‘Escrever, escrever sempre. Procurando transmitir para o papel ou qualquer que seja o meio, impresso no jornal, confiado ao computador, nas páginas da grande revista ou no modesto semanário municipal, no velho e romântico ‘diário íntimo’ ou no vibrante caderno de anotações, mas escrever sempre.’
Assim começa Crônica, o Vôo da Palavra, o livro do jornalista, escritor e cronista Walter Galvani, que transformou em crônicas as aulas da sua Oficina de Crônica, projeto que desenvolve no Rio Grande do Sul há três anos.
O texto é valorizado pela belíssima edição (diagramação e fotos de abertura de capítulos), além do intenso trabalho de pesquisa que torna a leitura fundamental tanto para quem já escreve e sonha com a possibilidade de virar cronista, como para estudantes, que recebem logo nas primeiras páginas um conselho fundamental:
‘Como aprender a escrever? Lendo, lendo e relendo. Sobretudo relendo e ‘treslendo’…Praticando com a humildade dos que sabem e a sabedoria dos que sabem que não sabem.’
Os doze capítulos – ou crônicas – do livro são um verdadeiro roteiro sobre a arte de escrever crônica: da busca do assunto à origem da crônica como estilo literário, dos conselhos práticos de um especialista em criatividade ás palavras dos grandes cronistas. Como personagens de suas aulas, Walter Galvani usa, além das palavras, o pensamento de cronistas como Rubem Braga, Ferreira Gullar e Fernando Sabino, entre outros, que dão excelentes exemplos e conselhos para quem quer começar.
Original no formato horizontal (16x26cm), na paginação, em que as notas de rodapé se transformam em uma segunda coluna de texto, e na divisão de capítulos, com lindas fotos de gaivotas, Walter Gavani conseguiu uma maneira deliciosa de ser didático: transformou suas aulas em crônicas na quais, como ele mesmo diz no final do livro…
‘O ritmo estonteante da cidade e a multiplicidade dos meios de comunicação – o temporal de informações que hoje vivemos – não devem, entretanto, comprometer o vôo das palavras e a sobrevivência do bom texto – a razão de ser de um cronista.’
O autor
Nascido em Canoas (RS) em 1934, Walter Galvani começou no jornalismo em 1954 e teve sua estréia como escritor em 1970, com a publicação de Brasil por linhas tortas – seu primeiro livro de crônicas. No mesmo gênero publicou também Informação ou Morte, Andanças e Contradanças.
Em 1994 lançou Um século de poder: os bastidores da Caldas Junior, onde conta a história da empresa jornalística gaúcha, e, em 1996, Olha a Folha, amor, traição e morte de um jornal. Depois de publicar a novela A noite do quebra-quebra, em 1993, voltou ao gênero histórico em 1999, com o livro Nau Capitânia: Pedro Álvares Cabral, como e com quem começamos, vencedor do prêmio Casa de Las Américas de 2001, e com Anacolato, o princípio do fim, de 2003.
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Jornalista