) – Processo de Planejamento e Sistema Político no Brasil’, um dos mais completos estudos sobre o período.

Impublicável durante os governos dos generais, a tese permaneceu inédita até 2002, quando foi editada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Os contatos entre os dois prosseguiram depois que JK retornou ao Brasil, até sua morte em 1976. Dessa época, Lafer guarda a imagem de fascínio e encantamento que o presidente proporcionava a seus interlocutores e ainda uma relíquia: a carta que Juscelino lhe enviou em fevereiro de 1972, do Rio de Janeiro.

‘Preciso vê-lo pessoalmente. Quando vier ao Rio, não deixe de me avisar. Ainda não tive o prazer de tê-lo em torno da minha mesa, com sua senhora, debatendo afetuosamente os temas que você hoje conhece melhor do que eu’, assinalou JK, depois de elogiar o trabalho de Lafer e antes de enviar-lhe um ‘grande e cordial abraço’.

Em 2002, o ex-chanceler participou da comissão que organizou as celebrações dos 100 anos de nascimento de Juscelino. Na ocasião, ouviu de Maria Estela, filha de JK, que seria o melhor orientador para os trabalhos por causa da afinidade entre os dois.’

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Nas livrarias, as lembranças do presidente bossa nova

‘JK – O Artista do Impossível, Cláudio Bojunga, ed. Objetiva, 800 páginas, R$ 74. Lançado em 2001. É a mais completa e aprofundada obra sobre a vida de JK, por um entusiasmado admirador de suas realizações. Com fartas investigações e depoimentos, o jornalista Bojunga procura mostrar a importância de suas realizações e defendê-lo das acusações de que teria sido responsável pelo ciclo inflacionário que veio depois. Traz ainda um rico painel sobre a intensa vida cultural do País durante o governo.

Brasília Kubitschek de Oliveira, Ronaldo Costa Couto, ed. Record, 399 páginas, R$ 41. O historiador, economista e ex-ministro constrói um livro elogioso mas equilibrado, onde conta os sonhos de Juscelino, mergulha nos desafios da construção de Brasília e discute as críticas que lhe foram feitas. Foi o livro usado pela TV Globo como referência da minissérie JK.

Juscelino Kubitschek – O Presidente Bossa-Nova, coordenação de Marleine Cohen, ed. Globo, 312 páginas, R$ 42. Biografia fartamente ilustrada, que mostra passo a passo o menino pobre, o político em ascensão, a chegada ao poder, o governante prático e sua batalha para criar Brasília.

JK – Como Nasce uma Estrela, Carlos Heitor Cony, ed. Record, 158 páginas. Em texto enxuto, direto, Cony seleciona os grandes momentos da vida do presidente e os descreve com leveza, desde sua infância até o acidente que o matou em 1976. O autor viveu muito perto de JK nos seus últimos anos e editou a parte final de suas memórias.

JK – O Reencontro com Brasília, Vera Brant, ed. Record, 94 páginas. Intimista, quase uma memória entre amigos, o texto se detém mais na vida privada de JK, nas conversas com amigos, no contato com uma Brasília que não era mais dele.

O Jovem JK, Roniwalter Jatobá, ed. Nova Alexandria, 160 páginas, R$ 26. Uma biografia breve, voltada mais para o indivíduo, o menino Nonô, filho de Dona Júlia.’

INTERNET
Paulo Sotero

Google sob pressão do governo Bush

‘A recusa da Google Inc. de entregar ao governo dos EUA uma amostra de uma semana de pesquisas em seu buscador, sem identificação do usuário, e de 1 milhão de endereços de sites arquivados em várias bases de dado em suas dezenas de milhares de computadores em Mountain View, Califórnia, abriu uma nova frente no que os críticos consideram uma ofensiva da administração Bush para cercear as liberdades públicas. Na semana passada, o Ministério da Justiça iniciou uma ação judicial num tribunal federal para forçar a Google a entregar as informações.

As autoridades alegam que os dados que pediram à Google, em agosto do ano passado, são cruciais para seus esforços para restaurar uma lei de 1998 sobre proteção de crianças contra pornografia e exploração sexual na internet. A lei foi barrada pela Suprema Corte como excessiva e incompatível com a Primeira Emenda da Constituição americana, a que garante a liberdade de expressão.

As informações, diz o governo, são necessárias para estabelecer um conjunto de fatos capaz de demonstrar que a lei federal de 1998 seria mais eficaz do que o uso de filtros cibernéticos para dificultar o acesso de crianças a sites pornográficos. De acordo com a Nielsen-Net Ratings, mais de 38 milhões de pessoas, ou um quarto dos usuários ativos da internet nos EUA, visitaram sites pronográficos no mês passado. Segundo a Adult Video News, uma publicação especializada, os americanos gastaram US$ 2,5 bilhões no chamado ‘entretenimento online para adultos’, no ano passado.

Noticiado pelo jornal San Jose Mercury News, depois que o governo recorreu à Justiça para fazer valer sua intimação à Google, o caso amplificou as suspeitas de intromissão indevida do Estado na vida dos cidadãos suscitadas pela revelação, no mês passado, de um programa secreto de escuta telefônica e monitoramento de e-mails pela Agência Nacional de Informação. O presidente George W. Bush criou o programa depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 e o usou dezenas de vezes desde então. Com o Congresso prestes a iniciar audiência públicas sobre o grampo extrajudicial, Bush iniciou na semana passada uma ofensiva para convencer os americanos de que, como comandante supremo das Forças Armadas de um país em guerra, tem autoridade constitucional para permitir escutas sem permissão judicial dentro do território americano, quando as comunicações envolvam suspeitos de ligações com terroristas. Segundo as pesquisas, a opinião pública está rachada.

‘Esse é o último exemplo no qual o governo parece pensar que tem o direito de ter todo tipo de informação sem justificativa adequada’, afirmou Aden J. Fine, advogado da União Americana das Liberdades Civis (ACLU) , referindo-se à disputa entre o governo e a Google. A ACLU opôs-se à lei anti-pornografia de 1998. Especialistas em leis sobre direitos à privacidade disseram que embora não se oponham a intimações do governo em casos em que há suspeita de crime, a demanda apresentada à Google é excessivamente vaga e não faz sentido. ‘Uma vez cruzada essa fronteira, não há retorno. Se uma companhia como a Google responder a esse tipo de intimação, na próxima vez o governo pedirá tudo o que pediu agora e um pouco mais’, disse Marc Rotenberg, do Centro de Informação sobre Privacidade Eletrônica, ao Washington Post.

Segundo Rotenberg, a posição da Google é particularmente importante nessa disputa porque, em contraste com as demais companhias que operam buscadores na internet, a empresa, além de ser a força dominante, é a única que retém em sua base de dados informações que permitem identificar o autor das buscas.

Três outros provedores que oferecem serviços de busca de dados em seus sites – a America on Line, a Microsoft e a Yahoo – entregaram as informações solicitadas pelo Ministério da Justiça.

Ironicamente, a Google concorda com o governo. Nicole Wong, a assessora jurídica da Google, afirmou na semana passada que continuará resistindo à intimação do governo, não porque veja nela uma violação da privacidade de seus usuários, mas porque a divulgação das informações revelaria segredos operacionais desenvolvidos por seus engenheiros.

A aceitação pela Google, na semana passada, da autocensura imposta pelo governo de Pequim para autorizar que ela opere na China confirmou que a preocupação principal da empresa é com seus negócios e aumentou a preocupação entre os especialistas em direito à privacidade sobre o desfecho do caso nos EUA.’

TV DIGITAL
Renato Cruz

Estrangeiros reforçam apostas na televisão digital brasileira

‘Trata-se de um mercado para lá de promissor, que pode movimentar US$ 100 bilhões em 10 anos. Com o governo próximo de tomar uma decisão, os interesses internacionais se voltam a Brasília e a administração federal se vê obrigada a administrar interesses e visões conflitantes, entre emissoras, fabricantes e entre os próprios ministros, ao tratar de uma questão politicamente delicada – a televisão – num ano eleitoral.

Terça-feira, chega a Brasília uma missão liderada pela comissária para a Sociedade da Informação e Mídia da Comunidade Européia, Viviane Reding, que inclui dirigentes de grandes indústrias do Continente, para defender a adoção de sua tecnologia para a TV digital brasileira. A visita dura dois dias. Na semana passada, passaram por lá os representantes do Fórum ATSC, sistema americano. Os japoneses também estão para desembarcar no País, apesar de o Ministério das Comunicações afirmar que ainda não há nenhuma reunião marcada.

O Brasil estuda três opções tecnológicas: o sistema japonês ISDB, o europeu DVB e o americano ATSC. Além disso, existe todo o trabalho feito por consórcios locais de pesquisa para o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD). Na negociação internacional, o trabalho dos pesquisadores brasileiros será jogado fora? O governo (ou pelo menos parte dele) diz que não: os estrangeiros que aceitarem incorporar a maior parte da pesquisa local a seu padrão, e garantir a sua continuidade, terão mais chance de levar. O Ministério das Comunicações não chegou a elencar o fator como determinante.

Uma parte importante das emissoras brasileiras defende o ISDB japonês, o único sistema preparado para fazer a transmissão de sinais de vídeo para celulares no mesmo canal que atende aos televisores. A adoção do sistema reduziria a possibilidade de as operadoras de telecomunicações competirem com as emissoras, no atual cenário de convergência tecnológica. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, não esconde sua preferência pelos japoneses. Ele é festejado entre os radiodifusores como alguém que entende de televisão. Acionista de uma rádio em Barbacena (MG), sua cidade natal, Costa foi repórter do ‘Fantástico’ e chefe da Sucursal da Rede Globo nos Estados Unidos.

Para fazer contraponto à posição de Hélio Costa e de grandes redes de televisão, fabricantes e grupos interessados na TV digital têm procurado outras lideranças dentro do governo, como a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, e o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, além de parlamentares. O deputado Walter Pinheiro (PT-BA) afirmou que o Congresso irá sugerir ao governo adiar a decisão de fevereiro para junho.

Na terça, haverá uma reunião ministerial para discutir a TV digital. Está marcada para 10 do mês que vem a entrega de um relatório elaborado pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), sob encomenda do Ministério das Comunicações, com os subsídios necessários para a escolha. Daí, a decisão passa para as mãos do presidente Lula que, se confirmado candidato, teria de ter muita coragem para contrariar as grandes redes de TV.’

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Tecnologias estão cada vez mais parecidas

‘Para o consumidor, a TV digital representa imagem melhor que do DVD. Som 5.1, com 6 canais, para ser ouvido com home theater. Vários programas sendo transmitidos, simultaneamente, no mesmo canal. Interatividade como da internet, o que significa compras, serviços de governo, bancos, notícias e outras informações por escrito, educação e uma infinidade de aplicações na tela da TV. E qual o impacto da escolha da tecnologia nesse cenário? Fora do Ministério das Comunicações, a visão do governo é que quase nenhuma. Os sistemas estrangeiros convergem e há cada vez menos diferença técnica entre eles. A decisão levaria em conta, dessa forma, questões como atração de investimentos na planta industrial, transferência de tecnologia, oportunidade de exportação de equipamentos e sistemas, financiamento subsidiado para os radiodifusores e a indústria e disponibilidade de equipamentos de baixo custo para o consumidor brasileiro.’

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Emissoras se desentendem sobre sistema japonês

‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse semana passada que todas as emissoras, e não só a Globo, querem o sistema japonês ISDB, criado para transmitir vídeo para celulares no próprio canal de televisão, sem passar pela operadora de telecomunicações. Na sexta-feira, uma carta da Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra), que reúne Bandeirantes, SBT e Rede TV!, desmentiu o ministro. ‘A Abra esclarece que não tem preferência por nenhum dos sistemas de transmissão’, informou a associação, para quem o sistema japonês não seria o melhor, ao se levar em conta a necessidade de o País optar por ‘tecnologias iguais às adotadas em mercados suficientemente grandes para garantir economia de escala com contínua redução de preço’.

Acontece que, depois de divulgada a carta, o SBT discordou de seu conteúdo, afirmando que não representava a visão da Abra, que exige consenso de todos os seus integrantes. ‘O SBT não participou da reunião’, afirmou Guilherme Stoliar, diretor de Rede do SBT. ‘Dos três sistemas, somente o japonês atende às necessidades das emissoras brasileiras.’

Para Stoliar, é uma ‘bobagem’ envolver várias autoridades do governo na discussão sobre TV digital. ‘Do meu ponto de vista, os radiodifusores deveriam discutir o assunto no máximo com o ministro das Comunicações’, explicou Stoliar. ‘As operadoras de telecomunicações não têm nada a ver com isso. Os fabricantes de aparelhos de TV vão se beneficiar de qualquer jeito, porque vão ter que repor pelo menos 60 milhões de aparelhos.’

O diretor do SBT disse que as emissoras são as únicas que perdem com a transição. ‘Vamos ter que atualizar 8 mil pontos de transmissão, que são 400 emissoras geradoras e 7,6 mil retransmissoras’, destacou Stoliar. ‘E o mercado publicitário não vai pagar um tostão a mais por isso.’

Apesar de seu sistema ter sido criado para transmitir o sinal para celulares no canal, ainda não existe operação comercial desse tipo no Japão. Os europeus dizem que seu DVB já consegue fazer o mesmo. Os americanos demonstrar um sistema próprio em meados deste ano. ‘Não estamos muito atrás em mobilidade’, afirmou Robert Graves, presidente do Fórum ATSC.’

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Fabricantes se unem pelo sistema europeu

‘‘Nós temos uma grande preocupação quanto ao processo de escolha do padrão de TV digital no Brasil’, afirmou Marcos Magalhães, presidente da Philips para a América Latina. ‘Não estamos vendo caminhar na direção correta e não estamos vendo transparência no processo. É preciso que mude de rumo e que todas as forças sejam ouvidas equanimemente.’

Para promover a tecnologia européia, a Philips, a Nokia, a Siemens, a STMicroelectronics, a Rohde&Schwarz e a a Thales criaram a Coalizão DVB Brasil – Sistema Brasileiro, Padrão Mundial. Os representantes da coalizão já se reuniram com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. ‘Precisamos de mais tempo para a decisão’, afirmou Aluizio Byrro, vice-presidente da Siemens Brasil. ‘Não podemos opinar sobre o que não conhecemos’, completou, referindo-se ao relatório do CPqD que vai servir de base para a opção do governo.

Reuniões do CPqD com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) foram desmarcadas, por ordem do governo. No site do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), gerido pelo CPqD, há um comunicado: ‘Por determinação do Sr. Ministro das Comunicações, Hélio Costa, (…) fica estabelecido que toda e qualquer informação a respeito do andamento do projeto SBTVD e seus resultados deverá ser solicitada diretamente ao Minicom’.

As emissoras de televisão pretendem segurar a concorrência das operadoras de telecomunicações com o sistema japonês ISDB. ‘Se a estratégia do País é favorecer os radiodifusores, isso pode ser feito pela regulamentação’, afirmou Fernando Terni, presidente da Nokia Brasil. ‘Se isso acontecer pela tecnologia, como está sendo proposto, o setor fica engessado para o resto da vida.’

As empresas querem repetir o sucesso da estratégia usada para trazer ao Brasil o GSM, tecnologia celular européia, em 2000. Os fabricantes conseguiram convencer a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a escolher a faixa de 1,8 GHz, que só comporta o GSM, para novas licenças. O GSM respondia, em dezembro de 2005, por 51,8% dos 86,2 milhões de telefones móveis no País.’

RECORD vs. GLOBO
Leila Reis

Rede rasga cartilha

‘A alta temperatura não é privilégio só deste verão. Na TV, a disputa está mais quente do que o normal, especialmente se for considerado que, para todos os efeitos, o ano ainda não começou. Neste país, a vida só volta ao normal depois do carnaval. O pivô da subida no termômetro foi o empate da novela Prova de Amor (Record) com o Jornal Nacional na audiência. A novela escrita por Tiago Santiago, feita por elenco, técnicos e diretores egressos das fileiras da Globo, ambientada na zona sul carioca como a maioria das novelas da Globo, vinha crescendo no Ibope. Quando Prova de Amor registrou 15 pontos de média mereceu comemorações nos bastidores da emissora do bispo, mas quando fez 24 pontos, empatando com o JN, a reação foi pirotécnica. A Record bateu tambor para mostrar que, durante alguns minutos, a novela tinha passado o JN. A reação veio com a mesma ênfase: a Globo emitiu comunicado em defesa do noticiário apresentando dados consolidados que corrigiam os números prévios do Ibope, que justificou a diferença com razões técnicas.

De qualquer maneira, pela primeira vez na história da Globo, um programa faz frente ao principal informativo do País. A preocupação é esta. Jornal Nacional é um ícone. Ele mexe até em tomadas de decisões de caráter nacional. Muitos atos são planejados levando em conta o timing de produção do JN. As coisas são feitas de modo a dar tempo de aparecer na edição do dia: lançamentos, entrevistas coletivas, assinaturas de convênios, etc. Por isso, o espaço comercial no JN é o mais caro da TV. Assim é compreensível a preocupação da Globo com a sombra da novela no seu céu de brigadeiro.

Ao empatar com o JN, a trama da Record revê a fórmula desenhada por Walter Clark e Boni nos anos 60, na qual o telejornal deveria sempre ser ensanduichado por duas telenovelas. O raciocínio era que, como programas de massa, a ficção diária transferiria sua audiência para o noticiário. A idéia era que só assim grande parte do público – intolerante a informações menos fáceis, como o Homer Simpson pelo qual William Bonner tem tanto apreço – permaneceria diante do vídeo durante o JN esperando a outra novela. A lógica funcionou até agora e justifica parte da queda na audiência do JN. O desempenho ruim de Bang Bang no Ibope certamente tem dispersado uma parcela dos telespectadores que só volta ao canal quando entra Belíssima.

M as n ão é só isso. A Record colhe os louros de ter transgredido na fórmula. Ao assentar a novela no horário do JN, a rede criou alternativa para o telespectador desinteressado nas notícias. Fez o mesmo que a TV Cultura no início dos anos 90, que atingiu 10 pontos de média ao transformar o horário nobre em opção para crianças com atrações como X-Tudo, Mundo da Lua, Castelo Rá-Tim-Bum.

Prova de Amor não é um primor. Exibe uma certa precariedade estética e está claro que o acabamento (visual, diálogos, interpretação, etc.) só vai equiparar-se ao da Globo se a Record continuar a investir no gênero por mais alguns anos. Mesmo assim, meio que sem querer, acabou mostrando que a diversidade é um caminho para arrebanhar mais audiência. Ao contrário do que se pensa nos bastidores da TV, o telespectador começa a ficar entediado quando encontra a mesma coisa em todos os canais ao pegar o controle remoto.’

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O Estado de S. Paulo

Sábado, 28 janeiro de 2006

CASO PIMENTA NEVES
Laura Diniz

Pimenta Neves será julgado em 3 de maio pela morte de Sandra

‘Está marcado para o dia 3 de maio, às 8 horas, o julgamento do jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, no Tribunal do Júri da 1ª Vara de Ibiúna. Ele matou com dois tiros a ex-namorada Sandra Gomide, de 33 anos, também jornalista, em 20 de agosto de 2000. A data foi fixada ontem pelo juiz Gláucio Roberto Brites de Araújo.

Pimenta é acusado de homicídio duplamente qualificado. Segundo o criminalista Luiz Fernando Pacheco, advogado da família de Sandra, a acusação pretende provar que o crime foi cometido por motivo torpe – ‘vingança, já que ele não aceitava o rompimento do relacionamento amoroso deles’ – e com uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, ‘porque ele atirou pelas costas’.

A advogada de Pimenta, Ilana Muller, foi procurada pela reportagem, mas não foi encontrada para comentar o assunto. O jornalista responde ao processo em liberdade.’

INTERNET & LEITURA
Miguel Reale

Variações sobre o livro e a internet

‘Ouço, freqüentemente, que o futuro do livro está marcado pela sua próxima ou recente substituição pelo site da internet. Penso, ao contrário, que, por mais que se desenvolva esta, com o seu oceano de perguntas e de respostas, o livro continuará a existir na sua missão perene.

Quando falo em livro, quero me referir a um conjunto unitário e sistemático de trabalhos, quer seja de ensaios de filosofia ou de direito, de tratados de ciências, de um romance ou de uma reunião de poesias ou de crônicas. A sua essência somente reside na unidade sistemática.

É claro que a internet, com os milagres do computador, registrará os livros por inteiro, mas os substituirá por inteiro, não os anulando.

Nada há de mais profundo e de criador do que uma nova idéia a gotejar na ponta de uma caneta.

Por mais que o computador enriqueça a internet, o livro continuará sendo um ente essencial e necessário, exatamente por sua unidade sistemática, que é um valor autônomo.

Quem está lendo um livro está em uma situação singular, podendo anotá-lo, repetir uma frase ou um período no contexto de um todo inteiro.

A internet será sempre um oceano de perguntas e respostas, por mais que seja divisível em partes, cada uma delas com o conteúdo de um livro.

Dir-se-á que o livro representa um trabalho que teve êxito, realizando um fim próprio somente seu, e não como um átomo inserido numa molécula, que lhe dá substância.

Pense-se na crítica de um livro, e imediatamente se compreenderá que não se trata de uma parcela do informado na internet, mas de algo que foi pensado de per si.

O que distingue o livro é, repito, sua unidade sistemática, perdendo sentido sem essa qualidade essencial.

É claro que, se o meu propósito se resume em pensar num trecho de um livro, bastará o site da internet, mas deixará esta de nos dar a idéia de um todo que, antes de mais nada, vale por si só.

Nada mais substituirá a internet na sua façanha de responder a todas as perguntas, no infinito do conhecimento humano, como se a humanidade fosse uma só!

A meu ver, a deficiência da internet é ser uma infinidade de respostas, que pressupõe que alguém tenha tido uma idéia. Ela por si só não seleciona as perguntas dadas. Se quisermos uma resposta, ainda não objeto de pesquisa, esta será previamente exigida, dependendo de um trabalho antes pensado, incluso no contexto de um livro.

O mal da internet está, insisto, na falta de seleção do que informa, de maneira que o livro existe sempre como algo que foi trabalhado e armazenado.

Sob esse ângulo, dir-se-ia que é através do livro que a internet consegue selecionar, não podendo, pois, desprezá-lo. Ou, por outras palavras, a mesma presteza informativa a internet precisa ter com os livros que ela registra.

A diferença entre a internet e o livro, assim, consiste em que naquela não há seleção na resposta, ao passo que o outro é de per si uma seleção, com perguntas pressupostas.

Donde se conclui que, quanto mais a internet registrar, mais se terá necessidade de manter o livro como ente autônomo.

Em outros termos, pode-se concluir que os verdadeiros livros consubstanciam blocos racionais que garantem o mínimo de unidade sistemática reclamada pela significação global da internet.

Ainda não temos plena consciência do quanto representa a internet com sua ‘infinidade de informações’, mas é uma infinidade de acesso fácil, ficando preservada a autonomia do livro.

Entre internet e livro não há uma dialética de duração do livro, à medida que seja este registrado. Ao contrário, para que o conteúdo infinito da internet seja selecionável, sendo essencial a todas as esferas do conhecimento, é indispensável que lhe sejam submetidos os livros como entes a se.

Restam muitos problemas a resolver a propósito do tema ‘internet/livro’, bastando dizer que, com isso, se assegure o direito de autor, que corre o risco de desaparecer com a infinita projeção da internet. É inadmissível que o direito de autor não contenha o justo preço de uma idéia criadora, seja existente no plano das ciências ou das letras. Há quem sustente que com a internet deixa de haver direito de autor, o que me parece absurdo.

Devemos estudar essa questão do direito de autor, prevendo a necessidade de prévia autorização para inserção de um trabalho na internet, muito embora isto crie natural embaraço, dada a universalidade que lhe é própria.

Por outro lado, deve-se reconhecer que dificuldade haverá para estabelecer limites a uma criação técnica que parece destinada a abrir novos horizontes para a civilização.

Miguel Reale, jurista, filósofo, membro da Academia Brasileira de Letras, foi reitor da USP. E-mail: reale@miguelreale.com.br. Home pages: www.miguelreale.com.br e www. realeadvogados.com.br’

TV DIGITAL
Gerusa Marques

Emissoras negam definição de padrão para TV digital

‘Ao contrário do que sugeriu na semana passada o ministro das Comunicações, Hélio Costa, nem todas as emissoras de televisão do Brasil preferem o padrão japonês de TV digital. Em nota divulgada em seu site na internet, a Associação Brasileira da Radiodifusores (Abra), formada pela Bandeirantes, SBT e Rede TV!, nega a preferência pelo sistema japonês e afirma que elas ainda não fizeram sua escolha sobre o padrão de TV digital.

O vice-presidente da Associação, Frederico Nogueira, que também é diretor da Band, diz que as três empresas apenas indicaram, em documento apresentado ao governo na semana passada, o sistema de modulação BST-COFDM (usado no padrão japonês) como o mais adequado.

Esse sistema seria o único, neste momento, que possibilitaria a portabilidade e mobilidade, permitindo recepção de imagens por um televisor em movimento, como em um ônibus.

Essa indicação, segunda Nogueira, não significa necessariamente adesão ao sistema japonês. ‘A Abra não reconhece e desautoriza qualquer afirmação em contrário, ressaltando tratar-se de mera especulação, fruto da má-fé de pessoas interessadas em defender interesses próprios’, diz a nota. Na segunda-feira, o presidente do Forum ATSC, representante do padrão americano de TV digital, Robert Graves, disse que a Globo é a principal interessada na adoção do padrão japonês e as demais emissoras estão mais abertas à negociação.

A Abra diz ainda que, em documento entregue ao governo, assinado também pela Globo, Record, Rede Vida, Rede Mulher e TV Cultura, foi sugerido que o Brasil faça opção por tecnologias já utilizadas em mercados ‘suficientemente grandes’, para garantir economia de escala e contínua redução de preço dos equipamentos. ‘Por esse critério, o sistema japonês não seria o melhor.’

Os detentores dos três padrões já estão se mobilizando para negociar com o governo brasileiro eventuais contrapartidas comerciais. Na próxima semana, estará no Brasil a comissária européia para Sociedade da Informação e Mídia, Viviane Reding. Na quarta-feira, ela se encontra com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para defender o padrão europeu. Na segunda-feira passada, foi a vez dos americanos. Espera-se a visita dos japoneses, mas ainda não há confirmação de data.

Na terça feira, às 11 horas, Hélio Costa participa de audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara sobre o assunto. Os deputados querem modificar o cronograma do governo e adiar a escolha, de fevereiro para junho. No mesmo dia, às 15 horas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne-se com ministros para retomar a discussão do tema.’

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Abra é contra modelo japonês de TV digital

‘A Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra), que representa as emissoras Band, SBT e RedeTV!, em documento oficial, pronunciou-se contra os três modelos de sistema de TV digital propostos pela Sociedade Brasileira de TV Digital (SBTVD).

A princípio, a Abra teria mostrado simpatia pelo sistema japonês, mas a associação não se posicionou a respeito. Segundo as emissoras, um dos problemas do sistema japonês é que não permite a redução de preço no mercado de acordo com o aumento do número de adesões.

A TV digital deve começar a ser implantada ainda este ano no País.’

TELEVISÃO
Taíssa Stivanin

SBT grava Cristal digitalizada

‘Apesar de a transmissão da TV não ser digital – o que cria imagens duplicadas no vídeo, como se fossem ‘fantasmas’ -, a captação digital deve melhorar a qualidade do SBT no ar, prejudicada dependendo de onde o telespectador que não assina TV paga mora.

Além da produção jornalística, digitalizada, o setor de teledramaturgia da emissora também ganhou novos equipamentos. A novela que vai estrear a nova tecnologia é Cristal, em substituição a Mariana da Noite, no horário das 20h30. Os estúdios 7 e 8, onde são gravadas as novelas, já contam com três novas câmeras. Duas outras foram adquiridas para externas e outras cinco câmeras digitais estão à disposição da produção. Caso a lei de transmissão digital entre em vigor neste ano, a emissora também já preparou a torre na Avenida Sumaré para receber a antena. ‘As rotinas já estão diferentes. Iniciamos cursos técnicos e operacionais para treinar a equipe com o equipamento. Estamos testando a nova tecnologia com a maquiagem, cenografia, cores, finalização de cenários, artes, objetos de cena e iluminação’, diz o diretor Davi Grimberg.

As gravações da novela começam no próximo mês e o elenco está sendo escolhido. Os testes foram feitos em novembro. A atriz Taís Fersoza, que protagonizou Os Ricos também Choram, não renovou contrato. A novela foi um fracasso de audiência – chegou a menos de oito pontos de média no ibope. Cristal, mais uma trama da Televisa, com quem a casa tem contrato até 2008, foi uma opção conjunta de Silvio Santos e Oscar Belai, da TV mexicana. Havia uma dúvida sobre viabilizar a produção, cara para a emissora, com gravações externas em Miami e 75 personagens. ‘O SBT resolveu bancar o custo. A trama é forte e agrada ao nosso público’, diz Davi.’

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