Humberto Werneck é um colecionador. Não de borboletas, como explica na apresentação deste livro, mas de lugares-comuns e frases feitas. Há quase quatro décadas ele mantém o hábito de anotar, no cantinho de papel que estiver à mão, aquelas expressões que, de tanto uso, tornaram-se gastas. É o caso de ‘a escola da vida’, ‘abraçar uma causa’ e ‘acreditar piamente’, apenas três exemplos entre as mais de 4.500 expressões espalhadas pelos 2.000 verbetes da obra.
Tamanha obsessão tem uma razão: Werneck sempre se preocupou com a funcionalidade da linguagem. A necessidade de que cada palavra ou sentença seja usada precisamente. ‘Se escrever vale a pena, deve ser para enunciar algo que se pretende novo – e me parece um contrassenso, sobretudo no jornalismo, tentar passar o novo com linguagem velha’, escreve Werneck. O que não significa que os lugares-comuns devam, necessariamente, ser banidos. ‘O que se quer com este livro é apenas recomendar desconfiança diante de tudo aquilo que, no ato de escrever, saia pelos dedos com demasiada facilidade. Porque nada de verdadeiramente bom costuma vir nesse automatismo.’
Sobre o autor
Humberto Werneck nasceu em Belo Horizonte, em 1945, e vive em São Paulo desde 1970. Começou a trabalhar como jornalista no ‘Suplemento Literário’ do Minas Gerais. Foi correspondente em Paris do Jornal da Tarde e passou ainda pelas redações de Veja, Jornal da República, IstoÉ, Jornal do Brasil, Elle e Playboy.
É autor de O desatino da rapaziada – Jornalistas e escritores em Minas Gerais (Companhia das Letras/Instituto Moreira Salles, 1992), de Chico Buarque – Letra e música (Companhia das Letras, 1989) – que foi relançado em versão revista e ampliada em 2006 como Chico Buarque: Tantas palavras – e do volume de contos Pequenos fantasmas (Novesfora, 2005). Em 2008, publicou O santo sujo – A vida de Jayme Ovalle (CosacNaify), pelo qual recebeu o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte como a melhor biografia do ano.