Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

OI é homenageado por duas entidades

O Observatório da Imprensa recebeu na quinta-feira (8/12), em São Paulo, o prêmio Mídia do Ano em Comunicação Empresarial Brasil, nas categorias TV e Rádio, concedido pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje). No mesmo dia, no Rio de Janeiro, a Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil (Acie) concedeu ao editor-responsável do OI, Alberto Dines, o Prêmio Imprensa Estrangeira, outorgado anualmente pela entidade.


O prêmio Mídia do Ano em Comunicação Empresarial Brasil, da Aberje, é escolha de um júri integrado por diretores e integrantes do conselho e diretoria da entidade. “É inegável o importante papel que o Observatório da Imprensa exerce hoje na análise e vigilância das atividades da área. Um reconhecimento necessário ao site, que sempre gozou de grande credibilidade, e que se estendeu com sucesso para outras mídias”, disse Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje. Os outros vencedores nesse quesito foram O Globo, na categoria jornal; Meio & Mensagem, em mídia especializada; e Exame, na categoria revista. O Observatório foi representado na solenidade de premiação pelos jornalistas Mauro Malin e Luiz Egypto.


O Prêmio Imprensa Estrangeira, da Acie, é resultado da indicação dos profissionais de rádio, jornal e televisão associados à entidade que atuam no Brasil, bem como representantes da área diplomática, assessores de imprensa e chefes de relações públicas de organizações internacionais.


Ao receber o Prêmio Imprensa Estrangeira, Alberto Dines pronunciou a seguinte saudação:




‘Meus amigos e minhas amigas, caríssimos colegas da imprensa internacional:


O Observatório da Imprensa é contra essa onda de prêmios de jornalismo que hoje grassa entre nós. Somos contra os prêmios em dinheiro, somos contra os prêmios patrocinados por empresas apenas para promover o seu nome, e somos contra os concursos cujo júri não tenha legitimidade profissional.


Mas esta homenagem prestada pela Associação de Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil não a mim, mas ao Observatório da Imprensa, é recebida com grande alegria. Concedida quando começamos o nosso Ano Dez, tem um significado especialíssimo, algo como um presente de aniversário.


Há 35 anos, no auge da ditadura, recebi o prêmio Maria Moors Cabot da Universidade de Columbia, em Nova York. Esta homenagem que aqui recebo, em plena democracia, não foi feita em ouro com a grife do Tiffany’s como o medalhão da Columbia. Mas pesa muito mais. Tem o quilate autenticado por um grupo de profissionais que exerce a mais complicada tarefa dentro das inúmeras complicações da ação jornalística: o correspondente estrangeiro.


Vocês não cobrem fatos apenas, vocês armam pontes, traduzem o mundo. Ser homenageado por vocês é um galardão que transcende a nossa esfera local porque contém implicitamente as homenagens dos seus leitores nos quatro cantos do mundo.


Sob o ponto de vista técnico, este Prêmio da Imprensa Estrangeira tem características muito especiais. Não houve inscrição de candidatos, as indicações foram espontâneas, ninguém sabe quem competiu, não há perdedores nem júri.


Valeu o voto direto de profissionais que não estão comprometidos com interesses paroquiais, estão acima de rivalidades corporativas ou políticas e, principalmente, não têm receio de reconhecer a importância da observação e da crítica da imprensa como ferramenta essencial para legitimar-se diante da sociedade.


Estamos numa festa de fim de ano, não é de bom tom lembrar agruras e dificuldades, mas apesar disso sou obrigado a compartilhar a constatação de que no Brasil muitas empresas jornalísticas e também muitos jornalistas do andar de cima consideram-se intocáveis, acima do bem e do mal.


Adoram criticar, mas abominam qualquer crítica, qualquer reparo – mesmo quando ultrapassam os limites e desrespeitam seus compromissos públicos. Por isso castigam aqueles, como nós, que ousam lembrar os seus desvios.


E o castigo que costumam aplicar é uma combinação dos métodos de Joe McCarthy com os de Torquemada. No Brasil, os que ousam criticar a imprensa são geralmente condenados a penar nas listas negras. Simplesmente deixamos de existir. É claro que há exceções, generosas exceções, mas a praxe é o ostracismo, o banimento.


É por isso que esta homenagem da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira do Rio de Janeiro tem para nós um valor extraordinário. Ela tem o dom de lembrar que existimos. Existimos e estamos cumprindo o nosso papel como jornalistas preocupados com a função social do nosso ofício.


Os cidadãos que há dez anos participam do nosso site, que há oito anos assistem aos nossos programas na TV pública e agora nos ouvem em boletins radiofônicos diários também sabem que existimos. Quando lhes prometemos ‘Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito’, esses cidadãos descobrem que a imprensa só se torna efetivamente indispensável quando é capaz de ser integralmente verdadeira, quando é sadiamente cética e quando é completamente devotada ao interesse público.


Vocês, caríssimos colegas, tiveram a ousadia de revelar que nós existimos. E nós temos a ousadia de dizer que a imprensa brasileira está passando por um dos seus momentos mais difíceis desde a redemocratização porque está sendo atacada em duas frentes. De um lado estão aqueles incomodados com a sua vigilância e, do outro, estão aqueles que gostariam de vê-la clamando diariamente por impeachments.


As pressões da esquerda assim como as pressões que agora vêm da direita não pretendem fortalecer nossa imprensa. Ao contrário. Uns pretendem intimidá-la, outros querem torná-la insana. E nosso papel neste difícil momento é o de enfrentar com a mesma determinação e a mesma serenidade tanto as ameaças à esquerda como os delírios à direita.


Com o crédito de confiança que vocês agora nos estão oferecendo aumenta nossa capacidade de resistência. Com os apoios de parceiros como a Fundação Ford, Embraer, Odebrecht, Fiat, o provedor iG, a rádio e a TV Cultura, as rádios MEC e a TV-E temos assegurado aquele mínimo de condições para continuar.


Quero concluir com outra remissão biográfica. Em dezembro de 1968, em seguida ao AI-5, quem me tirou da prisão foi um firme editorial do New York Times. Trinta e sete anos depois daquele sombrio 13 de dezembro, quem tira o Observatório da Imprensa da marginalidade são os correspondentes internacionais sediados no Rio de Janeiro.


Essa é uma globalização que talvez só os jornalistas saibam fazer.


Obrigado a todos.’