Uma pesquisa divulgada na quinta-feira (21/8) nos Estados Unidos [ver aqui, em inglês] revelou que 52% dos entrevistados apóiam uma separação completa entre instituições religiosas e a política. Esta pequena maioria em favor do laicismo é a primeira registrada desde que o Centro de Pesquisas Pew começou a estudar o assunto, em 1996.
O curioso é que a tendência se manifesta também no grupo de eleitores conservadores, geralmente mais inclinados a misturar política e religião. Pergunta: será que no Brasil o resultado seria o mesmo?
Ingrediente perigoso
No momento em que nossos partidos perdem suas identidades, prenuncia-se nas próximas eleições uma radicalização religiosa deflagrada pela mídia. O candidato a prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB) é abertamente apoiado pela mídia evangélica, sobretudo o grupo da TV Record, dono da Igreja Universal.
O grupo Globo, ainda sem candidato a prefeito no Rio, faz campanha cerrada contra o mesmo Crivella por intermédio do seu jornal, um dos mais importantes do país. Pelo menos não esconde, nem finge isenção.
Já o Estado de S.Paulo prefere táticas mais sutis: faz carga contra o prefeito Gilberto Kassab para favorecer Geraldo Alckmin que, embora não assuma, segue a linha Opus Dei igualmente preferida pelo jornal.
A liberdade de crença é uma das cláusulas pétreas da nossa Constituição, mas a combinação através da mídia da disputa política com a disputa religiosa é explosiva, antidemocrática e, como se não bastasse, antipatriótica – porque infiltra na nossa sociedade o perigoso ingrediente do ressentimento religioso.
Pelo menos na opção pelo laicismo deveríamos seguir a tendência do eleitorado americano.