Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Quem derrubará o sexto ministro?

Carlos Lupi, ministro do Trabalho, está a perigo. No mesmo fim de semana, Veja e O Globo o escolheram como alvo preferencial. Aparentemente não estavam combinados ou, se estavam, disfarçaram muito bem.

Denúncias diferenciadas e, além disso, incomunicáveis. Os competidores não se reforçaram nem se referenciaram. O Globo de domingo (6/11) não repercutiu a denúncia de Veja que começou a circular no sábado – ao contrário dos jornalões paulistanos, que reproduziram parcialmente o material do semanário sem qualquer investigação, na base do recorta & cola. Se houvesse autorregulação essa prática deveria ser banida.

Esfera marrom

Pela primeira vez será possível verificar a eficácia, digamos balística, das técnicas de investigação e denúncia de dois veículos igualmente veementes. Veja dessa vez procurou ser mais consistente, menos panfletária, sem revelações adoidadas, “cinematográficas”, impossíveis de comprovar sobre ministros recebendo dinheiro vivo em garagens subterrâneas (ver, neste OI, “Sujeira não limpa sujeira”).

Tentou contar uma história, evitou a adjetivação, buscou fatos concretos, mas não resistiu à tentação de misturar alhos com bugalhos e enfiou na denúncia contra Lupi as sobras da cruzada contra Orlando Silva. Insegura, sequer deu uma chamada na capa. Coisa de amadores, passionais.

O Globo utilizou sua tropa de elite, um grupo de experimentados repórteres investigativos, pacientes, devidamente apoiados por especialistas. No domingo abriu fogo com manchete de duas linhas fortes, informações oriundas da Polícia Federal e algumas linhas capitais fornecidas pelo principal colunista do dia, Elio Gaspari. Na segunda-feira (7/11) repetiu a dose com sólidas informações oriundas do Tribunal de Contas da União, opinião de peritos e o contraditório do ministro denunciado. Coisa de profissionais.

A competição Globo vs. Veja tira o jornalismo investigativo da esfera sensacionalista, marrom, habitada por arapongas e hackers. E estabelece novos paradigmas técnicos e legais para tornar a imprensa mais confiável. A presidente Dilma Rousseff agradece.